sábado, novembro 23, 2024
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Bonetti revela que verba do Mogi ia para Rivaldo em negócio oculto

Ex-vice-presidente do Mogi Mirim e ex-procurador de Rivaldo, Wilson Bonetti, fez uma revelação bombástica em defesa à Justiça no processo em que associados antigos buscam a anulação da transferência dos CTs do clube para o craque.

Acusado por Rivaldo de ter agido de má fé ao assinar um termo de acordo sem o seu consentimento em que foi assumido o compromisso de arcar com as despesas e preservar o patrimônio do clube, Bonetti revelou a existência de um negócio do ex-presidente do Mogi com o investidor Miradil Djalalov, do Bunyodkor, do Uzbequistão, onde o ex-jogador atuava. Segundo Bonetti, a Zeromax GMBH, empresa de Djalalov, bancava o Bunyodkor e fechou uma parceria para assumir as despesas do Mogi, deixando Rivaldo tranquilo quanto a gastos. Foi por este motivo, segundo o ex-procurador, que Rivaldo aceitou assumir, no final de 2008, as despesas do Mogi e o compromisso de preservar o patrimônio. Bonetti diz que Rivaldo autorizou o termo e que sua procuração lhe permitia assumir o acordo.

Bonetti conta que a parceria com a Zeromax foi, enfim, fechada em 2009 com vigência até dezembro de 2011. A empresa pagaria 114.532.000 euros mensais direto na conta do clube em troca de receber 50% dos direitos econômicos de atletas que o Mogi negociasse. A parceria não foi divulgada à imprensa, ficando oculta para a torcida.

Bonetti diz não saber se craque devolveu verba ao Mogi Mirim. (Foto: Arquivo)
Bonetti diz não saber se craque devolveu verba ao Mogi Mirim. (Foto: Arquivo)

Bonetti conta que os pagamentos chegaram a R$ 3,4 milhões. Porém, foram feitos direto na conta de Rivaldo e não na do Mogi como previsto no contrato. Após um período, o pagamento foi cessado pelo investidor enfrentar uma crise financeira.

Segundo Bonetti, Rivaldo jamais imaginou que teria que investir tanto e depois ter que ser ressarcido com os CTs. Bonetti ainda afirma que até quando esteve no Mogi a verba da Zeromax não havia sido repassada ao Sapo e não sabe se depois Rivaldo aportou essa verba no clube ou deduziu de seu crédito. O ex-procurador pede à Justiça uma perícia para apontar se o valor foi recebido pelo clube.

Questionado se o valor foi transferido ao clube, o advogado de Rivaldo, Bettelen Ferreira, disse que não comentaria assuntos do processo. Por outro lado, lembrou que Rivaldo tem um processo na Fifa por não ter recebido o que deveria no Uzbequistão. “O Mogi nem o Rivaldo receberam nada do Uzbequistão”, apontou.

Questionado sobre os R$ 3,4 milhões citados, repetiu que não comentaria a ação e que as movimentações poderiam ser conferidas nos balancetes.

Queixa-crime

O ex-vice chegou a entrar com ação propondo uma queixa-crime contra Rivaldo por difamação pelo fato do ex-presidente ter dito que foi vítima de sacanagem de Bonetti em virtude da assinatura do termo. Porém, a Justiça considerou que, embora Bonetti possa ter se sentido ofendido, as declarações não tinham peso para merecer o acolhimento da ação.

Rivaldo nega ter dado entrevista em 2008 e desqualifica associados

Em defesa no processo movido por antigos associados para anulação da transferência dos CTs, o ex-presidente do Mogi Mirim, Rivaldo Ferreira, nega ter dado entrevista ao jornal O Impacto em 2008, em que aponta a intenção de não dilapidar o patrimônio do clube. Rivaldo diz que as declarações publicadas como suas foram na verdade ditas pelo seu ex-procurador Wilson Bonetti, sem o seu consentimento.

Bonetti garante que Rivaldo solicitou para que algum jornal fosse contatado como forma de pressão social para dar uma entrevista manifestando seu interesse em assumir o Mogi. Desta forma, O Impacto foi procurado e Rivaldo concedeu entrevista por telefone, do Uzbequistão. Bonetti considera absurda a alegação de as declarações publicadas no jornal não seriam de Rivaldo. “Que jornalista se prestaria ao papel de mencionar que um jogador de futebol, conhecido mundialmente, lhe concedeu entrevista exclusiva, mas na realidade foi outra pessoa e correr o risco de ser desmascarado”, questiona, na defesa.

Rivaldo diz ter feito empréstimos a juros de 1%, sem correção. (Foto: Arquivo)
Rivaldo diz ter feito empréstimos a juros de 1%, sem correção. (Foto: Arquivo)

Rivaldo diz ter autorizado Bonetti apenas a negociar os valores da transição e acusa seu ex-procurador de agir com dolo, para prejudicá-lo, pois se gastaria dinheiro sem retorno. O craque diz que não pagaria milhões por um clube deficitário sem liberdade de ação e garantia patrimonial. O ex-presidente aponta na defesa que o termo não foi registrado no clube.

Rivaldo afirma que os empréstimos ao Mogi foram feitos a juros de 1% ao mês, sem correção monetária. Na defesa, diz não ter dilapidado o patrimônio do clube, mas sim ter investido recursos para valorizá-los e preservá-los, apenas tendo sido ressarcido depois. Afirma ainda que os CTs não foram avaliados abaixo do real valor de mercado, mas acima.

O craque diz ainda não haver provas de que os autores da ação, Henrique Stort, Alceu Carlos dos Santos e Ivan Bonatti, são associados e assim não poderiam reclamar de algo de domínio de sócios. Afirma a defesa não haver prova da adesão deles à associação. Diz existir alguns documentos de 1988, mas mesmo que tivessem sido sócios no passado, entendem já terem se desligado por renúncia por ter se ausentado por muitos anos. Aponta a ação que mesmo se fossem associados não teriam o direito de reclamar algo do Mogi Mirim, pois o associado não pode requerer direito da associação.

 Luiz tem posição pró-Rivaldo no caso dos CTs

O posicionamento atual do Mogi Mirim Esporte Clube, hoje presidido por Luiz Oliveira, no processo é semelhante ao de Rivaldo.

O clube aponta que os autores da ação não são sócios e mesmo se fossem não poderiam requerer algo pertencente ao clube. Afirma ainda que o Mogi não reconhece o termo de compromisso, pois não foi registrado no clube.

A atual diretoria considera ainda que a transferência foi regular como forma de quitar dívidas e não gerou prejuízo ao clube. Para a gestão de Luiz Oliveira, a ação pedindo a nulidade da transferência deve ser julgada improcedente.

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