O discurso é clichê, batido, visto a todo instante, mas na prática pouco ou quase nada é transformado em realidade. Responsáveis por agregar integração social, lazer, disciplina e cidadania, o Esporte e a Cultura são os patinhos feios na maioria das administrações municipais espalhadas pelo país. Seja a nível federal, estadual ou municipal, os recursos são escassos, as ofertas poucas e a valorização aquém da necessária, salvo engano uma cidade ou uma capital ou outra. O fato é que a função nas duas áreas fica longe da ideal, descumprindo sua real missão e abrindo caminho para que o jovem conheça um caminho muitas vezes tortuoso e sombrio.
Em Mogi Mirim este exemplo é facilmente identificado. A situação é vista há décadas e parece estar distante de uma solução. Na Cultura, o atual secretário Marcos Dias, o Marquinhos, tenta se virar como pode. Projetos são desenvolvidos, como o Domingo do Samba, a apresentação de filmes no Centro Cultural, a retomada de oficinas de música, a reforma da sala de dança, o Concerto de Primavera, entre outras frentes. Embora esteja distante de uma agenda cultural repleta de atrativos, é um começo para uma pasta tão deixada de lado nos últimos quatro anos.
Por outro lado, o Esporte, comandado pelo mesmo Marquinhos, respira por aparelhos. Com exceção de campeonatos amadores de futebol e participações de equipes municipais em determinadas competições, não se vê o esporte em Mogi Mirim, a não ser aqueles praticados em clubes particulares. Centros esportivos que poderiam servir como lapidação de talentos ou simplesmente uma oferta de lazer e aprendizado ao jovem estão jogados para escanteio. Abandonados. Destruídos. A começar pelo Núcleo Integrado de Atividades Sociais (Nias), na zona Leste. Ou o Centro Esportivo Ocílio Róttoli, o Tucurinha, na zona Norte. Isso sem falar em campos e quadras municipais, que mais se assemelham a cenários de guerra do que do esporte.
Passou do momento de políticos e autoridades olharem para a Cultura e o Esporte sob uma nova ótica. As duas áreas podem transformar a vida de um cidadão e levá-lo a um patamar antes imaginado apenas em sonhos. É preciso investimento e políticas públicas que salvem ambas as áreas. O futuro está ligado ao Esporte, à Cultura e à Educação.
Uma cidade ausente disso é um local morto, sem vida e pronta para se tornar estatística negativa. Entretanto, a realidade é dura, fantasiada sob discursos, na maioria das vezes, hipócritas. A pergunta que fica é se existe solução. Ao que tudo indica, somente uma mudança radical de postura e comprometimento será capaz de tentar, por mínimo que seja, estancar essa sangria.