De volta ao Boteco, o narrador e apresentador Paulo Soares, o Amigão, aborda a parceria com Antero Greco, com quem forma uma divertida dupla de sucesso no Sportcenter, da ESPN Brasil.
Boteco – Como você conheceu o Antero?
Amigão – A gente começou a se conhecer nos estádios. Eu ia como narrador e ele repórter de jornal. No final dos anos 80, eu trabalhava na TV Record, que começou a fazer umas transmissões internacionais e o Antero veio fazer. Aí ele foi pra Bandeirantes e a gente voltou a se encontrar na ESPN. Aí eu entrei em maio de 94 para fazer Campeonato Italiano junto com Antero e Carsughi. Aí eu e o Antero fazendo jogo, tinha hora que ele tinha que sair ou eu sair, porque a gente desandava de rir. Aí vinha o Trajano: “o que tá acontecendo, os caras estão fora do ar?”. Ligando lá. Os caras inventavam uma história.
Boteco – O telespectador só ficava com as imagens?
Amigão – O cara ficava vendo: bola pra cá, o cara chuta…
Boteco – E hoje, as risadas surgem naturalmente?
Amigão – Às vezes eu vejo que tem uma notícia e, ih, isso aqui não vai dar certo. Porque às vezes você já vê o noticiário, eu ajudo a escrever o jornal. O Antero, não, ele chega em cima da hora e normalmente dá uma passada só no espelho do programa. Mas o texto, ele não sabe. Então, eu já vou sabendo, a China fez 12, 13 no Butão, gols né. Então eu já vou preocupado.
Boteco – Igual quando o São Paulo cogitou contratar o Caraglio?
Amigão – O Milton Caraglio: como vou dar a notícia, gente? Tem que ter o nome. Então, eu já vou: ah, meu Deus do céu. E vejo ele do lado, não tá sabendo o que vem. Aí tento me concentrar: aí a China enfiou 12 no Butão, ele olha assim. Aí eu falei: “o Milton Car…”. Quando tem essa chance, eu falo: é agora. Porque quando na televisão você vai falar isso? Por exemplo, tem muitos tenistas russos que têm o Ku, no nome, por exemplo, a Kurnikova, é muito Ku, aí eu falo: aqui vou tentar valorizar.
Boteco – O horário permite um programa mais leve, que vocês façam algumas brincadeiras como o Rei do Camarote, Kiss?
Amigão – O Sportcenter tem a mesma dupla de apresentadores há 16 anos, porém não tem a mesma equipe de redação. Nesses 16 anos, umas 6 equipes passaram. No meio desse caminho vem para ser editor-chefe Wagner Patti, hoje editor-chefe do Bate-Bola das 13h. O Wagninho sempre foi muito criativo. Quando ele assumiu, começou a produzir algumas coisas. E trouxe 2 caras muito criativos. Aí esse trio fez o Rei do Camarote, a gente pintado de Kiss, teve uma que eu ficava pequenininho, uma montagem, na mesa e um robô do lado. Às vezes eles viajavam tanto… O cara ligava pra mim: “Amigão, falamos com o Antero, ele topou”. Nem tinham falado. Eu falo: “meu, o Antero topou? Bom, se ele topou, vou topar”. Aí eles ligam pro Antero: “o Amigão topou”. Aí o Antero liga pra mim: “eu não vou fazer”. Ou eu ligo pra ele. Então teve muitos que a gente não fez porque a gente achava que as coisas tinham que acontecer naturalmente. Por outro lado, acabou que a gente foi meio também enganado por eles e fizemos muito. Esse Kiss aí, a gente foi com o pé atrás. “Meu, vamos nos pintar. Será que vamos fazer, faz, não faz?”. Acabamos fazendo. Mas foi esse período do Wagninho, tanto que depois ele sai e o jornal volta a ter um perfil de jornal mesmo.
Boteco – E a queda do Antero, da cadeira? E você quase caiu…
Amigão – Ele chegou em cima da hora, estava para começar o jornal, aí ele chega correndo, com aquele jeito palhaço dele, sentou, aquela cadeira, qualquer coisinha, ia para trás, era horrível. Uma vez eu quase caí também, já uma cadeira diferente. Só que a gente fica sentado em cima de um tablado, tem um degrauzinho e acho que deu uma escapada na rodinha, quase fui.
Boteco – Amigão volta para abordar as crises de riso geradas por um comentário relacionado a Mogi Mirim e falar das lembranças dos tempos de narrador de rádio no estádio do Sapão.
