Se a sede da Câmara Municipal no último dia 24 de fevereiro foi marcada por protestos em torno do Parque das Laranjeiras, na zona Leste, transformando o Legislativo em um barril de pólvora, a sessão dos vereadores de segunda-feira foi resumida pelo clima amistoso, mas não menos polêmico. Com falas firmes e de cobranças, os edis atacaram a precária Segurança Pública de Mogi Mirim, e clamaram por socorro.
A batizada Operação Choque de Ordem, promovida pela Prefeitura no último final de semana também não passou em branco, com direito a ataques ao prefeito Carlos Nelson Bueno (PSDB), chamado de exibicionista. O mesmo Parque das Laranjeiras foi taxado como palanque político.com direito até a um puxão de orelha.
Vereador Tiago Costa solta o verbo sobre a segurança
Indignado com a onda de violência em Mogi Mirim, o vereador Tiago Costa (PMDB) não poupou palavras. Se em sua primeira fala comentou acerca da invasão de criminosos à residência de uma moradora do Maria Beatriz, zona Sul da cidade, no último final de semana, na segunda oportunidade em que teve a palavra falava sobre outros dois problemas ocorridos na mesma zona Sul, justamente na noite de segunda-feira, horário da sessão.
O assalto a um supermercado, quando homens com o simulacro de um fuzil invadiram o local e a agressão a uma mulher em frente a uma academia por um homem, que segundo o vereador, estava armado, foram citados.
“É inaceitável na nossa condição humana que as pessoas, esses maus elementos invadam as nossas casas, apontem armas para as nossas cabeças, batam nas pessoas. Mostra como estamos expostos a esse tipo de violência. O nosso clamor precisa ser ouvido pelas autoridades”, clamou.
Ele cobrou o Estado pela ineficiência no quesito segurança, a ineficácia da lei, sobretudo pela audiência de custódia, e disse até que vem revendo seus pensamentos quando a posse de arma.
“Eu estou começando achar que é melhor o cidadão estar armado dentro da sua casa, não andar armado. O porte é uma coisa, a posse é outra. Começo a repensar alguns princípios e valores que eu não tinha. Prefiro sair metendo tiro dentro da minha casa do que minha família exposta e eles entrando e esculachando a vida da gente”, desabafou.
André diz que prefeito se preocupa em aparecer
André Mazon (PTB) não estava para brincadeira. Com o microfone, teceu críticas contra uma veterinária ligada à Prefeitura, por supostas reclamações ao trabalho promovido pela Associação Vida na castração de cães e gatos, serviço que conta com a entrega dele e da vereadora Sônia Módena (PP). Ele, inclusive, cobrou explicações por parte do prefeito Carlos Nelson Bueno. Aos gritos, não aliviou e prometeu fiscalização em cima da funcionária e do trabalho exercido pela Prefeitura na área, segundo ele falho e com irregularidades.
Contudo, André não deixou passar batida a Operação Choque de Ordem promovida pela Prefeitura no último sábado. Uma equipe do setor de Fiscalização desmontou e não permitiu o trabalho de vendedores ambulantes espalhados pela cidade, entre eles o comércio de Luiz Alberto D’Elboux Guimarães, conhecido popularmente como Jujubinha, responsável por comercializar cachorros-quentes em uma Kombi próxima à Rua João Theodoro, no Centro.
A fúria de André migrou para o prefeito. “Ele (Carlos Nelson) está preocupado em aparecer na mídia, dane-se a dignidade (do ser humano), vamos lá expor ele ao ridículo. Poderia ter poupado o Jujubinha”, atacou.
Em sua opinião, a Prefeitura deveria ter comunicado o vendedor sobre a proibição em sua própria casa, antes de ir ao trabalho, evitando o desgaste em público.
Alexandre Cintra critica politização do Laranjeiras
Pouco habituado a comparecer à tribuna, o vereador Alexandre Cintra (PSDB) obteve destaque ao longo de sua fala. Se o início foi marcado por elogios ao Carnaval, com uma análise sincera acerca da folia momesca, manteve o nível logo na sequência.
Cintra relembrou a sessão dos vereadores do último dia 24 quando, se aproveitando da presença de moradores do Parque das Laranjeiras, que cobravam melhorias ao loteamento, vários edis transformaram a oportunidade em um palanque político, tendo o bairro na zona Leste como pano de fundo.Cansado da demagogia, afirmou ter prestado atenção somente nos discursos de Gerson Rossi (PPS) e Marcos Gaúcho (PSB), em sua visão, pertinentes e coerentes.
Alexandre indagou quais dos vereadores já havia utilizado a linha 4 de ônibus da Viação Fênix, responsável pelo transporte coletivo e que liga a cidade ao bairro. Como resposta recebeu o silêncio. “Eu sei o que é a realidade do Laranjeiras. Virou um palanque, uma coisa horrorosa (a sessão do dia 24). Eu sei o que é a realidade da periferia porque eu moro na periferia”, alertou, em tom de indignação.