Próximo de completar três anos em Mogi Mirim e desconhecido por muitos na cidade, o time de rugby mogimiriano busca se desenvolver, sonhando alcançar patamares mais elevados e disputar os campeonatos Paulista e Brasileiro da modalidade Seven.
O time foi fundado em junho de 2011, nascendo da iniciativa dos atletas Rodrigo Oliver e Juninho, que defendiam o Jaguars Rugby, de Jaguariúna. Com interesse em desenvolver o esporte na cidade, mas precisando de um campo, em 2010, Oliver acionou o Departamento de Esportes da Prefeitura, então comandado por Marcos Dias dos Santos, o Marquinhos, que se entusiasmou, dando início a uma parceria.
Para apresentar o rugby à cidade, foi promovido um amistoso entre o time de Jaguariúna e o Vikings, no Estádio José Geraldo Solidário, no Mirante, o que ajudou a despertar o interesse de curiosos. O rugby no Brasil é praticado em campos de futebol adaptados. No ano seguinte, o Mogi Rugby nasceu, atraindo jogadores com divulgação em academias, escolas e redes sociais. Os treinos eram na Faculdade de Tecnologia (Fatec) Arthur de Azevedo. “A gente teve dificuldade para atrair o público por ser um esporte pouco conhecido”, lembra Oliver.
Alguns já conheciam, outros até brincavam em uma quadra, mas não sabiam que nascia um trabalho em Mogi. No primeiro treino, seis jogadores apareceram. O hoje atleta e técnico Diego Magalhães, que divide a função de treinador com o jogador Bruno Motta, já curtia rugby pela televisão e videogame e ficou surpreso ao saber que Mogi tinha uma equipe.
Posteriormente, um Rugby Day foi promovido no Complexo Lavapés. Mogi ficou em terceiro entre seis equipes. Em 2012, a equipe evoluiu e foi campeã das duas únicas etapas do Circuito Café com Leite.
Atualmente, os treinos ocorrem no Centro Esportivo Ocílio Rottoli, o Tucurinha, nas tardes de sábado, e em Mogi Guaçu.
Motta entende que Mogi pode chegar a disputar o Paulista e Brasileiro de Seven, mas precisa de apoio. A equipe está providenciando o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). O projeto é em três anos ter um time de Union, que conta com 15 jogadores. Hoje, o elenco tem 15 atletas, considerado ideal para a modalidade Seven, em que cada time tem sete atletas e na qual Mogi atua. A ideia é promover outro Rugby Day na cidade, no segundo semestre, até para atrair adeptos.
Apesar das regras rígidas, com valorização do respeito e companheirismo, a brutalidade do rugby exige coragem e apaixona de cara. “No primeiro dia, já apanhei tanto e bati tanto que apaixonei. Tem gente que fala: você é louco de jogar isso, nem sabem o que é o rugby”, destaca Motta.
Umas das atrações é o terceiro tempo, que para muitos é a melhor parte, com a confraternização após os jogos, reunindo adversários, com cerveja e brincadeiras.
Projeto internacional, Corinthians, seleção…
Privilegiado pela localização, o Mogi Rugby viveu um momento importante de evolução em 2013, quando teve a oportunidade de participar de um projeto internacional. A Inglaterra enviou 12 jogadores ingleses para unidades do Serviço Social da Indústria (Sesi), visando difundir o rugby no Brasil. Um dos Sesis foi o de Mogi Guaçu, que recebeu o inglês Richard por um ano. Como o Guaçu não conta com um time, a equipe mogimiriana foi procurada para uma parceria. Hoje, o time Mogi Rugby conta com treinos nas duas cidades e também representa o Guaçu.
Com a chegada de Richard, o jogador da seleção brasileira Reinaldo veio conhecer o treino e passou a treinar junto, além de jogar em amistosos. Reinaldo questionou os atletas se não teriam vontade de participar de seletivas para tentar uma vaga na seleção e ouviu o óbvio sinal positivo. Como o Corinthians tem a diretoria formada por ex-jogadores da seleção, também acabou sendo aberta uma porta para os atletas de Mogi fazerem testes na equipe. Em 2013, alguns jogadores como Bruno Motta e Rafael Vallin disputaram o Paulista pelo Corinthians. O time de Mogi ainda abastece outras equipes. Cinco jogadores defendem o Jaguars, de Jaguariúna. Motta é um dos que sonham jogar na seleção, mas teria que se entregar mais ao esporte. “Teria que largar tudo”, comenta o jovem, que atua com mecatrônica.
Magalhães é outro a sonhar com seleção, até porque o rugby vai se tornar um esporte olímpico em 2016. “Estou treinando forte para isso”, revela.
O interesse no rugby é despertado das mais variadas formas.
César Silva, o Samoa, foi jogador de futebol até os 20 anos, chegando a defender o Anapolina-GO. Parou para cursar Veterinária e descobriu o rugby na universidade. “O rugby é um hobby, gosto pela união, todo mundo depende de todo mundo”, comenta.
Meninas também tentam formar um time
Inspiradas no time masculino, um grupo de garotas busca formar um time, mas esbarram no desinteresse das amigas. Nos treinos, as meninas fazem o aquecimento separado, mas depois participam de atividades com os homens. Os movimentos mais bruscos são moderados pelos rapazes para evitar machucar as garotas.
Sobrinha de um jogador, Raquel Oliveira conheceu o rugby em 2012, ao assistir o campeonato Café com Leite a convite do tio. O que a fascinou foi a união exigida pelo rugby. “É a parceria, não dá para fazer nada sozinha, isso me encantou”, conta.
Então Raquel decidiu convidar as amigas para montar um time, mas poucas são as interessadas. Há apenas quatro garotas, na faixa etária juvenil. O time feminino já chegou a ser maior, atraindo até 12 meninas em um treino, mas o número foi caindo pouco a pouco. “É muita frescura, elas têm medo que quebrem a unha”, conta a atleta Duda Souza, alfinetando as meninas que fogem do rugby.
Ex-atleta de handebol do Clube Mogiano, Lorena Ferreira acabou gostando mais do rugby. “O rugby você depende mais da equipe”, analisa.
Oliver sonha ver a equipe crescer para promover um amistoso contra outro time feminino, pois as atletas ainda não disputaram jogo algum. Até mesmo a participação de times femininos de outras cidades no Rugby Day pode ajudar a atrair interesse. “A gente quer provar que o rugby qualquer um pode jogar, mulher, gordo, magro, alto, baixo”, resume Oliver.