Em breve, o cenário do centro da cidade poderá ser alterado, com a retirada de algumas das árvores centenárias presentes na Praça São José, em frente ao Palácio de Cristal, prédio onde funciona a Câmara Municipal; e da Praça Floriano Peixoto, o Jardim Velho. No total, 11 árvores poderão ser retiradas pela Prefeitura.
Um relatório, feito por uma empresa contratada pela Prefeitura, apontou problemas em três delas e a recomendação é para a retirada de forma imediata, além da execução de poda de limpeza, raleamento e redução de copa e implantação de cabeamento para os ramos codominantes de bifurcação, para evitar o rompimento da forquilha, que é quando um galho secundário se divide em dois.
Apesar de o laudo recomendar a remoção imediata de apenas três árvores, a Prefeitura planeja retirar as demais, da espécie sibipiruna, para evitar riscos de queda, já que o local possui alto fluxo de pessoas e de veículos. A Secretaria de Meio Ambiente entende que, por conta das árvores estarem com o crescimento limitado, as raízes de sustentação desproporcionais e a presença de biodeterioração parcial nos indivíduos arbóreos, a retirada se faz necessária.
“A Secretaria de Meio Ambiente entende que o mais prudente seria a supressão dos oito indivíduos arbóreos inseridos ao lado do leito carroçável e a execução da compensação na mesma região, porém, em local mais apropriado para o desenvolvimento de árvores de grande porte, mais afastado do leito carroçável”, informa o ofício encaminhado ao Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), referindo-se às árvores da lateral direita da Igreja.
Outras duas, do lado oposto, próximas ao ponto de táxi, também foram analisadas pela empresa, mas riscos não foram detectados.
Na carta encaminhada ao conselho, a Administração solicita, “mesmo havendo embasamento legal”, manifestação quanto à retirada das sibipirunas e posterior compensação. A Prefeitura se mostra ciente do “impacto visual à paisagem e o clamor público” que a medida poderá causar.
JARDIM VELHO
Três árvores no Jardim Velho também deverão ser removidas. São elas: uma figueira elástica, próximo ao Residencial do Jardim; uma aldrago, próximo de um consultório médico; e uma canafístula, com inclinação acentuada, próxima à Igreja do Carmo.
Estas não passaram por avaliação da empresa contratada, como as da Praça São José, mas a Prefeitura identificou riscos pelos “efeitos climáticos cada vez mais severos, localização próxima a prédios públicos e privados e, que, em eventual queda, mesmo parcial, poderá ocasionar dano ao patrimônio e risco à vida”, informa o documento.
Maria Soledad, médica que trabalha e reside em imóvel em frente à praça, relatou momentos aterrorizantes, segundo ela. “Em uma das últimas vezes, um galho caiu ao lado de uma menininha de cinco anos, que estava no ponto de ônibus”, disse. “A hora que bate um vento, aquela árvore ‘lambe’ a casa, só falta ela pedir licença para entrar. É aterrorizante, traumático. É linda, mas é um monstro. Um lindo monstro”, definiu.
Remoção e substituição aprovadas pelo Comdema
O Comdema se reuniu por duas oportunidades para a análise do relatório da empresa, feita em fevereiro, para a elaboração de um relatório pela Câmara Técnica. Na terça-feira, uma reunião foi realizada na sede do Instituto Florestal (Horto Florestal), com a presença de 16 pessoas, para que os conselheiros e a população em geral opinassem e votasse sobre a proposta, que foi aprovada por unanimidade.
O relatório sugere a retirada das 11 árvores das praças São José e Floriano Peixoto, desde que fosse apresentado à apreciação e aprovação do conselho o projeto de revitalização, com substituições das árvores por espécies de médio porte, com altura mínima de dois metros; distanciamento mínimo de um metro a partir da guia para as novas mudas; disponibilidade de área permeável no entorno das novas mudas e implantação dos itens, concomitantemente com a erradicação.
A Prefeitura se antecipou e apresentou um projeto de revitalização, envolvendo o plantio das novas mudas e uma reforma geral das praças Rui Barbosa e São José. Fábio Henrique Salvalaio, engenheiro ambiental da Prefeitura, foi o responsável pela apresentação. “Uma possibilidade é plantar um Ipê de médio porte, para que o tamanho não fique incompatível com o porte da Igreja. Não temos como garantir a reforma ainda, mas a ideia é colocar as novas árvores o mais rápido possível”, disse.
De acordo com o projeto, as novas árvores teriam um recuo de dois metros e meio, a partir da guia. Segundo o funcionário da Prefeitura, o recuo teria que ser maior. “Teria que ser muito mais, pelo menos cinco metros, mas é o que dá pra ser feito”, comentou Fábio.
Um dos participantes levantou uma questão sobre a possibilidade de plantar essas árvores quando essa revitalização prometida pela Prefeitura for feita, para evitar gastos desnecessários e a retirada das árvores que forem plantadas nesta compensação.
“Então, nós colocamos em votação essa proposta de recomendação de um prazo para que a obra seja feita e ela foi aprovada pela maioria. Então, estamos recomendando um prazo de dois anos para que seja feita a execução total da obra”, esclareceu o presidente do Comdema, Paulo Henrique de Oliveira.
