A Associação Vida, grupo de voluntários independentes em defesa dos animais, busca alternativas para manter seu funcionamento na cidade e evitar suspender o trabalho voltado ao cuidado e acompanhamento de cerca de 100 animais, entre cães e gatos, desenvolvido desde 2011. Na segunda-feira, durante Tribuna Livre na Câmara Municipal, a presidente da associação, Sheyla Silva Steinmetz, levou a realidade ao conhecimento dos vereadores, fez críticas à postura da Prefeitura em relação ao trabalho exercido na área e admitiu que, caso a situação não tenha um desfecho positivo para a associação em um futuro breve, deve optar pelo encerramento no cuidado com os animais, agravando ainda mais a crise, já que o Poder Público vem deixando a desejar na questão.
Com uma base fixa e outros abrigos temporários, muitas vezes em residências dos 17 voluntários fixos da associação, que abrem as portas e dedicam tempo para o tratamento dos cães e gatos, o grupo arca do próprio bolso com as despesas mensais. “A gente queria trazer a nossa indignação ao que acontece com os animais da cidade. A gente tem o departamento, que supostamente deveria estar atendendo parte da população menos carente, mas não acontece há um bom tempo. Não tem mais castração do município, não tem mais atendimento gratuito, não tem mais recolhimento de animal, não tem mais nada”, desabafou.
Com estrutura deficitária e falta de recursos, a associação luta pela sobrevivência. “A gente precisa de ajuda sim, de janeiro a março, a associação gastou mais de R$ 6 mil com contas veterinárias, e isso não está incluindo nenhuma castração. Foram feitas mais de 70 castrações da associação, tirando (recursos) do próprio bolso, com doações, rifas, venda disso, venda daquilo. A gente vende tudo para conseguir dinheiro e poder ajudar. E a gente não está vendo retorno, muito pelo contrário”, reclamou.
Invasão
Sheyla levou à tribuna um episódio com uma voluntária da associação, que há pouco mais de dez dias, após denúncia anônima, recebeu a visita de integrantes do departamento responsável da Prefeitura que, segundo ela, agiram de forma truculenta.
“Todos os lares temporários já receberam denúncias de maus tratos, até aí tudo bem. O problema foi que os departamentos responsáveis por essas denúncias chegaram de uma maneira muito estúpida à casa (da voluntária), chamaram até a polícia. Teve chute de policial no portão da casa dela, obrigaram a deixar entrar dentro da casa dela para ver”, condenou.
“Hoje essas protetoras independentes não tem mais onde colocar animais, não tem mais como custear despesas, porque elas não têm ajuda do Poder Público. Nós temos um departamento da cidade que não tem atendido os requerimentos, a população. A situação está muito crítica”, reclamou a vereadora Sônia Módena (PPS), também protetora independente de animais, antes do início da fala de Sheyla.
Prefeitura promete apuração e ressalta que recursos são limitados
Por meio de nota encaminhada à reportagem, a Prefeitura afirmou que tem preocupação com a questão da causa animal e tem procurado intensificar as atividades do Bem-Estar Animal (BEA), mesmo diante dos recursos financeiros limitados. “Ainda assim, o BEA tem investigado toda denúncia que chega até eles sob questões relacionadas aos animais. Em uma dessas denúncias anônimas enviadas, o local averiguado foi a sede da Associação Vida. Diante das reclamações sobre o procedimento adotado na ocasião, será aberta uma sindicância para apurar se houve qualquer tipo de excesso dos funcionários ou dos guardas municipais que deram apoio à ação, com a cautela necessária para que não haja nenhum tipo de precipitação na conclusão dos fatos”, disse a Administração Municipal, em seu comunicado.
O Executivo comentou também que o BEA prossegue com suas atividades na cidade e com campanha que estimula a adoção de animais, mas que a entidade é regida por leis municipais e há limitações de atuação que precisam ser respeitadas, bem como o limite para o atendimento e procedimentos a serem realizados.
A Secretaria de Meio Ambiente já estuda formas para aumentar o abrigamento de animais e as atividades realizadas pelo BEA, o que pode acontecer por meio de um chamamento público. Segundo a Administração, a possibilidade já foi levada ao Gabinete de Carlos Nelson Bueno e está em estudo nas secretarias responsáveis.