sábado, novembro 23, 2024
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Após 41 anos de clube, Wanderley Pereira é demitido do Mogi Mirim

A quarta-feira, dia 9 de dezembro de 2015, entra para a história do roupeiro Wanderley Pereira como um capítulo triste e marcante em sua vida: a interrupção de uma trajetória de mais de 40 anos no clube onde vivenciou muitas transformações e momentos especiais. Em 24 de janeiro, Wanderley, o então funcionário mais antigo do Mogi Mirim Esporte Clube, atingiria 42 anos de Sapão.

Wanderley Pereira se entristeceu com situação: "Não sou palhaço". (Foto: Diego Ortiz)
Wanderley Pereira se entristeceu com situação: “Não sou palhaço”. (Foto: Diego Ortiz)

Figura marcante no Mogi, Wanderley foi demitido pelo dirigente Luiz Henrique de Oliveira, sob a justificativa de uma reformulação. Embora tenha sido afastado pelo Conselho Deliberativo, Oliveira na prática segue atuando como presidente. “A gente fica triste, a vida da gente está ali, tive uma vida ali dentro. Mas não vou pedir explicação”, afirmou.

Wanderley disse encarar com naturalidade a demissão, mas não aceita falta de respeito de companheiros: “Sou homem, não sou palhaço e não sou criança”.

O roupeiro sentiu que a condução de sua demissão não ocorreu com o devido respeito. Percebeu um clima estranho após a chegada de um roupeiro novo e imaginou que seria demitido. “O roupeiro não entrava na rouparia, comecei a desconfiar”, explicou.

Aposentado desde 2011, agora pretende parar, mas sem deixar de torcer pelo Mogi. “É o time do meu coração. Vou torcer pro Mogi e pros amigos sinceros”, apontou.

Wanderley conta ter recebido a promessa de Oliveira de que receberá seus direitos sem precisar ir à Justiça. “Eu não quero entrar na Justiça, mas eu quero justiça”, resumiu, emocionado.

Coleção de momentos em presente especial na vida

A chegada ao Mogi Mirim foi interpretada por Wanderley como um presente, pois chegou ao clube em 24 de janeiro de 1974, um dia após seu aniversário, para ser zelador, profissão desempenhada por seu pai na Itapirense.

Quando chegou, o estádio não tinha muros e alambrados e Wanderley fazia a função de caseiro. Como havia poucos funcionários, acabava também sendo o roupeiro.

Wanderley vivenciou a chegada de Wilson Barros, que comandou o clube por quase três décadas e transformou o Mogi. Com a chegada de Barros, a quem com a convivência passou a considerar um pai, mais funcionários foram contratados e Wanderley se fixou como roupeiro. Porém, seguiu fazendo faxina e cuidava do gramado.

Em décadas de trabalho, viu o Sapo chegar à Primeira Divisão pela primeira vez, acompanhou a chegada de Rivaldo, Válber e Leto e a formação do Carrossel Caipira. Entre rebaixamentos e boas campanhas, acompanhou a mudança de gestão de Barros para Rivaldo, a fase do empresário Hélio Vasone Júnior, com a conquista do Troféu do Interior e, recentemente, a nova transformação, com o grupo de Luiz Oliveira e Victor Simões, que acabou se rompendo.

Com seu carisma, Wanderley se transformou em uma figura querida nos vestiários, parceiro de incontáveis atletas que passaram pelo Sapo e lhe revelavam confidências, que procurava guardar como um segredo, cultivando assim amizades. Com tanto tempo de Mogi, reencontrou personagens que voltaram ao clube, como o especial caso de Rivaldo, que chegou como um simples jogador e voltou como presidente. Desde quarta-feira, o Mogi se tornou uma lembrança na vida de um profissional cuja história se confunde com a do clube. “42 anos não são 42 dias”, resume o homem, uma espécie de testemunha viva do Mogi Mirim Esporte Clube.

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