Hoje atleta de futebol amador, o atacante Bruno Augusto recorda como surgiu a chance de defender o Grasshopper, da Suíça, e aborda curiosidades na adaptação ao país europeu.
Boteco – Como surgiu a chance de você jogar na Suíça?
Bruno – A gente (Mogi Mirim Esporte Clube) fez um amistoso contra o Guarani e eu não conhecia o Bernardo (ex-jogador do São Paulo e empresário). Eu conheci pelo Serrão, que conhecia ele. Eu vi assim, ele era negro, da altura do meu pai, alto. Pensei: será alguém famoso? Ele veio com um representante do Grasshopper, da Suíça, ver o Deyvid Sacconi, que estava no Guarani. Eu estava na reserva. Estava 0 a 0, o Serrão me chamou. Eu entrei e fui bem, eu caía pros lados, tinha muita velocidade, tive duas oportunidades e fiz dois gols nesse jogo-treino. Mogi ganhou o amistoso, 2 a 0 ou 3 a 1, um negócio assim. Depois o Bernardo começou a entrar em contato com Serrão, falou que gostou muito de mim. O gerente da Suíça, que veio ver o Deyvid Sacconi, acabou também gostando.
Boteco – Aí vocês fecharam?
Bruno – Aí houve a transação. Houve essa oportunidade e até as coisas encaminharem, ajeitar para eu ir para lá, eu ia pro time A, Primeira Divisão, em Zurique. Aí cheguei lá, já fui sozinho, que ele (Bernardo) não pôde viajar. Fui de São Paulo a Milão, tinha um colega dele me esperando em Milão, ele pegou o carro na casa dele e fomos pra Zurique… Eram cinco, quatro horas de carro. Ele me deu total acesso lá, liberdade, comprou celular, comprou chuteira, agasalho, para eu ficar. Eu fiquei no alojamento do time.
Boteco – Qual a primeira impressão quando chegou?
Bruno – A primeira impressão é ruim porque estava muito frio, não era aquele frio da Suíça, mas estava frio.
Boteco – E os companheiros de time, algum brasileiro?
Bruno – Tinha três jogadores brasileiros, a roupeira era brasileira e tinha um brasileiro que cuidava do campo.
Boteco – E era gostosa a cidade?
Bruno – Lá muda muito. Inverno, tudo seco. Primavera começa a florir, coisas do mato. Verão está muito lindo, calor imenso. Quando é frio é frio, calor é calor, bem definido. Saía bastante, ia pro Centro de Zurique, passeava, tinha o lago, a gente ia no Thermas na época do frio, piscina aquecida. O Gabriel, um jogador brasileiro, tinha carro, a gente saía bastante para conhecer a cidade.
Boteco – Como era a alimentação?
Bruno – Era bem diferente, eu senti muito. Não tem feijão, feijão nosso aqui é o ferro nosso, o forte. Então só tinha arroz, frango, frango diferente, pequenininho, mas inteiro. E tinha as misturas diferentes. Aos poucos fui adaptando.
Boteco – Não tinha churrasco?
Bruno – Fizemos um churrasquinho na casa de um colega meu, mas senti o feijão. Quem me deu uma tapoer de feijão foi a roupeira brasileira. Ela me levou na casa dela, que era casada com um suíço. Quando cheguei para comer feijão, até deu uma moleza danada. Praticamente dois meses sem comer feijão. Aí ela me deu uma tapoer de feijão e quando eu ficava no alojamento, esquentava no micro-ondas e foi indo.
Boteco – E a cerveja?
Bruno – Era bem diferente, eu tomava uma cervejinha ou outra, até o refrigerante era diferente, Coca-Cola, Sprite, Fanta diferente, não era adocicada como aqui, era mais cítrica, algumas coisas eram diferentes. Mas eu me adaptei.
Boteco – Bruno volta para contar como era a comunicação com as mulheres, como foi em campo e revelar o desentendimento com um dirigente, que o fez abandonar o clube.