Vacinação em massa, vigilância epidêmica e apoio à pesquisa. São essas algumas das principais ações que conduzirão o mundo ao controle da pandemia de Covid-19. O prognóstico foi feito por pesquisadores da Unicamp (Universidade de Campinas) e de outras instituições durante o evento “O que falta para a pandemia acabar? A Força-Tarefa da Unicamp responde”.
Realizado em 15 de outubro, teve a mediação da professora Ana de Medeiros Arnt, docente do Instituto de Biologia e coordenadora dos Blogs de Ciência da Unicamp. Ao longo do dia, os participantes revisitaram ações da Unicamp com foco no controle da pandemia de Covid-19, destacando a interação entre cientistas de diversas áreas e os ganhos obtidos com a abordagem interdisciplinar e a resposta rápida dada pela Universidade.
Uma discussão sobre o que falta para a pandemia acabar, temática principal do evento, fechou a programação e ofereceu ao público uma perspectiva sobre a importância do apoio à ciência para evitar que problemas do tipo atinjam escala global.
Os docentes chamaram a atenção para a importância de ações coordenadas entre as ciências médicas e biológicas e as áreas que abordam as mazelas derivadas da doença, como os problemas econômicos e sociais. Tomando essas lições indicam que podemos nos sair muito melhor, não só em uma próxima pandemia, que é possível, mas também em problemas anuais que atingem o país, como a dengue ou a chikungunya.
Em relação à vigilância frente ao coronavírus, o entendimento é de que o avanço na vacinação não dispensa a pesquisa a respeito do SARS-CoV-2, já que ele pode ainda sofrer mutações que escapem à proteção vacinal e provocar efeitos no organismo ainda desconhecidos.
“Também precisamos, cada vez mais, compreender a diversidade dos vírus do planeta. Quais têm potencial de causar doenças em humanos e quais os impactos disso, de modo que seja possível diminuir, de maneira antecipada, o impacto de novos vírus que atingem a população. Porque em algum momento isso vai acontecer”, reforçou o professor José Luiz Módena, coordenador do Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (LEVE).
Os integrantes da Força-Tarefa também ressaltaram a necessidade de olhar para a situação da doença em outras partes do mundo e de garantir a disponibilidade de vacinas em países periféricos.
“Não há como terminar uma pandemia em uma cidade ou país e esquecer que a doença ainda se distribui mundialmente. É importante considerarmos que os países que não tiveram uma proporção significativa da população vacinada ainda geram riscos de que a doença se mantenha por muito tempo. Ou pior: aumenta a chance de o vírus adquirir algum tipo de mutação, o que pode afetar nossa capacidade de adquirir imunidade”, destacou o professor Marcelo Mori, coordenador do grupo.
A Força-Tarefa Unicamp contra a Covid-19 foi criada em 2020 como uma resposta da Universidade às demandas sanitárias e sociais que surgiram com o início da pandemia no país.
Na abertura do evento, os coordenadores das diferentes frentes de trabalho destacaram os principais feitos do grupo na mitigação dos efeitos da doença, como a padronização dos testes RT-PCR e a realização de mais de 200 mil exames; a participação na descrição do SARS-CoV-2, na análise de casos de reinfecção e do uso de plasma convalescente para tratamento; o desenvolvimento de insumos para testes diagnósticos, de novos produtos e tecnologias em EPIs; além das ações sociais realizadas junto a comunidades vulneráveis na região de Campinas. (Com informações da Unicamp)