Uma peça de teatro chamada Buraco de Minhoca, da Cia. Usina de Teatro, de Mogi Mirim, está sendo apresentada aos alunos da rede municipal da cidade vizinha, Mogi Guaçu. A peça tem uma temática diferenciada, pois trata de forma lúdica, junto aos pequenos, sobre o trabalho infantil. Até o final deste mês, cerca de sete mil crianças da rede terão assistido o espetáculo, que chega até as escolas para informar sobre o assunto por meio de uma linguagem de palhaços – o que cria empatia junto às crianças. A peça é fruto de uma ação realizada pelo Governo Federal através das ações estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, o Peti.
Por meio da produtora Tríade Teatral, da diretora da Buraco de Minhoca, a atriz Angélica Colombo, a Cia. Usina realizou o trabalho e venceu a licitação para levar o espetáculo até as crianças. A peça será apresentada ao público também na nona edição do Festival de Teatro de Mogi Guaçu, na terça-feira, às 20h, no Teatro Tupec. A entrada é gratuita e qualquer pessoa pode conferir o espetáculo, que tem 45 minutos. A Cia. Usina de Teatro está concorrendo no Festival junto a outros grupos. Quem quiser colaborar pode doar um quilo de alimento na entrada da peça. As doações serão encaminhadas para entidades da cidade.
“A intenção da peça é rodar o Estado de São Paulo, depois ir para outros Estados. Achamos que a peça passa uma mensagem importante, pois não estamos falando de crianças que ajudam os pais nos afazeres domésticos, estamos falando de crianças que são proibidas de estudar para trabalhar, e de crianças que até assumem o papel de adulto em casa enquanto os pais se drogam ou não querem trabalhar”, explicou a diretora da peça, Angélica Colombo.
A peça está sendo apresentada para crianças do 1° até o 6° ano, com idade entre 6 e 12 anos, e cerca de 15 escolas já recebem a Cia. Usina de Teatro, na zona urbana e também na rural. Mas até chegar ao ponto da apresentação, Angélica explicou que foram feitas muitas pesquisas para que o tema fosse exposto da maneira exata, sem deixar dúvidas nos pequenos. “Foi um desafio, pois como falar de um problema desse com a criança sem que ela chegue em casa falando aos pais que nunca mais vai lavar louça porque é exploração? Nosso receio era esse, como falar desse assunto deixando bem claro sobre o que é considerado exploração. Mas, através da linguagem do palhaço, encontramos uma forma divertida e leve de dialogar com as crianças sobre esse assunto. No início, tínhamos muitas dúvidas, por isso pesquisamos junto às assistentes sociais e psicólogas da Promoção Social de Mogi Guaçu. Foi uma pesquisa bem profunda e muito rica de informações, que só nos acrescentou”, destacou Angélica.
Participam do elenco de Buraco de Minhoca: Angélica Colombo, André Luiz Rodrigues e Evandro Braga. A direção, conforme já mencionada, é de Angélica Colombo, a cenografia é de André Luiz Rodrigues e a companhia teatro responsável é a Cia. Usina de Teatro, de Mogi Mirim.
Buraco de Minhoca e opinião das crianças
A peça trata sobre uma viagem no tempo feita por meio de um buraco de minhoca, por esse motivo o nome da peça é Buraco de Minhoca. Nessa viagem, o objetivo é consertar situações que estão erradas. “Usamos esse nome para a máquina porque tem uma teoria do buraco de minhoca que foi desenvolvida pelos físicos Albert Einstein e Nathan Rose. Eles acreditavam na possibilidade de ser possível realizar viagens no tempo por meio de buracos que atuam como portais e que permitiriam o trânsito entre o futuro e passado, ou ligar duas regiões distantes do espaço”, explicou a Cia. Usina.
Assim, a temática foi trabalhada e os alunos, sejam da zona rural ou urbana, conseguiram entender sobre o tema e até dialogaram com os artistas. “Fizemos apresentações em escolas rurais e as crianças vinham falar para nós que elas trabalham na roça, mas que não faltam da aula para trabalhar. Já outras disseram que as mães ou tias obrigam elas faltarem para limpar a casa ou cuidar dos irmãos mais novos. No início de abril, foi realizada uma apresentação na cidade de São Paulo, em uma escola da periferia próxima a uma estação de trem, onde as crianças disseram que são obrigadas a vender doces e elas correm risco de acidentes a todo o momento. A crianças vieram conversar com a gente sobre a peça e como se identificaram”, relatou a diretora, Angélica.