sábado, novembro 23, 2024
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Asneiras e os interesses pessoais

A sessão de segunda-feira da Câmara Municipal certamente ficará marcada por mais uma abundância de situações constrangedoras e besteiras pronunciadas não só em tribuna, mas também fora dela. Quem esteve presente pôde assistir uma tremenda confusão provocada pela vereadora Dayane Amaro Costa (PDT), que se recusou a subir ao plenário por conta do elevador estar quebrado mais uma vez.

A vereadora já havia se revoltado e pedido o apoio do presidente da Câmara, Benedito José do Couto, o Dito da Farmácia (PV), para que se consertasse o equipamento o mais rápido possível, ou ela se recusaria a ser carregada novamente, como vinha ocorrendo nas sessões anteriores. Porém, de nada adiantaram as manifestações e a cadeirante fez o que havia prometido, justo em uma sessão que seriam votados projetos polêmicos, de autoria do Executivo.

Com o plenário cheio e com os ânimos aflorados, isso acabou causando reações diversas e dando um destaque ainda maior à posição de Dayane, que vem lutando a favor da acessibilidade na cidade mesmo antes de se eleger vereadora. Foi possível ouvir asneiras de vereadores e funcionários da Câmara, que frisavam que Dayane não subiria exclusivamente por vontade dela. Talvez fosse isso mesmo.

Talvez ainda, essas pessoas, que não tiveram pudor nenhum de criticar a nobre posição da vereadora em defender algo que acredita, nunca tiveram que passar por tamanho constrangimento, como ser carregado no colo de alguém, quando na verdade, é dever do Poder Público garantir condições igualitárias a qualquer cidadão. Está na Constituição Federal. Mas, constrangimento maior ainda deve ser fazer parte de uma Casa e relacionar-se com pessoas tão desrespeitosas e despreparadas para conviver com as diferenças.

É impressionante como normalmente as coisas têm que ser conquistadas aos berros. De nada adianta argumentar, discutir, quando não há gente capaz de entender o contraditório, o oposto. Porém, da mesma forma, não foi correto que familiares e pessoas próximas da vereadora discutissem com quem quer que seja, dentro ou fora do espaço reservado aos membros do Legislativo. Não por se tratar de um local onde predominam normas de um regimento, mas sim, considerando que o respeito deve prevalecer em qualquer lugar.

Que aqueles que se manifestaram, publicamente ou não, contrários à atitude da vereadora, tentem se colocar no lugar daqueles que já possuem inúmeros problemas de locomoção, encontrados já a partir do portão de suas casas. Que a demonstração de defesa dos interesses coletivos se sobreponha aos caprichos individuais. Vereadores, vocês estão aí para isso. Lembrem-se disso.

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