Peço licença, mas, hoje, não trarei nenhum registro antigo do nosso esporte ou alguma estatística ainda não explorada. Hoje quero falar sobre um devaneio particular, mas que preciso compartilhar. Aos finais de semana ou finais de noite, quando me pego lendo jornais, livros, trabalhos dos imprescindíveis historiadores locais ou outras fontes de pesquisa sobre o passado do esporte local, me flagro com um desejo.
Ter a capacidade de voltar no tempo e obter respostas a dados que, tenho certeza, levarei um longo tempo para confirmar. Se é que conseguirei. Vontade ampliada quando assisto à série Outlander, que conta a história de uma mulher, noiva de um historiador, que sai da década de 1940 e rumo ao século 18.
Pois é. Se pudesse, voltaria no tempo para degustar uma Inglezinha e outras bebidas da Cervejaria Mogyana. Embarcaria em um trem da Companhia Mogyana para conhecer o trajeto deste meio de locomoção que marcou época. Só que é claro que este desejo está mais relacionado ao esporte, uma velha paixão.
Primeiro, gostaria de voltar a 1900. Acompanhar os primeiros movimentos para a chegada do futebol aqui em Mogi. Saber, com precisão, qual foi o primeiro “ground”, como os jornais chamavam os estádios na época. Saber quais as modalidades já costumeiras. Seria muito legal chegar a 1903 também.
Acompanhar o primeiro jogo do Mogy-mirim Sport Club e guardar como um tesouro a ata da primeira eleição diretiva. E implorar para que preservassem as demais. Ata por ata. Informação por informação. Guardar troféus. Guardar uniformes. Guardar fotos dos times e jogos. Meu Deus, como tudo isso se perde? Como muito disso vai para o lixo?!
Como seria bom saber os nomes de todos os sócios nestes 117 anos. Ouvir sobre a biografia de pioneiros, como Arthur Pinto Lima, o primeiro presidente; Miguel de Barros Penteado, o segundo presidente e Chico Venâncio, um dos primeiros dirigentes com vida longa no comando do clube. Dizer a eles, por mero palpite, que o clube naquela hora fundado teria uma história de repercussão até internacional. E que, desde o começo, seria importante blindar seu patrimônio contra eventuais inimigos desta história.
Gostaria de ir viajando no tempo, regressando aos dias atuais. Ter a certeza da localização perfeita do campo que recebeu os jogos da Liga do Centro, em 1904, por exemplo. Ou da Liga Mogyana, em 1919. Como foi toda a transição do Estádio Vail Chaves na década de 1930. Como foi a reunião, em 1º de fevereiro de 1932, que ocasionou toda esta confusão sobre a real data de fundação do MMEC?
Gostaria de ver os jogos e entender como foi a conquista do título do Campeonato do Interior creditado ao Mogi Mirim EC em várias publicações, mas que nunca achei registro preciso sobre aquela trajetória vitoriosa. Ver a inauguração do antigo hipódromo, lá onde, depois, seria o Campo de Aviação. Acompanhar a delegação mogimiriana em sua primeira edição dos Jogos Regionais. E na estreia em Jogos Abertos. E, é claro, registrar cada dado, cada estatística, cada triunfo de um atleta local. Cada evento esportivo.
Beira a insanidade? Talvez sim. Mas me pergunto. E você? Se pudesse viajar no tempo e conhecer a Mogi Mirim de outra época, a que ano gostaria de voltar? Que feito gostaria de ver? Em que evento gostaria de estar? Vamos, não se acanhe. Faça como eu e embarque nesta viagem!