De volta ao Boteco, o ex-presidente da Câmara Municipal, Albino Peres de Barros, o Bino, primo do ex-presidente do Mogi Mirim, Wilson Barros, relembra a festa do acesso em 1985 e revela uma curiosa história com Galvão Bueno.
Boteco – O que você lembra de marcante no acesso do Mogi?
Bino – Foi aquela festa na Praça Rui Barbosa, lotava o campo. Lembro que depois que subiu precisou alugar arquibancada de ferro de estrutura para colocar atrás do gol para dar o número de torcedor. Contra o Palmeiras deu quase o dobro do que cabia no campo, primeiro jogo do Mogi depois que subiu. Mais ou menos isso.
Boteco – E a torcida foi toda pra Praça?
Bino – Foi uma festa, tinha a Kaiser em Mogi Mirim, a Kaiser deu um caminhão de chope e esse caminhão rodou o Centro da cidade inteirinho dando chope para todo mundo.
Boteco – A torcida era mais próxima do time na época?
Bino – Mais fanática. Tinha o Sebastião do Trombone, era um senhor que morava aqui no Tucura e ele ia nos jogos e levava o trombone pra tocar e tocava na beira do alambrado.
Boteco – E o Cação?
Bino – Cação era corneta, Sebastião era mais velho. O Cação, uma vez, em Itapira, Mogi e Itapirense, roubaram a corneta dele. Aí fizeram uma vaquinha no Jovem Bar do Davi para arrecadar dinheiro para comprar uma corneta pra ele.
Boteco – Quando o Wilson chegava aos estádios do estado com você, os torcedores o reconheciam?
Bino – A torcida não conhecia. No ano 2000, essa história é interessante. Eu fui assistir à Copa América no Paraguai e depois que terminou o jogo, nós fomos pro hotel. Estávamos eu e mais dois amigos de Mogi Mirim. Fomos só para assistir a final da Copa América.
Boteco – E aí iriam ficar uns dias lá?
Bino – Não, fomos assistir e viemos embora, dormimos lá dois dias. No dia que chegamos, e no dia pra vir embora. Dá 1240 quilômetros para você ter uma ideia, daqui a Assunção, fomos com meu carro. Fomos direto, demorou umas 20 horas, mas em três dirigindo, parava, trocava, comia uma pamonha na estrada, um caldo de cana e assim fomos devagarinho. Paramos em Curitiba. Depois fomos pro hotel onde estava a seleção para ver a jogadorzada. Estava o Galvão Bueno e Arnaldo César Coelho. Ele falou: “esse Arnaldo César é xarope, gostoso é fazer futebol com o Casagrande”.
Boteco – Falou para vocês?
Bino – Falou. Ele percebeu porque a gente estava com a camisa do Mogi Mirim com o distintivo do Mogi de um lado e da seleção do outro e escrito Barros. “Vocês são de Mogi Mirim, são Barros?”. “Sou primo do Wilson”. Ele falou: “um dos dirigentes mais honestos do futebol brasileiro”. Escutei isso do Galvão. Da boca dele. Isso eu posso falar porque o Galvão falou, se ele falar que não falou é mentira. Seria até bacana ele confirmar. Aí falei que ele precisava vir em Mogi fazer um jogo. “Um dia a gente vai”. Mas precisava disputar um título pra ele vir, agora tá difícil. Com quem eu tive também uma vez, fui passar um Réveillon com o Nino, o Nino chegou a jogar no Mogi, jogou no Bangu do Rio, 1966 o Bangu foi campeão carioca, o Nino estava no Bangu. Nós estávamos no hotel e quem estava lá. Oscar Roberto de Godoy, juiz, que tem um programa. Gosta de (sinal de beber com a mão)… rum e gosta mesmo. Não lembro de qual cidade ele é do interior. Falou que quando jogasse com o Mogi, a gente ia apostar uma garrafa de rum. Apostamos, mas não cruzamos mais. Gente boa, bom papo, sabe tudo de futebol.
Boteco – Bino volta para recordar curiosidades nas viagens para assistir a duas Copas do Mundo que decepcionaram os brasileiros: 1982, na Espanha, e 1998, na França.