Ao buscar um investidor para assumir o Mogi Mirim, o presidente Rivaldo Ferreira utiliza um método amador e desrespeita a instituição e os torcedores ao tratar o clube como se fosse um simples negócio.
Rivaldo publicou um texto em três idiomas em seu Instagram e no site oficial do Mogi Mirim em que manifesta o desejo de sair e promete continuar até haver uma transição saudável. Como se fizesse o anúncio de um negócio em uma seção de Classificados, Rivaldo salienta a boa situação do Mogi no cenário nacional e deixa um e-mail aos interessados.
Com a experiência em grandes clubes brasileiros e internacionais, Rivaldo deveria ter desenvolvido uma capacidade maior de entender o mercado. Ao se manifestar da maneira adotada, fez o time virar motivo de chacota, dando a impressão de estar desesperado para se livrar da agremiação.
Rivaldo trata o Mogi como se fosse um dono, passando a impressão de que está vendendo o clube. Na verdade, Rivaldo é tratado como “dono” por ter o controle político, já que os associados são ligados a ele, além do Mogi ser hoje dependente financeiramente de seu dirigente.
Porém, o Mogi legalmente não é de Rivaldo, que é o presidente com mandato até dezembro de 2015, mesmo que as eleições tenham sido mero procedimento burocrático. Por outro lado, Rivaldo tem a responsabilidade de deixar o Mogi com boa saúde financeira e não com dívidas com ele próprio. Parte das dívidas foi quitada com a transferência dos CTs para seu nome, o que feriu um compromisso assumido na passagem da gestão da família Barros, em que houve o comprometimento de se preservar o patrimônio e arcar com as despesas. Em argumento difícil de se acreditar, Rivaldo alega que não tinha conhecimento do termo, que foi assinado por seu representante na época, Wilson Bonetti.
O fato é que Rivaldo não teria assumido o Mogi se o termo não tivesse sido assinado. Ao menos moralmente, Rivaldo deveria devolver os CTs e abrir mão das dívidas. Na prática, o que o dirigente fez foi trocar o gasto da participação em campeonatos por parte do patrimônio. Caso o Mogi não tivesse condições financeiras de disputar as competições, sem capacidade de Rivaldo em atrair parceiros para terceirizar o futebol, seria mais saudável ficar de fora desses campeonatos e não se endividar e perder o patrimônio.
Se quer mesmo deixar o clube, Rivaldo poderia fazer uma campanha de atração de associados, reaproximando time e cidade, não apenas buscando um substituto independente. Os novos associados poderiam tentar ajudá-lo a conseguir um parceiro e dissociar o futebol da associação para evitar que futuras dívidas coloquem os bens do clube em risco. Somente transferir o Mogi a um novo investidor, que pague as dívidas a Rivaldo e depois faça novos empréstimos, seria adiar o problema, de forma nada saudável, apenas mudando-se o “dono”.