quinta-feira, novembro 21, 2024
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Nelson Patelli: agruras de um mogimiriano na Europa

Quem viaja ao exterior bem sabe das dificuldades com o idioma, sistema de vida, preços, pratos exóticos… Enfim, uma série de obstáculos enfrentados no dia a dia em países com costumes bastante diferentes dos nossos. Faço um relato de fatos que aconteceram comigo, alguns curiosos, outros preocupantes, mas que podem ser evitados por viajantes mais cuidadosos que eu.

O Taxista de Istambul

Ao percorrer o extenso “Grande Bazar” da capital turca, eu e minha esposa gastamos horas em compras pelas enormes galerias e quando notamos faltavam 22 minutos para nosso navio zarpar do porto. Desesperados, pegamos o primeiro táxi que conseguimos no caótico trânsito de Istambul. Uma triste constatação: o taxista turco só falava seu idioma, nada de espanhol, italiano, inglês e muito menos português! Como eu não entendia nada de língua turca, só restou um recurso – a mímica. Com gestos eu imitava as ondas do mar, a forma de um barco velejando. Mas nada do turco entender! Quando eu imitei um som de vapor marítimo, “ú, ú, ú, ú, ú”, o taxista caiu em si e sinalizou ter entendido! Chegamos no navio faltando um minuto para ele zarpar! Foi um corre-corre.

 

Pergunta em Italiano e Resposta em Inglês

Na Itália usei meu italiano básico para comunicação. Mas para a minha surpresas as respostas sempre vinham em inglês,  idioma que domino pouco. Um exemplo: “Scusi, per favore, dov’é c’é um telefono?” E a resposta invariavelmente vinha em inglês! E eu sempre tinha que alertar: No americano, parlo portuguese, italiano, siamo brasiliani! Quase sempre eles se desculpavam, dizendo que pelo nosso sotaque e aparência física (eu, com 1,85 de altura e minha esposa loura e magra) pensavam que fôssemos ingleses ou americanos. Teve até um italiano que achou que eu era parecido com aquele detetive americano do filme “Corra que a polícia vem aí”!

 

Em pé ou sentado?

Ao adentrar lanchonetes nas grandes cidades italianas como Roma e Milão, pedindo lanches e bebidas, o camerieri (garçom) perguntava se íamos comer em pé ou sentados. Quando eu indagava a razão da pergunta vinha a curiosa resposta afirmando que, sentados, pagaríamos o dobro! Depois desse acontecimento, eu e Dulce fazíamos como a maioria dos turistas estrangeiros: estendíamos uma toalha no gramado mais próximo ou jardim e ali fazíamos a refeição como um autêntico pequinique. Ou então nos acomodávamos nas escadarias das igrejas e consumíamos nosso lanche acompanhado de um bom Lambrusco. Cada povo com seu costume!

Jantar de despedida

Singrando as águas frias do Mediterrâneo, na última noite a bordo do transatlântico Costa Concórdia aconteceu o jantar de despedida com grandes festividades e um cardápio de luxo: Crema fredda di patate (creme frio de batatas), Tagliata de manzo com salsa al gongonzola ( carne bovina fatiada, com molho de gongonzola), reale di vitello arrostito allá toscana (vitelo assado à toscana), bocconcini de crepes farciti com formaggio (picadinhos de crepes recheados com queijo), risotto mantecato com granchio e aragosta (risotto amanteigado com carangueijo e lagosta), insalata (salada), Pesci affumicati (peixe defumado)… Tudo isso eu já conhecia da culinária italiana, mas havia um prato desconhecido para mim – Faraona arrosto!

Pensei, seria um prato egípicio? Perguntei ao camerieri, que era natural da Índia. Sua resposta: -É pintada assada. Como pintado na brasa é um de meus pratos favoritos, não titubeiei e mandei trazer. Quando chegou o prato, grande decepção! Era galinha de Angola, a nossa popular “tô fraco, tô fraco, tô fraco”! Carne magra,  seca e escura, com aparência nada convidativa. Para tristeza do garçom indiano, nem provei. Aos amigos leitores, alerto, nunca peçam na Europa e nos restaurantes, “Faraona”!

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