A tão aguardada presença da secretária de Saúde, Rosemary Silva, a Rose, na Câmara Municipal, foi consolidada na noite da última segunda-feira. E de forma contundente. Por mais de duas horas, a secretária foi literalmente sabatinada pelos vereadores no plenário do Poder Legislativo. Sem fugir de respostas, esclareceu dúvidas, deu detalhes sobre a proximidade da abertura da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), na zona Leste, e confirmou que a Unidade de Atendimento Não Agendado (Uana), da Santa Casa de Misericórdia, será desativada logo após a inauguração da UPA. A tendência é que a unidade na zona Leste seja aberta entre julho e agosto.
Diferentemente de outras ocasiões, a participação de uma secretária municipal mobilizou o plenário, com praticamente todos os vereadores levantando questionamentos à secretária. Alguns até de forma mais efusiva, como Samuel Cavalcante (PR), autor de um pedido ao presidente da Câmara, o vereador Jorge Setoguchi (PSD), para que não houvesse tempo limite de pergunta para Rose, alterando norma do Regimento Interno, colocada em votação e aprovada sem ressalvas pelos demais edis.
Uana
Logo em seus primeiros minutos de fala, após ser questionada pela vereadora Maria Helena Scudeler de Barros (PSB), Rose confirmou a desativação da Uana, alegando ser inviável financeiramente manter os dois serviços de forma simultânea. “O ideal seria manter tanto a UPA como a Santa Casa (Uana), porém nem sempre a gente consegue, porque não temos condições financeiras”, esclareceu, ratificando todo o cuidado e a preocupação na instalação da futura unidade de saúde.
Segundo ela, a atenção básica terá atenção especial, com Unidades Básicas de Saúde (UBSs) sendo reforçadas em termos de estrutura e equipe. “Nós vamos implantar a UPA, com toda a complexidade que ela exige, com todos os equipamentos necessários e vamos fortalecer a atenção básica, implantando, gradualmente, nesses locais um pouco mais distantes, uma equipe estratégica de saúde da família. Vamos fortalecer esses lugares e ao mesmo tempo estar implantando a UPA”, disse.
PSF urbano
Esse fortalecimento passa pela chegada do Programa de Saúde da Família (PSF), hoje existente na zona rural, à zona urbana. Rose afirmou que a intenção da Prefeitura é inaugurar duas unidades do PSF urbano até o final do ano, com forte tendência na instalação no Jardim Maria Beatriz e no Jardim Planalto, regiões em que existem alta demanda e a necessidade clara por uma melhor estrutura relacionada à saúde. “Até o final do ano temos a pretensão de ter implantado nos lugares mais distantes”, revelou.
Parceria com a Santa Casa será mantida
Rose elucidou dúvidas em relação ao atendimento dos pacientes, e casos de urgência e emergência. A secretaria explicou que a UPA seguirá um protocolo de atendimento, e que embora a Uana seja desativada, o elo entre Poder Público e o hospital não será quebrado.
“A nossa intenção não é nem manter o paciente 24 horas (na UPA). A partir do momento em que detectou-se que o paciente necessita da complementação da sua emergência, detectada antes na urgência, vamos transportar para a Santa Casa e monitorar o paciente 24 horas dentro do Pronto Socorro (PS)”, salientou. “Ali vão ter outros tipos de equipamentos que complementam uma UTI, que vão estar monitorando esse paciente 24 horas”.
Rose disse que a UPA não manterá o paciente durante todo o dia na unidade. “A UPA vai funcionar em sistema 24 horas, mas não é para manter o paciente 24 horas ali. Para isso temos o suporte da Santa Casa, por isso a Secretaria de Saúde mantém conversações com o hospital, vai manter esse link, tanto é que o Pronto Socorro é nosso ainda. O médico detectou? Será removido para o Pronto Socorro”, detalhou.
Antes silencioso, Samuel “interroga” Rose
Acostumado a utilizar as redes sociais para se manifestar e deixar os discursos nas sessões da Câmara de lado, o vereador Samuel Cavalcante (PR) fugiu de sua filosofia atual na segunda-feira. Além de ir à tribuna, reclamou com a Mesa Diretora do pouco tempo para as perguntas, dois minutos de acordo com o regimento da Casa de Leis.
Cavalcante, então, pediu ao presidente da Mesa Diretora, o vereador Jorge Setoguchi (PSD) para que colocasse em votação um pedido visando não impor limite na duração da pergunta de cada vereador, o que foi aprovado e deu brecha para uma verdadeira sabatina com a secretária. Sem pegar leve nas perguntas, interrogou Rose e deixou clara sua insatisfação com o fechamento da Uana e o deslocamento da população para a unidade na zona Leste.
Samuel questionou qual será o impacto financeiro na folha da Prefeitura com a abertura, quantos profissionais serão convocados pelo chamamento público, anunciado por Rose, para atuar na UPA, o número de médicos, entre outros pontos. Em certos momentos, houve até troca de ironias entre ambos.
Uma das principais reclamações do vereador estava relacionada ao deslocamento dos usuários no transporte público.
Na visão de Samuel, é inviável transferir a população de toda a cidade para a zona Leste, o que já vem sendo trabalhado entre a empresa responsável pelo serviço e a Prefeitura. Após a participação de Rose, Samuel, ao utilizar a tribuna e já sem a presença da secretária na Câmara, fez novas críticas.
“Ela (Rose) não me convenceu. Ela vai fechar o Pronto Atendimento na Santa Casa e concentrar quase 100 mil pessoas no UPA na zona Leste sem uma infraestrutura de transporte, sem uma campanha de conscientização para a população. Me desculpem, ou eu estou ficando louco ou ela está brincando com a cara da população. Esse governo está saindo pior do que a encomenda”, disparou.
