Lançar pneus velhos em terrenos baldios e lixões é crime ambiental, sem contar que aumenta o risco de formação de criadouro de mosquitos, ainda mais no final de ano, época de chuvas. Na Capital Paulista a Reciclanip, entidade do Sistema ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, inicia uma campanha maciça de conscientização para descarte dos pneus nos 250 pontos de coleta espalhados pela cidade.
Hoje 182 mil toneladas de pneus inservíveis – aqueles que não podem ser recuperados ou colocados em circulação – são coletados por mês e encaminhados para a destinação final ambientalmente adequada.
Somente nos primeiros nove meses do ano, mis de 334 mil toneladas de pneus inservíveis tiveram uma destinação adequada. Esta quantia equivale a 66,8 milhões de unidades de pneus de carros de passeio retirados das ruas, estradas e rios das 27 capitais brasileiras.
No ano passado, em todo o território nacional, o volume chegou a 404 mil toneladas de pneus velhos, 81 milhões de unidades.
Fabricação
A meta do Ibama é feita com um calculo que considera a produção interna mais os pneus importados menos os pneus exportados e menos aqueles que vão para as montadoras para equipar os carros novos.
Deste total são desconsiderados 30% referentes ao desgaste da banda de rodagem, ou seja, a formula da meta é = (Produção+Importação-Exportação-Equipamento Original) x 0,70. Em Campinas quem deseja descartar corretamente os pneus deve procurar a loja ou centro automotivo onde o item foi comprado.
O único ponto de coleta da Reciclanip na cidade fica no Departamento de Limpeza Urbana, na Av. Prefeito Faria Lima, 630, no bairro São Bernardo. No local foram deixados este ano 335 mil unidades para carro de passeio, o que corresponde a 1.673 toneladas de pneus.
O coordenador da Reciclanip, César Faccio, conta que o programa é desenvolvido em parcerias com as prefeituras, que cedem terrenos dentro das normas específicas de segurança e higiene para receber os pneus inservíveis. A entidade os recolhe e encaminha à destinação correta.
A borracha dos pneus é reaproveitada de diversas formas, por exemplo, na fabricação de solados de sapato, em borrachas de vedação, dutos pluviais, pisos para quadras poliesportivas, pisos industriais, tapetes para automóveis, além de combustível alternativo para as indústrias de cimento desde que usado filtros especiais de acordo com as orientações do Ibama. A fabricação de asfalto-borracha, uma das formas mais conhecidas de uso do pneu granulado, utilizou 3,6 mil toneladas o que equivale a menos de 1% das 404 mil toneladas recolhidas no ano passado. Geraram 960 km de rodovia com asfalto modificado.
Muitos pneus usados servem de material para reforma. Na NSA Pneutec, o diretor administrativo da empresa, Sidney Claro, diz que pneus de carros, utilitários, carga e fora da estrada (equipamentos de terraplanagem). A empresa reforma por mês 66 mil unidades.
Fornecidos por pessoas físicas, empresas de transporte de carga e passageiros urbano e rodoviário e construtoras e empresas de terraplanagens, aqueles que não são passíveis de reforma são devolvido aos clientes e eles dão destino junto aos revendedores de pneus novos. Em torno de 16% dos pneus enviados para reforma não têm condições de serem reformados.
De acordo com Claro, no Brasil são reformados 9 milhões de pneus de carga. Só perde para USA, hoje com 13 milhões. No meio ambiente, por exemplo, gera uma economia 57 litros de petróleo quando comparado ao pneu novo.
“Como reformadora, temos um papel importante no meio ambiente, já que a recapagem é um estilo de reaproveitamento do pneu que iria para o lixo”, defende.
A Bridgestone faz parte do programa de coleta gerenciado pela Reciclanip, uma das empresas fundadoras da Anip e que desde 1999 trabalha para a correta destinação dos pneus.
De acordo com Luiz Fernando de Palma – Gerente Geral de Assuntos Corporativos da Bridgestone, depois de triturados os pneus inservíveis podem ser reutilizados de diversas maneiras.
Além disso, no segmento de recapagem, as empresas reformadoras de pneus que compõem a rede Bridgestone Bandag destinam de forma correta o pó de borracha, um dos grandes resíduos do processo de reforma. “Este pó é utilizado como fonte de energia alternativa e também usado em quadras poliesportivas”, acrescenta.
Embora não exista incentivos econômicos sem descontos nas revendas na compra dos pneus novos para os consumidores que deixarem seus pneus velhos, a Bridgestone faz uma campanha educativa nas revendas com um banner “Ciclo de Vida do Pneu” para esclarecer os impactos de uma descarte irregular dos pneus.”
“Outro instrumento que utilizamos é a Internet com o vídeo Rastro do Medo” onde de forma de uma dramatização se procura conscientizar o consumidor sobre o descarte irregular dos pneus”, finaliza.