O Coletivo Educacional de Mulheres Maria Lacerda de Moura, que foi fundado no final do último ano, continua a se articular nas cidades de Mogi Mirim e Mogi Guaçu com o objetivo de buscar melhores condições para as mulheres. Duas iniciativas estão em andamento: a primeira é uma pesquisa que o Coletivo está realizando com o objetivo de melhorar as condições de segurança para as mulheres e a outra ação será realizada amanhã, que é um encontro da visibilidade lésbica aberto para toda a população. A pesquisa se chama Mulher, você se sente segura? e o evento Eu gosto de (ser) mulher.
Em relação à pesquisa, ela está disponível na internet para que qualquer mulher possa responder. Até o final do mês, o Coletivo deixará o formulário online para que as interessadas possam participar e responder de maneira anônima. O objetivo da pesquisa é descobrir junto às mulheres da região de Mogi Mirim, Mogi Guaçu e Itapira quais são as dificuldades que encontram quando vão a um estabelecimento comercial, como bares e casas noturnas. O Coletivo sabe que a violência existe, assim como as mulheres em geral, e as agressões incluem desde as verbais até a violência física, que são motivadas por diversos motivos. O que ocorre é que muitas vezes os estabelecimentos não estão preparados para auxiliar a vítima e a violência se torna algo naturalizado.
“É essencial fazer um mapeamento dos lugares seguros que podemos frequentar. Como mulher, nossa vida é uma eterna análise: analisamos que roupas vamos usar, como devemos falar, com quem podemos sair, quando e onde podemos ir, e mesmo assim estamos vulneráveis o tempo todo somente por ser mulher. Quando a gente sabe que o lugar que vamos é seguro e que estão ao nosso lado podemos ir tranquilas, podemos aproveitar mais o passeio”, frisou a historiadora e membro do Coletivo Educacional de Mulheres Maria Lacerda de Moura, Carolina Helena Benedicto dos Reis.
“Precisamos mapear os lugares seguros e identificar os lugares onde a violência é praticada e quais são as suas formas. Identificando os locais inseguros também podemos trabalhar na mudança dessa realidade, seja empoderando as mulheres para denunciarem e preparando as pessoas para acolherem essas mulheres”, explicou a advogada, membro da comissão da diversidade sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e também do Coletivo Educacional de Mulheres Maria Lacerda de Moura, Monique Marchesi.
Carolina também aproveitou para explicar que com base na pesquisa será possível, além de atuar junto aos estabelecimentos, também cobrar as autoridades em relação à segurança das mulheres.
“A pesquisa não pode ficar só no papel. Não há nada referente a isso registrado e com a ajuda de dados podemos cobrar de forma legal os órgãos públicos, afinal somos a maior parte da população”, finalizou.
Responda a pesquisa
A pesquisa virtual segue disponível até o dia 31, quarta-feira. Para responder o questionário, basta acessar o link https://goo.gl/GNy9WO. A pesquisa é anônima.
Amanhã é dia do encontro “Eu gosto de (ser) mulher”
O evento de amanhã, chamado Eu gosto de (ser) mulher, que foi organizado pelo Coletivo Educacional de Mulheres Maria Lacerda de Moura, será realizado no Parque dos Ingás, que fica em Mogi Guaçu. A atividade contará com piquenique, música, sarau, poesia e arte. Para quem não sabe, segunda-feira, dia 29, é marcado como Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, uma data elaborada por ativistas que no ano de 1996 realizaram o Primeiro Seminário Nacional de Lésbicas.
“Como dia 29 será segunda-feira, escolhemos o domingo para que mais pessoas possam comparecer. Apesar da necessidade de abordar formalmente diversas reivindicações, com palestras, pesquisas, apresentações de pautas ao executivo, etc., escolhemos fazer uma celebração da data de forma mais cultural. A necessidade do posicionamento, do enfrentamento e do empoderamento é cotidiana tanto das mulheres, quanto das lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis”, disse Monique.
“A mulher ainda é invisível na sociedade de modo geral e ser lésbica é ser duplamente invisível. Dentro do próprio meio LGBTT há a invisibilidade porque sempre se relaciona a sigla somente ao G (gays). É preciso que mais lésbicas apareçam na sociedade não somente como coadjuvantes, mas como atuante, e assim unirmos forças para novas ações e pela busca de nossos próprios interesses e direito como mulheres que amam outras mulheres”, apontou Carolina.