Ex-volante de Vasco e Grêmio, o mogimiriano Amaral recorda o início da carreira no Paulista, de Jundiaí, o gol de fora da área contra o ex-goleiro Marcos, do Palmeiras, e o duelo diante do arqueiro em uma disputa de pênaltis.
Boteco – Como foi marcar um gol no Marcos?
Amaral – Então, esse foi o meu primeiro gol na verdade, em 2003, no Brasileiro da Série B. O Zetti chegou no Paulista e queria que o time chutasse mais de fora da área. E eu por ser novo lá ainda, eu ajudava o Armando Bracali a treinar os goleiros. Final de treino ele botava a bola de longe, eu ficava chutando mais de 50 bolas fortes, acertando no gol.
Boteco– Você mesmo que pediu pra ajudar?
Amaral – Eu mesmo. Eu pedi porque eu já conhecia os goleiros da base, o Vitor, que hoje joga no Atlético-MG, Rafael Bracali, que está em Portugal, passou pelo Porto.
Boteco– Treinou muito o Vitor, então?
Amaral – Treinei muito o Vitor, hoje ele é bom tem que agradecer a mim (risos). Aí o Armando Bracali falou (pro Zetti): “você quer um cara que chuta de qualquer lado, de qualquer canto?”. “É”. “Então é o Amaral”. Aí meu primeiro jogo com o Zetti foi contra o Joinville, fui um pouco nervoso. Eu chutei cinco bolas de fora da área, só chute forte, bola que batia no travessão, goleiro espalmava. Aí o Zetti: “é esse mesmo, vai continuar”. No primeiro gol, contra o Palmeiras, os jogos eram transmitidos pela Record. Aí fui o melhor em campo, ganhei um celular, a Record enviou no meu endereço. Saí em todos os jornais, saí na seleção da rodada.
Boteco – E o fato de ter sido no Marcos foi especial?
Amaral – Foi, ele tinha sido campeão do mundo em 2002.
Boteco – O que você lembra de curioso no vice-campeonato do Paulistão de 2004?
Amaral – Esse Paulista pra mim foi meio complicado. No segundo jogo eu acabei torcendo o joelho, fiquei o campeonato inteiro parado. Aí nas quartas de final contra a Ponte Preta, eu não podia ficar fora. Voltei com dor no joelho. Aí vamos pegar quem na semifinal? Palmeiras. Primeiro jogo no Parque Antártica, ganhamos de 2 a 1. E botaram o jogo (de volta) em Araras. Aí o Palmeiras ganhou, Vagner Love fez um golaço. Pra onde vai? Disputa de pênaltis. Ah, pai do céu. Aí o Zetti perguntou. Quem vai bater? Eu fui o primeiro a levantar a mão. “Agora é minha chance, não tem jeito, minha família está aí”. E eu sentia dor no joelho para caramba. Lembro até hoje, minha família na arquibancada. Eu não posso errar, né? E era o Marcos goleiro. Eu coloquei a bola, o Marcos veio, 2 metros de altura perto de mim. Bateu a luva, abriu a asa: “vou pegar”. Nossa. O que eu faço agora? No canto não consigo bater, porque se virasse o pé doía meu joelho. Falei: seja o que Deus quiser. Fechei o olho, dei uma paulada no meio. E o goleiro dificilmente fica no meio. Ele pulou, gol. Eu tava com uns 500 quilos nas costas. Classificamos. Mas pra enfrentar o São Caetano depois não tinha condições, São Caetano era muito forte. Mas foi bom, chegamos na final. Aí em 2005, Zetti resolveu seguir o caminho dele e o Mancini chegou. E naquela época a Parmalat já havia largado o Paulista, o Paulista não tinha muito dinheiro. Aí coloca os moleques dos juniores, eu, Mossoró, Leo, Asprilla, Danilo, Davi. Mas a gente tinha um time de juniores forte, entrosado. Então encaixou. Fizemos uma Série B mediana. Aí a gente só enfrentou times da 1ª Divisão na Copa do Brasil.
Boteco – Amaral volta para recordar o título histórico da Copa do Brasil pelo Paulista, em 2005, e a vitória contra o River Plate na Libertadores de 2006.