O salvamento de um bebê engasgado com leite, feito por telefone por um policial militar na segunda-feira e noticiado por O POPULAR na edição de quarta-feira comoveu a cidade. E engana-se quem pensa que este tipo de ocorrência é incomum. Segundo o capitão do batalhão da Polícia Militar em Mogi Mirim, Marcelo soares Cavalheiro, esses casos são comuns na região, e não só com vítimas pequenas. “Nós recebemos muito esse tipo de ligação na qual o atendente precisa orientar o solicitante por telefone a fazer os procedimentos. O primeiro número de emergência que as pessoas ligam para pedir ajuda é o 190, então precisamos estar preparados”, conta.

De acordo com o capitão, durante a formação do profissional da academia de polícia, há uma carga horária grande de capacitação em primeiros socorros, além do treinamento que os policiais recebem para atender às ligações da população, estando aptos a acalmar quem pede auxílio. Para ele, “é muito gratificante ver que um policial que trabalha com carinho é reconhecido de forma positiva”.
O bombeiro socorrista Alexandre Salzani concorda com Cavalheiro sobre o fato de as ligações serem mais direcionadas à Polícia Militar. Entretanto, a equipe de bombeiros da Brigada de Incêndio de Mogi Mirim também está capacitada para atender aos chamados. “A cada seis meses retomamos o treinamento para atender as ligações emergenciais para não esquecermos as técnicas”, explica.
Segundo Salzani, algo que irrita alguns solicitantes, mas que é muito importante tanto para os bombeiros quanto para a Polícia Militar são as perguntas em relação ao endereço, ponto de referência, telefone, dados do solicitante e o tipo de ocorrência. “É preciso que a pessoa que está ligando fique calma e nos passe todos os dados que pedimos para que possamos direcionar o socorro com os equipamentos adequados de forma certeira, sem perda de tempo, porque nesses casos, qualquer atraso pode custar a vida de alguém”, afirma.
Relembre o caso
Na noite de segunda-feira, uma mulher telefonou para a Polícia Militar pedindo ajuda para socorrer sua neta, uma bebê recém-nascida com sete dias de vida, que estava engasgada com leite.
O soldado Marcos Paulo Lopes, que atendeu ao chamado, orientou a mulher quanto aos procedimentos de dar leves tapinhas nas costas do bebê e a respiração boca a boca.
Em cerca de três minutos de ligação, o bebê desengasgou, começou a chorar, e logo após uma viatura da PM chegou ao local para levar a vítima para o hospital.
A ligação
Policial Polícia Militar, emergência
Mulher Por favor, eu tô com uma criança afogada com vômito. Por favor, aqui no (endereço)
P O que que a criança é sua? Quanto tempo ela tem?
M Ela tem só sete dias
P Coloca ela na palma da sua mão, de bruços
M (Dá instrução à filha)
P Isso, com a barriga virada pra baixo
M (Dá instrução à filha)
P Dá uns tapinhas nas costas dela
M Ah, faz tempo que eu tô fazendo isso
P Não tá voltando?
M Não
P Tenta puxar o ar com a boca na boca da criança e no nariz
M (Dá instrução à filha) Já faz uns minutos que nós estamos fazendo isso de dar a palmadinha (…) Por favor, ela nem tá chorando mais, ela tá escura
P Vai fazendo esse procedimento. Não tem ninguém aí de carro que possa ir levando ela pro hospital?(…)
P Você tá assoprando na boca e no nariz?
M Tá, ela tá fazendo isso, mas a nenê não chora
P Vai fazendo massagem no peito da criança. Vai assoprando e vê se infla o peito da criança. Ela tá se mexendo? Vai fazendo isso
M Ai meu Deus
P Vai fazendo isso, vai fazendo isso. Vai apertando o peitinho, assoprando na boca e no nariz
M Ela vai chorar? (…) Ah! Chorou!
P Ela tá se mexendo?
M Ah, tá! (…)
P (para outro colega) A criança tá chorando, tá respirando já, mas corre lá pra levar pra Santa Casa
M Ah, começou a chorar! Graças a Deus!
P Começou a chorar?
M Graças a Deus
P Tá, mas fica comigo na linha que a viatura tá indo aí, vai fazer o contato com vocês e vai trazer vocês aqui no hospital
M Tá bom (…)
P Tá joia, a viatura já tá chegando aí, tá bom?
M Tá
P Até logo