sexta-feira, novembro 22, 2024
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André Capone recorda aventuras no Irã e Iraque

Na esperança de jogar em um clube do Irã, o ex-zagueiro profissional André Capone viveu momentos de tensão no país e no Iraque. As lembranças são contadas no Boteco.

Boteco – Como foi a aventura no Irã?

André – Eu estava indo no ano retrasado e o avião começou a descer rasante. Olhei para o Capone (irmão), tinha mais quatro jogadores com a gente. Eu falei: “Capone, vai cair esse avião”. E os caras começaram a chorar e eu comecei a dar risada: “se cair pelo menos cai com a gente tentando realizar nosso sonho, que é dar continuidade na carreira”. Aí começou a descer, descer, aí faltando 100 metros para chegar no chão, ele subiu, mas ele subiu de um jeito… que força cara. O Capone ficou branco igual uma bola de neve.

Boteco – E o piloto falava algo?

André – A gente não entendia. Aí o pessoal lá do fundo parecia montanha russa. Graças a Deus não caiu. A gente desceu no Irã, perguntou o que tinha acontecido e o comissário contou que tinha batido em um iceberg, uma pedra de gelo. Eu falei: “mentira”. Não sabia que tinha isso no alto. Aí depois do susto, foi risada pra lá e pra cá.

Boteco – O Capone que estava levando vocês?

André – Ele estava com a gente. Não deixaram a gente entrar no país. Ficamos presos no Irã 15 horas. E eu tenho fobia. A gente desceu, o empresário que levou a gente deu uma carta convite pro país. Eu comecei a tremer, passar mal.

Boteco – Eles não queriam liberar por qual motivo?

André – Porque a gente falou que era professor. Não podia falar que era jogador, o empresário falou. Acho que ele queria colocar a gente ilegal. Eu tenho a sexta série e falei que era professor de inglês. Aí desconfiaram. Ficamos presos. Os soldados passavam assim e falavam: “soccer player (jogador de futebol), soccer player, Pelé”. (risos).

Boteco – Eles sabiam?

André – Sabiam, porque a bolsa estava cheia de chuteiras.

Boteco – Aí vocês acabaram entrando?

André – Não, voltamos. Botaram a gente em um avião e voltamos pra Turquia. Ficamos 40 dias esperando alguma proposta e meu irmão achou melhor a gente voltar ao Brasil.

Boteco – Mas você chegou a ir ao Iraque também?

André – Fui também. Depois de duas semanas. O empresário falou que o time do Irã estava fazendo uma pré-temporada no Iraque. Entramos, fomos no time do Iraque, eu tive uma lesão. Era o segundo melhor time do Iraque, com jogadores da seleção. Ele mentiu pra gente, falou que a gente ia fazer uma pré-temporada no Iraque e voltava pro Irã, mas não tinha nada a ver. Cheguei lá fiquei com medo, os caras de metralhadora, canhão. O quê? A cada 40 quilômetros, uma barreira de soldados americanos. Isso não é pra mim, não.

Boteco – Você acabou não ficando?

André – Fiquei duas semanas, tive uma lesão e eles queriam a gente pra ontem. Ia demorar um mês, dois meses.

Boteco – E eles não tinham fisioterapia boa?

André – Não tinha, só água e oração (risos).

Boteco – Aí ficaram 40 dias na Turquia?

André – Quase dois meses, sei falar um pouco turco. Já tinha passado por dois times. Joguei com o Ilhan, que deu a carretilha no Roberto Carlos na Copa, no Samsunspor.

Boteco – Você jogou com o Ralf também, né?

André Joguei duas vezes, no Imperatriz e XV de Jaú. Muito bom. O que é hoje no Corinthians, ele era. Ele aprendeu um pouco a sair mais com a bola, era mais marcação. Hoje tem qualidade maior de passe, mais inteligência.

Boteco – André volta para recordar histórias na Turquia e abordar o drama de ficar sem receber salários no Brasil.

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