De volta ao Boteco, o árbitro José Henrique de Carvalho fala sobre a fama de Mogi Mirim com a arbitragem e comenta a respeito da Máfia do Apito.
Boteco – Sua primeira partida do Paulistão foi um jogo do Mogi Mirim?
Juiz – Uma terça-feira, Mogi Mirim 0 x 0 Santo André, em Mogi, 2005. Minha primeira partida da Série A. Eu fiquei bastante feliz porque Mogi Mirim sempre, vários amigos começaram na Série A-1 apitando em Mogi Mirim. Porque Mogi tem uma fama de tratar muito bem a arbitragem, viu?
Boteco – Desde a época do Wilson Barros?
Juiz – Sim, sim, pessoal muito educado, pessoal que realmente faz de forma correta, bem organizada. A gente, não só eu, mas outros árbitros, a gente fala dos lugares que a gente gosta de trabalhar, Mogi sempre foi um lugar muito bom. Eu fiquei feliz, aquele campo enorme do Mogi, eu estreei ali na Série A-1, depois de ter feito muitos jogos da A-2, A-3. E foi um jogo bom, mas infelizmente não teve gols.
Boteco – Você comentou que sempre foi muito bem tratado em Mogi Mirim, houve alguma cidade em que você foi intimidado, maltratado ou sofreu alguma pressão?
Juiz – Não, eu não tenho esses históricos, os árbitros mais antigos têm históricos assim, o futebol mudou muito nesse aspecto. Eu acredito que hoje se você pegar os árbitros mais novos, poucos vão falar que foram intimidados. Eu nunca fui intimidado. Dificilmente, uma batida no vestiário, isso é muito difícil.
Boteco – E na questão de tentarem te subornar, naquela época da Máfia do Apito, alguém chegou a te abordar?
Juiz – Nessa época do Edilson Pereira, que era um excelente árbitro, mas se envolveu em uma situação errada, com a vinda do Coronel Marinho, o Coronel por ser um policial militar também, ele acabou, se tivesse mais alguém ou alguma coisa, ele iria descobrir. Ainda bem que não era a arbitragem em si, era um ou dois ali que desviaram, de acordo com as informações, um ou outro árbitro que tinham certas ligações, certas amizades, isso também é uma história que já passou, graças a Deus. Eu lembro que na época o Coronel implantou um livro, uma cartilha para nós dizendo o que podia e o que não podia para dar um reinício em tudo isso. Porque na época vivia mudando comissão, as pessoas dentro da Federação Paulista e você vê, entrou o Coronel Marinho, quanto tempo ele não tá lá, então houve uma retomada dessa confiança, dessa questão moral, ética, tudo isso que muita gente não tinha. E o Coronel por sua vez como ele foi cobrado, ele também cobrou isso dos árbitros, então houve um avanço muito grande nesse aspecto. No aspecto ético, hoje a Federação Paulista tem no quadro, podem reclamar até de algum erro, de alguma situação que o árbitro não tenha acertado no campo de jogo, mas a questão mesmo ética e moral hoje os árbitros estão de parabéns, porque buscam seguir essa cartilha do Coronel desde que ele entrou.
Boteco – Valeu, José Henrique!