O café, em Mogi Mirim, suscitou uma classe social. Nas três últimas décadas do século XIX, a crescente lavoura e o consumo mundial, enriqueceram os mogimirianos que se envolveram com o “ouro negro” em nosso município. Em sua propriedade agrícola, o cafeicultor mogimiriano era um patriarca, pela autoridade e ascendência sobre a família, escravos ou colonos.
Esse patriarcalismo somente era ameaçado pela fonte julgada menos provável: os próprios filhos, bacharéis e que eram partidários do abolicionismo e da república, solapando com essas ideias os fundamentos aristocráticos que sustentavam os pilares das antigas sociedades do café.
O pai fazendeiro de café e que tanto trabalhava para estudar seus filhos, e assim alçá-los a uma superior condição de vida profissional e social, acabava vendo o tiro sair pela culatra, pois seus filhos, doutores, eram os maiores entraves para as ideias que constituíam o esteio da sociedade cafeeira.
E foi graças a esses filhos de cafeicultores que Mogi Mirim decretou o fim da escravidão em nosso município em 4 de março de 1888, três meses antes da Lei Áurea!
Na época da Monarquia, no reinado de D. Pedro II, os fazendeiros de café representavam em Mogi Mirim e, juntamente, com os senhores de engenho, o alicerce imperial. Sabendo disso, D. Pedro sempre que vinha a Mogi Mirim procurava agradar os seus sustentáculos a políticos, distribuindo a eles títulos nobiliárquicos, num total de 12 e com honrarias de Barão, Conde e Visconde, além de Comendador, os quais passaram a ser os Aristocratas do Café.
Essa aristocracia foi impiedosamente abalada em sua estrutura no período de 1889, com o abolicionismo e advento da República no Brasil. Submeteu-se ao novo regime político e que trouxe incentivos, como o protecionismo comercial e a liberdade de mercados. Esses dois fatores, sustentou a cafeicultura em Mogi Mirim até o ano de 1929, quando aconteceu o grande desastre das Bolsas dos Estados Unidos, com a famosa “Grande Depressão” e que estourou como bomba na economia cafeeira. O cafeicultor mogimiriano, entrou em desespero. Endividado, não conseguia pagar seus compromissos. O café, entulhado, não encontrava comprador nos mercados estrangeiros. O preço caiu de maneira avassaladora. Foi o tiro de misericórdia na sociedade cafeeira mogimiriana!
A sociedade aristocrática do café em Mogi Mirim encerrou em 1929 a sua participação na evolução econômica do município. A agricultura partiu para outros rumos: algodão, cereais, frutíferas. Hoje, soja, milho, citricultura.
Na década de 1940, surgiu outra sociedade e assentada na indústria. O café, que havia destronado as sociedades do ouro, do diamante, do açúcar e do algodão, perdeu seu reinado para a indústria, e que hoje representa a principal riqueza do município.
Túnel do Tempo
Em 9 de março de 1953, foi fundado em Mogi Mirim o Conservatório Musical, tendo como diretora a Professora Maria de Lourdes Campos de Oliveira (Dona Todó). O Conservatório localizava-se à Rua Padre Roque e promovia concertos, festivais e recitais, difundindo o conhecimento da música entre seus alunos, aperfeiçoando-os na divina arte.
Preceitos Bíblicos
“Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas também a todos os que esperaram com amor a sua manifestação gloriosa”. (2 São Paulo a Timóteo 4, 7-8).
Legenda da foto:
No ano de 1957, uma das agências bancárias mais movimentadas de Mogi Mirim era o Banco Nacional da Cidade de São Paulo, com matriz na Rua Líbero Badaró, na capital. Em Mogi Mirim, localizava-se à Rua Conde de Parnaíba, n° 105. Numa época em que imperavam as calculadoras e máquinas de escrever, além de escritas manuais, todo o serviço da agência era desempenhado por 11 funcionários: na primeira fila, da esquerda para a direita, Cecilia Irma Carros, o gerente Luiz de Amoedo Campos, o contador José Luiz Pedroni, João Fernandes, Solon da Costa Dias, Silvio Fernandes, Nelson Patelli Filho, Nivaldo Finazzi e Joaquim Pinto Filho. Na última fila, Carlos Mello e Oswaldo Diogo.