O Mogi Mirim Esporte Clube voltou a ser tema polêmico com a realização de assembleia no último sábado, 10, que ratificou a decisão tomada no final de julho pelo Conselho Deliberativo em transformar a agremiação em uma SAF (Sociedade Anônima de Futebol) com a consequente adequação do Estatuto Social. Votação a portões fechados e impedimento de entrada de sócios marcaram a deliberação.
Associados ligados à oposição ao presidente Luiz Henrique de Oliveira foram impedidos de acessar as dependências do clube para poder participar da assembleia e votar para decidir o futuro do Sapo. A alegação é de que seus nomes não constavam da listagem de associados fornecida pela direção. O grupo estuda medidas judiciais para anular a assembleia, uma vez que há ações na Justiça questionando a legitimidade dos associados do clube.
Assim, os sócios ligados ao presidente Luiz Henrique de Oliveira deram aval para que o clube alcançasse a condição necessária para ser transformado em SAF. Em nota, a direção do Mogi Mirim informou que, concluída a etapa da assembleia, o próximo passo é buscar parceiros com capacidade técnica e lastro financeiro para assumirem a gestão e operação do Mogi Mirim SAF. Os passos, segundo a diretoria, serão dados com “total transparência e segurança, sem pressa e aventuras, trabalhando com parcimônia para colocar o Carrossel Caipira nos trilhos do sucesso novamente”.
A diretoria também mencionou que, com a aprovação pela Assembleia Geral, começaram a veicular na imprensa e redes sociais falsas informações de possíveis empresas ou grupos que adquiriram a exclusividade na compra ou negociação do Mogi Mirim SAF. O presidente Luiz Henrique de Oliveira assegura não ter recebido nenhuma proposta e nem autorizou nenhum terceiro, parceiro ou intermediário a falar ou negociar em nome da diretoria do clube.
“Quaisquer menções acerca deste tema, sejam valores envolvidos, cálculos de ativos ou passivos, não passam de especulações. Seguiremos em direção ao futuro, o próximo passo nesse processo será a busca por empresas especializadas em compliance, auditoria contábil e investimentos para calcularem a Valuation de nossa marca”, esclareceu a direção.
WKM
O dirigente estaria se dirigindo a Wilson Matos, CEO da WKM Solutions, empresa gestora do departamento de futebol do clube, com quem mantém um contrato de parceria. Luiz Henrique está em litígio com Wilson desde julho, quando anunciou o cancelamento do contrato, alegando irregularidades na execução do acordo. Na Justiça, Wilson garantiu a manutenção para cumprimento do contrato.
O fato é que Wilson Matos tem um projeto para transformação do Sapão em uma SAF que ele entende ser viável financeiramente, administrativamente e esportivamente. A proposta é recolocar o Mogi Mirim nas principais divisões do futebol paulista e nacional, sanar todas as dívidas do clube, que giram em torno de R$ 30 milhões, reestruturar todo o espaço físico do clube e também administrativo e retomar o que um dia foi exemplo para todo país em modelo de gestão.
“Nosso principal objetivo é retomar o Mogi Mirim e fazer com que o clube volte a ser aquele que um dia foi um exemplo de gestão para todo o país. O Mogi tem um passado de glória, conhecido como ‘Carrossel Caipira’, a equipe já foi exemplo em todo o território nacional. Com a SAF vamos trabalhar para que o clube volte a viver o auge de tempos atrás”, avaliou o CEO da WKM Solutions.
Para Wilson, a SAF é a única saída para ‘deixar virar a página do passado ruim, de antigas gestões. Se virar um clube empresa, o time vai começar uma vida nova, junto com a cidade’. “A SAF é uma proposta viável financeiramente e administrativamente. Vamos tirar o Mogi do fundo do poço das dívidas e devolver a esperança para o torcedor”, apontou.
O modelo de Sociedade Anônima do Futebol é um tipo societário que autoriza os clubes a constituírem empresa para agir no futebol. A lei 14.193, que criou a SAF, estabelece novas normas e condições para constituição, governança, controle e transparência, além de meios de financiamento da atividade futebolística, o que vem revolucionando e tocando fogo no mercado do futebol. O modelo virou tendência entre os times no Brasil e clubes como Cruzeiro, Vasco da Gama e Botafogo já adotaram essa nova modalidade administrativa.