sábado, novembro 23, 2024
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Carlos Júnior relembra acesso, idolatria e estratégia de vestiário

No último capítulo de suas histórias no Boteco, o técnico Carlos Júnior recorda a festa do acesso do Evangélica à Série A-2 do Campeonato Goiano, fala da idolatria vivida no Centro Limoeirense, em Pernambuco, e revela sua estratégia nos vestiários, antes dos jogos, para garantir o entendimento tático de seus jogadores.
Boteco – Como foi a festa na cidade no acesso do Evangélica?

Carlos – O clube há mais de oito anos já batia na trave, e subimos pra Série A-2. A cidade é muito grata, Paraúna. O pessoal de Paraúna é muito tranquilo, mas a Evangélica representa muito bem a A-2 de Goiás, o prefeito nos deu os cumprimentos, pessoal comemorou uma semana na cidade.

Boteco – E como foram os festejos?
Carlos – Depois que a gente ganhou, teve aqueles costelões no chão, todo mundo participou. Foi muito gostoso.

Boteco – Teve algum time que você se tornou o ídolo da torcida e que você pensa: esse é o time que me senti bem?

Carlos – Em Pernambuco, na Segunda Divisão, nós éramos cotados, se você perguntasse a 100 pessoas, todo mundo dizia, sobe o Centro Limoeirense e outro. E o Centro Limoeirense nunca tinha feito uma campanha desse jeito que foi comigo. Ficamos em terceiro, só sobem dois. E o melhor era o nosso e não subiu. Até hoje o pessoal lembra do nosso trabalho, eu tive em Limoeiro há uns quatro meses atrás a passeio e o pessoal me viu na rua. “Vai voltar, vai voltar? A gente quer você aqui, o melhor que passou por aqui foi você”. É gratificante. Tinha sempre 3, 4 mil pessoas no estádio, era muito bom entrar no campo e ser uma referência, geralmente o treinador é chamado de burro, e lá o pessoal gritava meu nome. Terminava de gritar o nome dos jogadores e começava: “ah, é Carlos Júnior”.

Boteco – O que faltou para conquistar este acesso?

Carlos – Justamente o que faltou foi o presidente não ter contratado duas peças, Carlinhos Bala e Rosembrinque. O dinheiro desses dois ele poderia ter ofertado como bicho pros atletas que já estavam lá. Eles chegaram no quadrangular final.

Boteco – O grupo não gostou? Tirou o pé?

Carlos – Não gostou. Não tirou, mas começou a ter atrito. Deram 25 mil a Carlinhos Bala e 20 a Rosembrinque. Esses 45 mil poderia o presidente ter chegado no vestiário e dito: tem 45 mil pra subir. Os caras iam dar a vida.

Boteco – Muda muito quando a diretoria oferece um bicho?

Carlos – Muda demais. Quando você fala no vestiário bicho, os caras parecem que se transformam. Jogador é movido por esse danado desse dinheiro.

Boteco – Alguma história curiosa em vestiários?

Carlos – No vestiário, minha primeira fala introduzindo é: aqui “ninguém aprende mais nada. Nós só iremos recapitular o que fizemos no treino”. Aí começo. Pego meu PowerPoint, projeto na parede. Fizemos isso aqui, primeira e segunda bola? Fizemos isso aqui? Triangulações pelo lado? Fizemos. E aí, como funciona isso aqui? Você. E isso aqui? Você. É assim, assim e assim.

Boteco – Você faz eles falarem?

Carlos – Exatamente, eles que têm que me dizer se assimilaram o que foi passado dentro do campo.

Boteco – Às vezes acontece do jogador não saber falar?

Carlos – Várias vezes, porque o jogador… Ele é acostumado a não falar nada, a executar, mas você tem que cobrar do atleta de alto rendimento, que ele fale, que se posicione, porque se ele não entender, ele vai lascar você no campo, vai fazer tudo errado.

Boteco – É como se fosse uma prova para liberar para a função?

Carlos – Exatamente, é bem por aí, eu jogo a bombinha na mão de cada um, segura que é tua.

Boteco – E quando não sabe responder?
Carlos – Eu peço pro amigo dele responder, entre eles.

Boteco – Mas aí, no próximo jogo, o cara já fica esperto porque você vai perguntar de novo?

Carlos – Exatamente, a ideia é essa, a ideia é que todo mundo compre a mesma ideia.

Boteco – Valeu, Carlos!

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