Entre os dias 12 e 18 do último mês, o maestro Carlos Lima, da Banda Lyra Mogimiriana, esteve na Venezuela junto a oito maestros e integrantes do governo brasileiro a fim de conhecer a estrutura do projeto de música chamado El Sistema, que atende cerca de 750 mil jovens de forma gratuita em 360 núcleos espalhados pelo País, inclusive nas periferias. A visita faz parte de um projeto que está sendo desenvolvido pelo Ministério da Cultura que visa implantar centros de músicas em diversos municípios, os chamados Centros das Artes e Esportes Unificados (Ceus).
Agora, com base na visita, os maestros irão apresentar uma proposta de implantação de um sistema parecido no País a primeira proposta será apresentada no dia 18, em Brasília para a ministra Marta Suplicy.
“Lá o projeto existe há 38 anos e é muito simples, a criança estuda de manhã e à tarde vai para as aulas de música todos os dias, com o passar do tempo alguns vão se tornando multiplicadores e outros chegam até a se tornarem artistas. Não dá para copiarmos a ideia, mas para entender como funciona para criar um sistema que funcione aqui”, disse o maestro.
Para que na Venezuela o projeto funcione e atenda inúmeros jovens a partir de quatro anos de idade o investimento gira em torno de R$ 200 milhões ao ano, valor proveniente de apoio governamental e diversos financiamentos, até internacionais.
No Brasil, o maestro disse que ainda não se sabe quanto o projeto poderia custar e quantas crianças poderão ser atendidas, mas que uma das lutas dos maestros é que, caso a ideia saia realmente do papel, o sistema brasileiro e sua metodologia sejam geridos inteiramente por músicos para que assim como acontece na Venezuela o incentivo aos jovens por meio da música não tenha fim por conta de questões políticas.
“Se vai dar certo não sei, mas fechamos entre os maestros que vamos lutar para que se der seja uma política de Estado e não de governo, pois a música pode mudar a sociedade, mas é um trabalho que leva tempo”.
Espelho para a Banda Lyra
Ao comparar a Banda Lyra com o projeto existente na Venezuela, o maestro Carlos Lima disse um dos pontos que precisam ser melhorados em Mogi Mirim é a questão da carga horária das crianças nas aulas de música. “A primeira ideia é intensificar a carga horária, dobrar se possível, mas tem que ser compatível com a capacidade financeira, por isso precisamos aumentar nossa captação”, disse.
Para o futuro, outra ideia seria criar outros polos da Banda Lyra, mas espaços estruturados nos bairros e não apenas para dizer que existem. “Uma cidade como Mogi Mirim criar polos geraria muito ganho social porque a Banda Lyra joga na criança não só música, mas princípios, valores, ideia de práticas coletivas, cultura, alegria e a importância da busca pelo saber e pelo conhecimento. Com isso desenvolvemos uma sociedade menos suscetível ao poder de manipulação”, finalizou o maestro Carlos Lima.