“Não tenho certeza que os compromissos serão mantidos em dia, a partir de julho”. Essa foi a afirmação do prefeito Carlos Nelson Bueno (PSDB), durante a apresentação dos 100 dias de governo, realizada no plenário da Câmara municipal, na tarde de segunda-feira.
Pouco otimista, o prefeito disse que os primeiros meses de gestão tiveram um “clima desastroso”. Além dos problemas locais, Carlos Nelson frisou que a Administração ainda tem que suportar os reflexos da crise nacional. “Possivelmente, tenhamos errado. Mas, a disposição é de acertar”, declarou, reforçando estar aberto ao diálogo.
O pronunciamento foi acompanhado por vereadores e secretários municipais. Na ocasião, o prefeito aproveitou para anunciar o vereador Geraldo Bertanha, o Gebê (SD), como líder do governo na Câmara e elogiou a sensibilidade dos parlamentares na relação com o Poder Executivo.
O que foi bom?
Entre os pontos positivos, foram destacados a redução dos aluguéis em quase R$ 43 mil, a expansão dos serviços do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) para os moradores de Martim Francisco, Chácaras Sol Nascente e São Francisco, Brumado e Usina Esmeralda, e ainda a oferta de cursos gratuitos pela Assistência Social, nas áreas de alimentação, empreendedorismo, finanças e informática e corte e costura.
Na área da Saúde, a Prefeitura lembrou a campanha de vacinação contra Febre Amarela e a Operação Mosquito Zero, que chegou a recolher 198 m³ de lixo das ruas em uma das ações. Na Educação, houve o repasse de R$ 1,5 milhão às entidades assistenciais, além de uma avaliação de Português e Matemática, aplicada para 3 mil alunos, a fim de diagnosticar o desenvolvimento da aprendizagem.
A Administração também iniciou a Operação Conjunta de Limpeza Urbana, com trabalhos de roçagem e limpeza das áreas verdes e vias, e a troca de lâmpadas queimadas, serviço que deve ser concluído em até dois meses.
Os contratempos
No entanto, os primeiros meses de governo também foram marcados por dificuldades. Logo em fevereiro, a equipe de Carlos Nelson teve sua primeira baixa com a renúncia do psicólogo e psicanalista Elias Ajub, abrindo mão do cargo de secretário de Saúde. Na época, Ajub afirmou que seu desligamento foi motivado pela crise entre Prefeitura e Santa Casa de Misericórdia e por falta de autonomia.
A greve dos médicos que atingiu o hospital se deu ainda no começo da gestão, poucos dias depois da cerimônia de posse do prefeito e vereadores. Isso porque havia pagamentos em atraso desde o final da gestão passada, de Gustavo Stupp. O impasse foi amenizado somente mediante uma audiência de conciliação.
A transferência das instalações do Gabinete do Prefeito, à Rua Doutor José Alves, para a Câmara Municipal e a consequente mudança de quatro secretarias para a Avenida Pedro Botesi, na zona Norte, foi outro marco na gestão. O pedido partiu dos vereadores que, desde o começo do ano, anunciaram a intenção de desocupar o Palácio de Cristal, prédio locado ao preço que ultrapassa os R$ 26 mil. O espaço do gabinete já foi cedido ao Poder Legislativo por 30 anos, contudo, até o momento, os parlamentares ainda não deixaram o imóvel alugado.
Outro aspecto negativo foi com relação aos atos de vandalismos contra Centros Municipais de Primeira Infância (Cempis) da cidade. O Cempi do Jardim Paulista, invadido duas vezes na mesma semana, agora deverá ser o primeiro prédio com monitoramento eletrônico, conforme adiantou o governo.
Os projetos de reformulação da cesta básica dos servidores municipais e a suspensão da Tarifa Social, pelo prazo de 90 dias, também geraram polêmicas. Embora a restituição de produtos nas cestas e a readequação do benefício do passe tivessem como meta a economia, houve críticas quanto às medidas, especialmente de parlamentares da base opositora.
Outras ações positivas
– Mogi Mirim recebe duas ambulâncias com UTI Básica e UTI Avançada;
– Fatec: chegam novas máquinas e estudos para construção de 3º bloco são iniciados;
– Município pede ao Estado o não bloqueio de verbas vinculadas à Educação, Saúde e Assistência Social;
– Refis está em vigor e favorece renegociação de dívidas em até 42 parcelas;
– Stock Car em Mogi Mirim garante concurso de desenho e vencedores assistirão corrida;
– Desde o início de março, município realiza o Censo Cultural de Mogi Mirim;
– Municipalização de parte do Horto Florestal.
Os obstáculos
– Renúncia do secretário de Saúde;
– Greve dos médicos da Santa Casa;
– Atos de vandalismos em Cempis;
– Críticas pela reformulação da cesta básica e suspensão da Tarifa Social;
– Dívida da Prefeitura com o Saae já atinge os R$ 15 milhões.