sexta-feira, abril 18, 2025
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Aos trancos e barrancos

Chegar a uma cidade e notar qualidade, organização e beleza são cartões postais que encantam qualquer visitante, e tornam-se motivos de orgulho para seus munícipes. São cenários simbólicos que podem representar uma sociedade, e mostrar a cultura de um povo.

Em Mogi Mirim um destes pontos, se concentra em uma área na região central. Tratam-se das praças São José e Rui Barbosa, ponto de passagem de milhares de pessoas por dia e, por que não dizer, o coração do município. Além de reunirem monumentos históricos, como o Coreto Municipal, a área apresenta suas belas árvores imperiais, os tradicionais bancos de concreto, reduto de uma boa e velha prosa diária, a antiga fonte e a deslumbrante Matriz de São José, fazendo do local um marco. Por outro lado, esse marco, torna-se protagonista de uma discussão que vem se prolongando ano a ano, sempre na época do Natal, e mostra o quão o lugar é desvalorizado no restante dos meses.

Ponto de preferência no quesito aparência, as praças recebem, sempre em dezembro, um arsenal de enfeites e decoração natalina. Nos últimos anos, isso ficou a cargo da Associação Comercial e Industrial de Mogi Mirim (Acimm) que não poupou esforços para deixar o cartão postal ainda mais belo e chamativo. O que era tradição e até um dever dentro da entidade tornou-se uma dor de cabeça, após a suspeita de superfaturamento na compra de árvores no ano passado. De lá para cá, o tema ganhou sérios contornos, com denúncia de vereadora e apuração do Ministério Público pelo suposto uso indevido de dinheiro público após doação pela Prefeitura à entidade, que após meses de investigação, ficou comprovado não ter havido a compra irregular financiada com o dinheiro público.

O episódio deixou a Acimm atônita, a ponto de comunicar ao Executivo que não decoraria mais o Centro, e que caberia a ele, enfeitar o local. Talvez, pelo temor de arranhar sua imagem novamente. Oras, uma entidade que preza pela transparência com seu associado, e por que não com a população, temer um novo problema mesmo após a comprovação de que nada de errado foi realizado soa no mínimo estranho.

Seria correto continuar a realizar o serviço, colocar uma pedra na questão e mostrar a todos que continua com sua integridade inabalada. O discurso de seu presidente, de que levaria a decoração para outros pontos da cidade, e que apenas a praça não representava seu associado, não saiu do papel. Parece que a partir do momento em que a Prefeitura assumiu o serviço, lavaram-se as mãos e as ações ficaram para trás.

O episódio mostra também o erro da Prefeitura. Ao receber os enfeites e decorar a praça apenas para o Natal, escancara que no restante do ano, a aparência da Rui Barbosa parece não ser motivo de preocupação. Qual a razão para não decorar a praça, e talvez, até o restante da cidade durante todo o ano, deixando o município ainda mais belo?

Falta uma visão ampla e um trabalho consciente, pautado mais por critérios técnicos do que por atropelos.

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