quarta-feira, abril 30, 2025
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Cancelamento do GP do Brasil de F1 causa polêmica

A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) anunciou na semana passada o cancelamento da edição 2020 do Grande Prêmio do Brasil. Será a primeira vez desde 1972, ano da estreia do GP do Brasil na Fórmula-1 que o país ficará fora do calendário. E a situação já causa polêmica.

Promotor do evento no Brasil, o húngaro Tamas Rohonyi fez críticas ao cancelamento em entrevista ao site Grande Prêmio. Responsável direto pela operação do acontecimento mais importante do calendário brasileiro no esporte a motor desde 1980, o proprietário da International Publicity deixou claro o seu descontentamento com a Liberty Media, organizadora da competição.

A LM justificou os efeitos da pandemia do novo coronavírus nas Américas para cancelar não somente o GP do Brasil, mas também as etapas dos Estados Unidos, México e Canadá neste ano. Tamas entende que a justificativa não é força maior. Pelo contrário, que é um “argumento inventado” pelos dirigentes norte-americanos e, por isso, não descarta até mesmo ir aos tribunais.

O húngaro deixou claro também que Jean Todt, presidente da Federação, não quer envolvimento com o imbróglio. “Eu perguntei à FIA se devemos considerar essa carta de cancelamento como válida e a resposta que me deram é que, se a FOM (Formula One Management). quer cancelar, eles não têm nenhuma objeção. Ficou uma coisa de ‘é, mas não é’.

Jean Todt é uma pessoa extremamente inteligente e já enxergou as eventuais consequências deste cancelamento e quer distância”, disse Rohonyi. O promotor foi perguntado, então, sobre quem é, na sua interpretação, o responsável pelo cancelamento da prova. É aí que Tamas revelou que há uma ‘batata quente’ entre a FIA e a FOM.

“Ainda está em aberto. Eu consultei alguém que é expert da legislação da própria FIA e esta pessoa, que não é brasileira, no entendimento dele, quem pode cancelar um evento que foi colocado no calendário pelo Conselho Mundial só pode ser o Conselho Mundial, ou seja, nem passaria pelo presidente da FIA”, explicou. Para ele, mesmo com os números elevados de infectados e mortos pela Covid-19 no Brasil, EUA e México, a pandemia não é força maior para cancelamento.

“Não, absolutamente não. Os contratos de Fórmula 1 só têm uma única cláusula que permitem o cancelamento, e isso para proteger os dois lados, que é a chamada força maior. Ou seja, é para um acontecimento que está totalmente fora de controle das partes. No caso da Fórmula 1, se um avião cai trazendo os carros ou se um autódromo é inundado, obviamente é um caso de força maior porque não há o que fazer. Fora disso, não existe nenhuma justificativa”, afirmou. Para o promotor do GP do Brasil, a razão para a não-realização dos GPs dos Canadá, México, EUA e Brasil não tem relação com a pandemia.

“Não é segredo que o verdadeiro motivo para o cancelamento das corridas nas Américas é meramente financeiro. São provas caras. Quanto custaria hoje contratar sete cargueiros, Boeing 747? Comparado com o ano passado, é quase o dobro. São custos elevados e eles não querem gastar. Então o raciocínio acaba sendo inventado, sim”, complementou. Por fim, quando questionado sobre quais ações a empresa responsável pela organização do GP do Brasil vai tomar a partir do cancelamento da prova, Tamas é claro: o imbróglio pode parar nos tribunais.

“O que podemos fazer é simplesmente tomar uma posição de que não concordamos com o cancelamento e que as condições apropriadas existem na cidade de São Paulo. Na semana passada, já foram permitidas corridas em Interlagos, dentro de certas precauções e seguindo o protocolo da FIA, então, francamente, é inaceitável. E, legalmente, nós ficamos numa posição muito difícil porque temos um contrato com a Prefeitura para fazer a prova. Então tem de haver uma definição clara de que, de fato, não vem para cá, com uma justificativa, e se esta não for aceitável, só nos resta questionar em juízo. Não tem escolha”, concluiu.

Foto: Getty Images

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