Ex-profissional, atleta amador e hoje técnico da escolinha de futebol do São Caetano, Edson Pereira, o meia Aritana, de 44 anos, relembra momentos especiais pelo Lemense na briga pelo acesso à Primeira Divisão.
Boteco – Como você se tornou profissional?
Aritana – Tive minha base inteira no Mogi, cheguei com 10, anos. Fui até os 18. Vi que estavam dispensando todo mundo, que não tinha possibilidade de me profissionalizar. Peguei minhas coisas e fui para o Lemense.
Boteco – Como foi a experiência no Lemense?
Aritana – O meio campo era Careca, que jogou no Guarani, Macalé, que jogou no Cruzeiro, PC, que foi fera na Ponte, o Adauto, que jogou no Palmeiras, o Arthurzinho, Rei Arthur, que jogou no Corinthians, no Fluminense.
Boteco – E você também jogava nesse meio?
Aritana – Eu não cheguei para jogar e joguei o campeonato inteiro. Cheguei para ser júnior. Faltou um no plantel, me profissionalizaram. Primeiro jogo tinha 11, porque papelada tudo enrolada. Aí o treinador foi no júnior: “você vai pro banco”. Era Paulista, Divisão Especial. Subia pra Primeira. Aí primeiro jogo foi contra Rio Branco, do Macedo. O Adauto sentiu a panturrilha. Fui para o jogo. 0 a 0, fui o melhor em campo.
Boteco – O que você lembra desse jogo?
Aritana – No primeiro lance, peguei a bola, cortei um cara, fui para a linha de fundo e meti uma letra para área. A torcida ficou louca. Eu batia pênalti de letra nos treinos. Dava lançamento de um lado ao outro de letra. Eu vi o Maradona fazer uma vez e comecei a fazer. Aí acabou esse jogo, o Jorge Mendonça tava assistindo. “Vou levar você para a Ponte comigo”. No final, a gente negociou, acabei não indo, fui para Inter de Limeira. Com o presidente do Lemense não teve negócio. Senão eu teria ido. Aí eu fiquei só quatro meses na Inter, mas nos aspirantes.
Boteco – Voltando ao Lemense, como foi sua participação?
Aritana – Eu joguei o campeonato inteiro, porque machucava um, tomava cartão o outro e não tinha como o treinador me tirar, eu tava bem. Eu pensei, o dia que tiver tudo mundo, PC, Arthurzinho, Macalé, Careca e Adauto, jogava com cinco no meio. Eu não ia jogar nunca, mas dava tudo certo.
Boteco – E o Lemense subiu?
Aritana – A gente chegou ao quadrangular final. No Moisés Lucarelli, 1 a 1 com a Ponte. Fui o melhor em campo lá também. Em Leme, o empate era nosso. Tava 1 a 1. Jorge Mendonça fez de falta. A gente mandando no jogo. Lançaram o Monga, nosso goleiro pegou a bola, foi driblar ele, perdeu a bola e o Monga fez o gol. Torcida nossa queria pegar o goleiro.
Boteco – Alguma história com os atletas de expressão?
Aritana – No último jogo, contra o Rio Branco, o Adauto aprontou. O Paulista mandou dinheiro para a gente ganhar…
Boteco – Mala branca? Rolava?
Aritana – Rolava. Só que ele era o intermediário e em vez de dividir com todos, pegou metade e dividiu a outra metade pra nós. Os caras ficaram sabendo, ele nunca mais apareceu.
Boteco – Algum outro momento especial que te marcou?
Aritana – Fiz um gol num amistoso contra o Guarani, casa cheia, aniversário da cidade. 2 a 2, tava o Zenon, em fim de carreira. Peguei uma bola, fiz que ia bater, o zagueiro virou. Eu cortei, meti na esquerda, aí bati tirando, o goleiro era o Barbieri, nem foi…
Boteco – Aritana volta para lembrar histórias na base do Sapo, no Guaçuano e abordar a experiência com técnicos como Cláudio Coutinho, ídolo santista, que o comandou no Valeriodoce, de Minas Gerais.