O projeto do sistema de integração de linhas do transporte coletivo urbano, enfim, sairá do papel. A Prefeitura agiu rápido e, após tomar uma ducha de água fria com o movimento de alguns moradores do entorno da Praça Floriano Peixoto, o Jardim Velho, descontentes com a possibilidade da operação do sistema funcionar na região, anunciou, em entrevista coletiva na manhã de quinta-feira, que o antigo ponto de ônibus da Rua Coronel Joâo Leite, na esquina com a Escola Estadual Coronel Venâncio, também região central, foi o ponto escolhido para a integração das linhas.
O serviço será iniciado na próxima quinta-feira, dia 12, quatro dias antes de o novo valor para a passagem do ônibus circular entrar em vigor. Após três anos sem reajuste, o preço saltará de R$ 3,50 para R$ 4,20, em informação confirmada na própria coletiva de imprensa. O acordo foi firmado entre o Poder Executivo e a Viação Fênix, responsável pelo serviço na cidade.
O curioso é que a Administração Municipal admitiu que o ponto na Coronel João Leite não era a primeira opção para o sistema de integração. Longe disso. “Encontramos outra solução para acontecer essa integração, não é a ideal, não é a que nós queríamos. Queríamos uma facilidade maior para o usuário de ônibus, que tudo se concentrasse próximo ao Jardim Velho. Estamos ativando aquele ponto e vamos fazer ali o que iríamos fazer naquele outro espaço’, ressaltou o secretário de Transporte, Trânsito e Serviços, José Paulo da Silva.
A fala veio precedida por confiança com o novo local. “Queria que fosse mais cômodo para todos os usuários de ônibus, mas a gente vai tentar desafogar um pouco mais o Jardim Velho. Vai funcionar”, frisou, sem tanto entusiasmo.
Na última semana, também em entrevista coletiva, o secretário revelou que a iniciativa de levar o sistema de integração ao Jardim Velho precisou ser paralisada por conta de um grupo de moradores residentes no entorno, que não aprovam o projeto. Na alegação, um possível aumento da poluição sonora e da fumaça emitida pelos coletivos. O nome dos moradores não foi revelado pelo Poder Executivo.
Tempo determinado
Gerente operacional da Viação Fênix, Sandro Rogério de Souza frisou que placas serão instaladas em todos os pontos de ônibus informando quais linhas passarão em cada local. No total, serão 14 linhas, feitas por 15 veículos da Fênix. Outros três ficarão de reserva em caso de algum tipo de imprevisto. Um dos objetivos é racionalizar as linhas do transporte público.
“O que fazemos com a integração? É racionalizar. Tirar linha sobre linha, um ônibus atrás do outro. Racionalizando, você consegue manter uma frequência. Aquele usuário vai saber que a cada 20 minutos, meia hora, vai passar o ônibus. O usuário consegue se programar e a gente controlar melhor isso, saber o fluxo de passageiros, se a quantidade de horário está sendo suficiente para transportar o usuário com qualidade”, explicou.
Será possível tomar uma condução na região onde o usuário reside, fazer a baldeação no Centro e tomar outro veículo rumo a seu destino final. “Vamos supor que esteja no Good Bom (na zona Norte) e queira ir para o UPA (Unidade de Pronto Atendimento, na zona Leste). A partir do momento que passei com o bilhete na mão, tenho uma hora para me integrar com outra linha, com um tempo estimado de 20 a 25 minutos para chegar até o centro. Sobram 35 minutos para poder embarcar para outra linha. Se ultrapassar paga outra tarifa”, destacou Sandro.
Cadastro
Para ter acesso ao sistema de integração, haverá a necessidade de o passageiro possuir o bilhete eletrônico, que será lido automaticamente no interior do ônibus. Basta se dirigir ao escritório da Viação Fênix, localizado na Rua Padre José, próximo ao Jardim Velho e ao lado da Drogaria Daniele, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Cada passageiro carregará o bilhete com a quantidade de passagens que achar preciso para usufruir do sistema.
Para ter controle de cada passageiro e dando ênfase ao discurso de modernidade adotado pela empresa, um cartão concentrará todas as informações do cliente. O objetivo é manter o tempo de 1 hora para a integração, evitar reclamações e problemas vistos nos últimos anos na cidade, quando o titular do benefício “emprestava” o bilhete para alguma parente.
“Cada cartão é magnético, como se fosse um cartão bancário. A partir do momento que você passou no sistema do carro, ele identifica quem é, a hora que ele passou, a linha que ele passou e o horário que vai passar outro veículo. No escritório, ele (passageiro) poderá tirar o extrato do cartão para comprovar se houve erro ou estourou o tempo”, afirmou o gerente.
Por que o Espaço Cidadão não foi o local escolhido?
Indagado por O POPULAR a razão pela qual o Espaço Cidadão, na Avenida Adib Chaib, área pública de grande perímetro e ociosa na maior parte da semana, não foi a área escolhida, Sandro e José Paulo alegaram que seria preciso uma operação de grandes proporções para adequar a área, e que o local não é unanimidade entre os passageiros devido à distância para as imediações do Jardim Velho.
“Para fazer a integração no Espaço Cidadão teria que levar todas as linhas para lá, as 14 novas linhas, todos os ônibus, então seria necessário fazer uma obra para poder acomodar todas as linhas com proteção, plataformas, abrigo, um terminal”, disse Sandro.
“Não é o que o usuário deseja. Teria que reestruturar o itinerário, grade horária, e demoraria muito mais tempo para acontecer”, completou José Paulo.
Um aplicativo de celular será disponibilizado a todos os usuários nas próximas semanas, de acordo com Sandro. A ideia é fazer com que, na palma da mão, o passageiro possa ver o ponto em que se encontra e quais linhas e horários passarão ali. A criação do aplicativo passa pelo começo do sistema de integração.
