sábado, abril 19, 2025
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Boteco: Aritana e a falta de humildade no futebol

No último capítulo de suas aventuras no Boteco, o ex-profissional Aritana recorda histórias no futebol amador de Mogi Mirim e região e explica porque a falta de humildade prejudicou sua carreira.

Boteco – Muitas histórias no futebol amador, Aritana?

Aritana – Tinha um cara, Seo Durval, de Tujuguaba, um dos maiores fazendeiros de Conchal. Ele ia me buscar em Leme, depois do jogo do Lemense (profissional), às vezes eu fugia da concentração para jogar semifinal, final do Amador.

Boteco – Você fugia bastante?

Aritana – Para sacanagem, não. Só para jogar. Mas não fui mais longe porque não era humilde. Hoje eu falo para molecada, humildade. Eu achava que era o bom.

Boteco – Você brigava?

Aritana – Brigava, não treinava, sacaneava no treino. Fazia corpo mole. Eu falava: eu tenho que jogar. Isso prejudicou para caramba, era para eu jogar em time grande. Eu fechei portas, tive uma proposta do Atlético-PR, não fui, os caras me barravam. Guarani queria. Coritiba queria.

Boteco – O presidente do Lemense não se dava bem com você?

Aritana – Os técnicos faziam a cabeça: esse moleque é dor de cabeça. Só que eu dava conta do recado, mas achava que era o que não era. Eu vinha jogar Amador e arrebentava, era campeão no Guaçu, em Itapira. Eu achava que era o Pelé. Você pega o Amaral, aqui de Mogi, o Willian Magrão, olha o currículo deles. Grêmio, Vasco. E a humildade dos caras? O Amaral todo mundo quer, ele chega no grupo, vai correr pros caras, os caras gostam dele. Se você chegar, o grupo e o treinador gostar de você, você não fica desempregado nunca.

Boteco – Lembra de alguma do seu irmão Vê?

Aritana – O Vê era sacanagem. Teve um jogo, semifinal, nós (Colorado) contra Martim Francisco. Nós invictos. Vicente Cione entrou no vestiário e disse: “Tem um cara no Martim, que é fera, o Clodo”. O Clodo tava aparecendo aquela época. Aí o Marcinho, Borná e o Vê começaram a rir. “Quem é Clodo?”. Começou o jogo, Clodo driblou todo mundo: 1 a 0. Pegou a bola de novo, 2 a 0. Acabou o primeiro tempo, o Vicentão falou: “vocês conhecem o Clodo agora?”. Começou o segundo tempo, eu fiz 2 a 1. Oscarzinho de falta 2 a 2. Marcinho 3 a 2. Aí o Marcinho chegou pro Vicente no banco: “você conhece o Clodo… Agora, você conhece o Marcinho?”.

Boteco – Do Amador você foi campeão por quais times?

Aritana – Tucura, Vila Dias e Colorado. No futsal, sou o maior artilheiro da história em um campeonato, 58 gols em 1994. Joguei Paulista por Clube XV e São José. Salão fui umas 10 vezes campeão, umas 10 vezes artilheiro.

Boteco – Houve um momento em que você estava ganhando bem no Amador e não compensava jogar profissionalmente?

Aritana – No profissional, você ganhava um salário mínimo e meio. No Amador, eu jogava dois jogos por domingo, um sábado. E em Tujuguaba, ganhava muito dinheiro, fui 8 vezes campeão lá. Esse Seo Durval é um dos caras mais ricos que tem em Conchal. Ele me ligava: “vou te pegar aí. O que você tá precisando?”. Eu falava: “de nada”. E ele: “Então, amanhã eu deposito alguma coisa. Eu falava: “não quero que deposite, vim porque gosto do senhor”. No outro dia, vou lá, 500 contos. Teve um dia, cheguei em casa, ia precisar de um dinheiro, fui no banco tirar, tinha 900 reais, ele pagava 50 por jogador. Eu liguei: “Seo Durval, você fez alguma coisa errada. Tem 900 reais na minha conta”. Ele falou: “compra uma moto pra você, rapaz”. Ele tinha duas casas de aluguel em Mogi. Às vezes falava: “Você tá fazendo alguma coisa? Recebe o aluguel para você lá”.

Boteco – Valeu Aritana!

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