Tenho muitas lembranças de minha mocidade vivida em Mogi Mirim e, quando se respirava segurança, era grande o círculo de amizades e as pessoas se tratavam com muito respeito. Prazerosamente, vou relembrar alguns desses momentos que a retina da saudade conservou.
No dia 7 de setembro de 1953, há 64 anos, Mogi Mirim inaugurou o Serviço Municipal de Abastecimento de Água, com a construção de prédio, moderno serviço de captação e tratamento de água. Foi a solução de um velho problema que se arrastava há quase meio século na cidade. Com a presença do prefeito municipal José Teófilo Albejante, vereadores e autoridades. Eu também estava presente na ocasião, juntamente com grande número de mogimirianos, que viram o término de um grande problema, que ocasionou a frase: “Mogi Mirim, cidade que me seduz, de dia falta água e de noite falta luz!”.
Eu fui vizinho do Conservatório Musical de Mogi Mirim, fundado pela professora dona Todó, sua irmã Vera foi minha professora no segundo ano do Grupo Escolar Cel. Venâncio e era muito querida por todos os alunos. Magrinha, de estatura pequena, mas de enorme coração.
Amigos, eu vi a inauguração do Educandário Nossa Senhora do Carmo ocorrida em meados dos anos 50, em anexo à Igreja do Carmo e acolhendo dezenas de crianças em suas dependências.
Eu vi a construção do prédio do Ginásio do Estado e sua posterior inauguração com as primeiras aulas. Anteriormente, o Ginásio funcionava nas dependências da Escola de Comércio, à Rua Dr. Ulhôa Cintra.
Fui amigo e admirador do Professor Dante Alighieri Vitta, meu mestre de inglês em aulas noturnas na Escola de Comércio de Mogi Mirim. Curiosamente, o professor Dante detestava os norte-americanos e seu sistema capitalista, dizendo que “quem bebe Coca-Cola e lê seleções do Readers Digest tem um parafuso a menos na cabeça”. Além disso, o professor Dante se notabilizou ao dirigir seu carro pelas ruas da cidade com incríveis 10 quilômetros por hora, com o veículo quase parado e não ligando para as buzinadas que recebia de motoristas irritados!
Conheci diversos membros da família Velo, pessoas tradicionais de Mogi Mirim: Décio, amigo de adolescência; Nelson, com quem trabalhei no escritório da Fábrica Wunder Cofres e Móveis de Aço, localizada à Rua Padre Roque.Nelson era pessoa boníssima e só tinha um defeito, bebia muito; Arnaldo, que foi bancário durante muitos anos e se aposentou pelo Banespa; Vilma Velo, que em sua mocidade era considerada uma das garotas mais bonitas da cidade, com dezenas de rapazes disputando seu namoro. O músico Jaime de Paula compôs e dedicou a ela sua mais famosa música, um fox trott com o título “Pela luz do teu olhar”. Mas nunca recebeu a atenção de sua musa, a loura Vilma.
Por hoje é só, mas aguardem que tenho muitas outras coisas para contar, e que, de fato, amigos, eu vi!
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Legenda da foto: Imagem centenária, de 1916. Na fila da frente, o engenheiro e arquiteto mogimiriano Lix da Cunha, sua esposa e sua sogra. Na fila dos fundos, amigos de Lix da Cunha, destacando-se, à direita, o célebre inventor do avião, Alberto Santos Dumont. Os historiadores de Campinas consideram Lix da Cunha como “o construtor da cidade”, com os primeiros edifícios de apartamentos levantados por ele. Em sua homenagem, denominaram com seu nome uma das principais avenidas de Campinas. Ele seria o construtor do Edifício Caiapó em Mogi Mirim, mas o projeto não foi adiante, por falta de interesse financeiro, em 1951.