Que Mogi Mirim pouco se importa com o Mogi Mirim Esporte Clube está mais do que claro. Não é incomum este fenômeno. O Sapão da Mogiana nasceu lá em 1903, passou por reorganizações até a mais formal delas, em 1932, proporcionar um erro de quase um século sobre real nascimento.
Se profissionalizou em 1954, chegou à elite após o acesso de 1985. Encantou o Brasil em 1992 e 1993, viveu seu último brilho em 2013 e, desde 2014, quando Rivaldo, então presidente, decidiu colocar o Mogi “à venda” (e encha de aspas porque ele nunca foi dono pra vender alguma coisa), o clube entrou em sua década mais decadente.
Já cansamos de falar sobre os descalabros ocorridos desde então, incluindo a nebulosa passagem com jeito de infinita da atual diretoria. A cidade, passiva, vê o clube morrer e muita gente ansiosa pela herança. Como filhos ingratos, só que sem ligação afetiva alguma com o “pai”, só pensam em fatiar a bolada que o já idoso e frágil MMEC deixará caso suma do mapa.
Nas últimas semanas, algumas reuniões colocaram na mesma mesa figuras importantes da história do clube, como o ex-jogador Henrique Peres Stort e o ex-vice-presidente Luizinho Adorno, com o deputado estadual Barros Munhoz (PSDB) e o prefeito Paulo Silva (PDT). Muito debate, sobretudo a respeito de dois projetos de lei que tramitam há anos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Ambas motivadas por um projeto de lei de 2006 que extinguiu leis das décadas de 1940 e 1950 e, entre elas, a em que o Estado doou a área do Estádio Vail Chaves ao Mogi Mirim, em 1947. Um dos projetos atuais visa restabelecer a lei e garantir que, por sua trava de segurança, o estádio não seja penhorado (o que já foi) ou leiloado (está em vias). O outro entende que, com a lei sem vigor a área deve voltar ao Estado, que doaria o mesmo à Prefeitura de Mogi Mirim, também evitando o leilão. Carlos Nelson, ex-prefeito, parece que aceitava. Silva, não quer.
A verdade é que ambas as ideias, se fossem colocadas em prática, poderiam afastar os urubus que rondam o morimbundo Mogi. Só que é política… Muita falação, nada de ação e os planos de quem deseja faturar com as sucessivas más administrações do Sapão seguem a pleno vapor. Como trouxemos na última edição, há planos para tentar salvar o patrimônio e, por consequência, o MMEC. São as últimas cirurgias de um tratamento já lento e ineficiente. De bom, a união de poucos, mas bons nomes, em torno do Sapo. Entre eles alguém com força política como Munhoz. E, caro deputado. Se quiser sair como salvador do clube esportivo mais importante da sua região, vá além da ótima ideia de estimular os “Três Poderes”.
Procure quem acompanha os bastidores do Sapo há anos e, depois, trate com o Ministério Público e a Polícia Civil. Se seguir o rastro certo, será protagonista em reportagens exibidas no Fantástico e no Esporte Espetacular e alçado a um grau de importância de nomes esquecidos, como os fundadores Arthur Pinto de Lima e Miguel de Barros Penteado; e de eternizados, como o artífice da doação da área, Vail Chaves e o maior dirigente da história alvirrubra, Wilson Fernandes de Barros. E repare na coincidência em alguns sobrenomes. Pode não ser à toa…