Com uma evidente inaptidão para gestão esportiva e administração associativa, esbanjando amadorismo, a gestão do presidente Luiz Oliveira apresentava como uma das principais, dentre as poucas virtudes, o discurso positivo em relação à comunidade. Hábil em conversas, diplomático, Oliveira soube falar o que a população e a torcida, abalada pelos maus tratos do antecessor Rivaldo, queriam ouvir.
Na prática, o discurso não encontrava respaldo em suas atitudes e as intenções manifestadas pouco resultavam em concretizações eficientes. Como exemplo, o programa Sócio-Torcedor. Depois do fracasso da iniciativa ter sido levado a público, com desrespeito aos torcedores, o mandatário prometeu que o programa seria reformulado e colocado em prática em breve, o que jamais aconteceu.
Na época, o presidente já começava a insinuar um discurso de perseguição, embora pontual, apontando que os sites do clube e do programa haviam sido alvos de hackers, o que fez serem perdidos e-mails, e a questão seria levada à Polícia. Diante de insucessos, porém, Oliveira ainda mantinha um discurso positivo e conciliador com a comunidade.
Aos poucos, com rebaixamentos consecutivos e uma série de dívidas trabalhistas e com fornecedores, dentre outros episódios de aberração amadorística, conseguiu a façanha de aproximar movimentos opositores até então contrários, com representantes das Eras Barros, Rivaldo e Victor Simões sentando na mesma mesa e falando a mesma língua. Conseguiu Luiz movimentar parte da sociedade mogimiriana antes adormecida. Sentindo-se ameaçada, a gestão de Luiz tem deixado ruir talvez o último pilar de sua estrutura: o discurso e o respeito com a comunidade.
O corte de energia foi atribuído a sabotagens, embora a Elektro tenha afirmado ter sido motivada por falta de pagamento. Recentemente, conselheiros e dirigentes têm se insurgido contra a torcida. Em resposta às críticas de torcedores, Oliveira chegou a dizer que eram pessoas enviadas ao estádio para ofender a mando de um representante do movimento SOS Mogi. Paralelamente, integrantes de conselhos e do comando do clube ameaçaram e intimidaram a imprensa e chegaram a bater contra um celular de um torcedor que filmava a ação. A ideia de conversar foi abandonada. O presidente do Mogi Mirim afirmou ter encerrado o diálogo com membros do SOS e não dar mais entrevista para dois jornais da cidade.
A Era Luiz, que aparecia como esperança para reaproximar a torcida depois de períodos problemáticos com Wilson Barros, e especialmente Rivaldo, conseguiu mostrar que era possível ser pior.
Para justificar reportagens que incomodaram Oliveira, o presidente apontou que os jornais O POPULAR e Grande Jogada sucumbiram aos interesses do movimento SOS Mogi, agindo com intenções sórdidas, táticas terroristas e semelhantes ao nazismo com intuito de denegrir a imagem do clube. Os devaneios passam a impressão que o presidente vive hoje em um castelo de fantasia, criando teorias conspiratórias como se o mundo lhe perseguisse. Falta perceber estar ele mergulhado em uma autossabotagem, movida por sua própria incompetência.
Ao disparar cartas com conteúdos absurdos e difamatórios, Luiz menospreza a inteligência de leitores, imaginando que a comunidade poderia acreditar em teorias tolas. Tal manifestação atinge o profissionalismo de veículos de comunicação que prestam serviços valorosos à comunidade. Um ato que, assim como no caso dos grupos ligados ao clube, tornou uníssono o discurso editorial dos quatro jornais impressos da cidade.
Ao dizer que a imprensa local age como a propaganda nazista da Segunda Guerra Mundial, Oliveira não ofende apenas O Popular, A Comarca e o Grande Jogada. Ofende toda a população mogimiriana que tem esses veículos como ponto de referência. Por outro lado, se torna motivo de chacota, denegrindo, ele sim, a imagem da instituição. Ao abandonar o diálogo e partir para o ataque à comunidade, Luiz começa a insinuar estar se preparando para ir à lona, talvez por ter, enfim, percebido a inaptidão do círculo familiar em que se fechou para gerir um clube das dimensões do Mogi Mirim.