No terceiro capítulo de suas histórias, o técnico Carlos Júnior aborda a experiência vivida na Alemanha. Boteco – Você foi sozinho para a Alemanha?
Carlos – Eu fui através da Evangélica, de Paraúna-GO, onde eu era o treinador. E a Evangélica recebeu um convite para participar de 10 amistosos e o treinador da Quarta Divisão, o Senhor Märzke, gostou do meu trabalho e pediu para que eu ficasse como auxiliar permanente dele, no Stahl Brandenburg. E acabei ficando e aí passei seis meses.
Boteco – Disputou o campeonato da Quarta Divisão?
Carlos – Disputei, mais de 20 atletas foram comigo.
Boteco – O time era formado por alemães e brasileiros?
Carlos – Esse time tem mais brasileiros do que alemães. O Märzke gostou de quase 15 jogadores do meu time. Pegou todo mundo pro time dele. Por isso ele queria que eu ficasse. Porque ele passaria a informação para um dos meus atletas que fala alemão teoricamente bem. E o cara falaria pra mim e eu falaria com todos pra ele não ter que falar de um por um e ninguém iria entender alemão naquele momento. O Märzke é extremamente inteligente, foi treinador até da Champions.
Boteco – Ficou praticamente um time brasileiro no Alemão?
Carlos – Exatamente, fomos campeões da Quarta, está jogando a Terceira, foi campeão da Pokal, como se fosse a Copa do Brasil aqui, só que lá existem várias Copas do Brasil.
Boteco – Você acabou não ficando?
Carlos – Acabei não ficando, porque eu tive um problema com minha esposa, ela disse que se eu permanecesse… Eu tenho mulher e filho, ela me fez fazer uma escolha.
Boteco – Ela que manda?
Carlos – É ela que manda. Infelizmente é ela que manda.
Boteco – Gostou da vida na Alemanha?
Carlos – Demais, melhor lugar do mundo para se morar, de se aprender, de se viver, é Berlim.
Boteco – Curtia uma cervejinha alemã também?
Carlos – Nossa, lá tem umas cervejas extraordinárias.
Boteco – E extracampo, alguma história curiosa?
Carlos – Umas loucuras, pessoal é muito louco, de sair na noite, entravam no metrô de bicicleta, tudo bêbado (risos).
Boteco – Bebem mais que os brasileiros?
Carlos – Mas muito… O alemão bebe demais. Eu fui para uma festa, fiquei impressionado, vi um pai, o menino acho que não tinha três anos e ele dando chope ao menino.
Boteco – Como foi o estágio no Roma, da Itália? Alguma curiosidade?
Carlos – Passamos 20 dias. A gente foi fazer uma observação de todas as categorias e, no profissional, a gente viu que o pessoal tem uma educação fantástica. Foram de uma gentileza. “Brasileiro, vem cá”. Eu tava com a camisa da Chape. O Nainggolan parou pra tirar foto comigo. Ele, o goleiro da seleção, o Alisson.
Boteco – E como foi fazer estágio com Tite e Muricy?
Carlos – Fui mais pra aprender, já sabia que não podia dar pitaco, levei minha pranchetinha. Fui através de alguns cursos que me abriram a porta. Pessoal do Sitrefesp (Sindicato dos Treinadores) de São Paulo me abriu a porta na época do Tite (no Corinthians). E o Muricy foi através de amigos em comuns, que o Muricy foi treinador em Recife. Consegui fazer 15 dias de estágio com ele (no São Paulo), na época que foi tri. Foi muito importante passar pelo conhecimento deles.
Boteco – Carlos Júnior volta, no último capítulo de suas histórias, para lembrar a festa do acesso do Evangélica à Série A-2 do Campeonato Goiano e revelar sua estratégia para garantir o entendimento tático de seus jogadores.