domingo, setembro 15, 2024
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Em chamas: Bombeiros registram 80 focos de incêndio em apenas 7 dias

A Brigada de Incêndio de Mogi Mirim teve um final semana incomum. De sexta-feira a domingo da última semana, foram registrados 39 focos de incêndio em matagais e terrenos, somente no território de Mogi Mirim, sem contar as ocorrências nas cidades vizinhas, como Mogi Guaçu e Itapira. Até quinta-feira à noite, a Brigada havia contabilizado um total de 80 focos, em apenas sete dias.

Fogo na Campininha começou na mata que margeia a estrada vicinal (Foto: Fabrício Leme de Morais-Gazeta Guaçuana)

Devido ao calor intenso e à escassez de chuvas, o índice de incêndios na cidade tem sido alto e já superou os atendimentos realizados no ano passado, no mesmo período, quando a média era de dez boletins de ocorrência por dia, enquanto hoje são de 13. O motivo de tantas chamas espalhadas pelos ares do município, segundo os bombeiros, não se trata da falta de estrutura da Brigada Municipal, mas sim da falta de consciência da população, que insiste em fazer a limpeza dessas áreas ateando fogo em resíduos e lixos, ao invés de aguardar pela coleta da Prefeitura.

No dia 3 deste mês, um domingo, uma área de proteção ambiental de 4 mil m², localizada à Avenida Marginal Romário Schincariol, próximo ao Distrito Industrial Luiz Torrani, foi consumida por um incêndio. Os motivos ainda são desconhecidos.
Já no sábado, uma área verde às margens da Rodovia SP-147, situada atrás de um posto de combustíveis, ficou tomada pelas chamas. O fogo, que começou por volta das 14h, só foi totalmente controlado à noite, perto das 19h, por uma equipe da Brigada de Incêndio. Naquele mesmo dia, outras nove chamadas foram atendidas.

Incêndios são provocados pelo homem; causa natural é mínima (Foto: Divulgação)

Ainda de acordo com os bombeiros, as circunstâncias levam a crer que os incêndios são criminosos, ou seja, iniciados por ação humana, seja propositalmente ou por descuido. Causas naturais, como raios, representam porcentagem mínima. Em muitos casos, os profissionais chegam até a encontrar animais silvestres mortos. Além de ser prejudicial à saúde, existe o risco das chamas se alastrarem para imóveis vizinhos.

A Brigada de Incêndio possui dois caminhões autobomba que são suficientes para atender os casos de fogo concentrado com eficiência, conforme esclareceu o secretário de Segurança Pública, José Luiz da Silva. Já o atendimento das ocorrências de fogo em mato é dificultado porque as queimadas são registradas em pontos pulverizados da cidade. Em situações como essa, Silva explicou que os bombeiros usam o abafador de chamas, equipamento especificamente usado em combate a incêndio em matas.

“Não podemos trabalhar com dois caminhões em fogo em mato. E se, de repente, ocorre um incêndio em uma residência, que requer atendimento imediato?”, ponderou o secretário. O batalhão está preparado para atender às solicitações da população, que podem ser feitas pelo telefone de emergência 193.

É crime
Causar incêndio é crime sujeito à reclusão, como previsto no Código Penal, inclusive em lavoura, pastagem, mata ou floresta. Além disso, a legislação federal classifica como crime ambiental causar poluição que resulte em danos à saúde, a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora, sob pena de reclusão e multa. Na área municipal, a punição para a queimada em terrenos é regulamentada pela Lei 5223/2011, que veda o uso do fogo na limpeza de imóveis abertos, fechados total ou parcialmente.

Constatada a prática, sendo provocada ou não pelo proprietário do terreno, a Prefeitura aplica multa no valor de R$ 2,28 por metro quadrado do terreno onde ocorreu a queimada. Caso o imóvel particular esteja notificado para realização da limpeza e ocorra a queimada, a multa é aplicada em dobro. Após o recebimento da multa, é possível protocolar recurso no prazo de até 30 dias.

Área verde, localizada às margens da Rodovia SP-147, ficou tomada pelas chamas (Foto: Divulgação)

Para a autuação não é necessário que a fiscalização aplique a multa no momento do fogo, basta que o imóvel apresente indícios de queimada. O proprietário que não mantém seu terreno limpo acaba favorecendo a propagação do fogo. Para coibir as queimadas, a legislação municipal determina a retirada do mato e do lixo dos terrenos. Além disso, proprietários de terrenos devem manter o local com passeio pavimentado e fechado no alinhamento com muro de alvenaria ou tela de arame, com altura mínima de 1,80 metro, quando o imóvel tiver frente para logradouro dotado de pavimentação, guias e sarjetas.

A população pode contribuir para combater as queimadas, apresentando denúncias ao Setor de Serviços, pelo telefone 3805-2132. Recebida a denúncia, a equipe de fiscalização da Prefeitura verifica o local, fotografa e, caso haja indício de fogo, encaminha o formulário de multa à Secretaria de Finanças. Já nas áreas de proteção ambiental permanente, a autuação é realizada por órgãos federais e estaduais.

Danos à saúde
Nessa época do ano, emergências hospitalares recebem um grande número de pessoas com problemas respiratórios causados pela fumaça dos grandes incêndios. Quanto maior a proximidade da queimada, maior o seu efeito à saúde. Por esse motivo, especialistas alertam para o cuidado redobrado da população.

Causar incêndio é crime; população deve denunciar a prática (Foto: Divulgação)

Por isso, quem vive próximo a essas áreas de incêndios também deve tomar algumas medidas de proteção. Fechar janelas e portas e umidificar o ambiente de casa é uma das alternativas. Isso porque, de acordo com informações do Portal Brasil, a inalação resultante das queimadas pode ocasionar injúria pulmonar, que é um processo inflamatório do tecido respiratório.

Quem já possui complicações respiratórias pode ter agravamento dos sintomas, caso fique exposto à fumaça. Além disso, o calor excessivo por situações de queimada pode afetar a saúde dos olhos, a mucosa do nariz e causar queimaduras na pele.

Fazenda Campininha é incendiada

Um incêndio de grandes proporções também atingiu a Fazenda Campininha, localizada em Martinho Prado, Distrito de Mogi Guaçu, na manhã de terça-feira. O fogo começou na mata que margeia a estrada vicinal, no sentido Chácaras Alvorada. O tempo seco e o vento contribuíram para que o fogo se alastrasse.

Homens trabalham no controle do incêndio que atingiu a Fazenda Campininha (Fabrício Leme de Morais-Gazeta Guaçuana)

Além dos dois caminhões de combate a incêndio do Corpo de Bombeiros e dos caminhões-pipa da fazenda, foram enviados caminhões da Usina São João, de Araras, e da Chamflora, com apoio do helicóptero Águia da Polícia Militar (PM).

A Fazenda Campininha é composta por área de produção de resina, de madeira e de proteção permanente. A unidade é uma das mais importantes do Instituto Florestal do Sistema Ambiental Paulista. A suspeita da Defesa Civil do município é que o incêndio tenha sido criminoso. (Com informações de Karina de Araujo da Gazeta Guaçuana)

Número de queimadas

Atendimentos já superam os realizados no mesmo período em 2016 (Foto: Divulgação)

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Programa de Queimadas, Monitoramento de Satélites, mostrou em seu último relatório, divulgado no primeiro semestre deste ano, que o número de focos de queimada vem aumentando pelo Brasil desde maio. No período de 1º a 24 do mesmo mês, o número de focos de fogo era de 2.731 e saltou para 7.565, em junho.

Em julho, foram contabilizados 13.707 focos. Em todo o Brasil, atualmente, já são mais de 31 mil focos de queimadas registrados somente entre 1º de janeiro e 24 de julho. Junho e julho são meses onde o número de focos aumenta chegando ao ápice entre agosto e setembro.

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