sábado, novembro 23, 2024
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Amoroso aborda artilharia na Itália e análise dos marcadores

No último capítulo de suas histórias no Boteco, o ex-atacante Amoroso fala da experiência na Itália e comenta sobre a estratégia para encarar os marcadores.

Boteco – Como foi disputar a artilharia com Batistuta e outros grandes jogadores e acabar artilheiro?

Amoroso – Fui artilheiro de 1998/99, pela Udinese, e até hoje, o único brasileiro da história do futebol italiano a ser o artilheiro do Calcio, nenhum outro brasileiro ainda conseguiu, então pra mim é um título, é um valor muito grande que eu dou a essa conquista porque quando você joga pela Udinese, você tem meia chance de gol por jogo, diferente de quando você joga na Juventus, Milan, Inter, que você tem seis, sete. Então, eu falo que o futebol italiano é o mais difícil do mundo, quem consegue se sair muito bem, em qualquer país ele joga tranquilamente.

Boteco – Qual seu jogo inesquecível pela Udinese?

Amoroso – O jogo que fez o Parma me contratar, que foi uma das maiores contratações da história do futebol italiano, na época, foram 40 milhões de euros e aquele jogo que eu fiz o gol aos 45 minutos do segundo tempo no Buffon, foi o gol que mudou a história da Udinese e a minha história.

Boteco – Você tinha algum ritual antes dos jogos decisivos? Quando o técnico estava falando, costumava ficar focado?

Amoroso – Eu era muito tranquilo, eu procurava já analisar o cara que ia me marcar, isso eu aprendi na Itália com um grande atacante da década de 80 no futebol italiano, o Franco Causio. E ele me ensinou uma situação que, até então, eu não entendi, que era analisar o zagueiro que ia te marcar e não o que o treinador te mandava fazer. Então, quando eu entrava em campo, eu sabia qual era o defeito do zagueiro, eu sabia que quando eu dominasse a bola pro lado esquerdo, girar pro lado esquerdo era a grande dificuldade que ele tinha. Então tinha coisas que o treinador falava pra mim que entrava por aqui e saía por aqui, que às vezes valia mais um cara que jogou e sabia o que tava falando… Não que o treinador não saiba, sabe taticamente, mas às vezes, essa situação, esse toque: “oh, esse zagueiro tem um defeito na perna esquerda, na hora de subir, ele apoia, tem dificuldade de saltar assim…”. Isso eu levava pra campo, procurava analisar essa dificuldade do zagueiro que ia me marcar, aí eu tentava fazer em cima da dificuldade dele o gol ou botá-lo em dificuldade.

Boteco – Quem foi o marcador mais difícil de você passar?

Amoroso – Tive vários. Na questão de lealdade, Paolo Maldini, foi um grande marcador, jogava sempre na bola, Fábio Canavarro, outro que marcava muito, saltava muito, depois eu tive a oportunidade de jogar com ele no Parma. Thuram, também, francês, que jogou pelo Barcelona, Parma, também, Juventus. Teve aqueles maldosos também, aqueles caras que te davam cotovelada, bola tava lá, te beliscava.

Boteco – Como você reagia nessas horas?

Amoroso – Eu procurava irritar ele mesmo, tentando fazer com que ele tomasse um cartão.

Boteco – Você falava, provocava?

Amoroso – Às vezes eu falava, mas às vezes, a hora que eu fazia um gol, eu passava perto dele, dava aquela olhada, aquela risada, ou quando ele me batia, eu ria, com isso você consegue fazer com que o zagueiro te respeite. Olha pra você e: pô, eu bato nesse cara e ele tá dando risada, pô, não dá para entender, né? Mas tinha vez também que a gente tava num momento meio conturbado, às vezes passava três, quatro jogos sem fazer gol e tinha vez que dava um tapa na bola, você ia lá e dava uma chegada, né (risos). Então, era normal.

Boteco – Valeu, Amoroso!

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