Ex-médico do Mogi Mirim, Alexandre Carvalhal recorda a época em que atuou como volante em campeonatos de base na Europa, em um time comandado pelo técnico Paulo Roberto Falcão.
Boteco – Você pensou em ser jogador de futebol?
Alexandre – Eu joguei no Pequeninos do Jóquei, no time da USP e várzea. Eu fiz uma viagem uma vez para Europa, com um timinho, fomos para Suécia, Dinamarca e Finlândia, tem umas Copinhas lá sub-20, daí eu quase fui pro Paraná (Clube-PR).
Boteco – Em qual posição você jogava?
Alexandre – Eu era volante e quarto zagueiro, mas sou canhoto, canhotinho, eu tinha habilidade.
Boteco – E essa excursão para Europa…
Alexandre – Foi através de um cara que jogava no São Paulo, nosso técnico foi o Falcão, começando a ser treinador. Fizeram uma seleçãozinha de alguns times, uma moçadinha da Portuguesa. A gente foi representando um time do Brasil, não a seleção.
Boteco – O convite para o Paraná foi após te verem lá?
Alexandre – É, meu pai me deixou à disposição do que eu queria e larguei mão, vou estudar. Já ia começar em treino com o profissional. Fomos eu e mais 2 convidados, os 2 foram e não viraram.
Boteco – Tem alguma história com o Falcão?
Alexandre – Só de ver o cara, já era diferente, o Rei de Roma. Foram 2 times, A e B. E numa viagem da Finlândia para a Suécia, de navio, ele me chamou e me puxou pro time de cima. Tinha uma moçada que jogava no profissional, a maioria em time grande de base e eu tava com a moçadinha meio da várzea, mas tudo moleque bom, ele me chamou para subir pro outro time, daí, fiz 1 campeonato por 1 time e 2 pelo principal, como titular.
Boteco – Por ser da posição do Falcão, ele dava dica especial?
Alexandre – Dava muita dura (risos), queria corrigir, o cara muito bom de bola, a gente moleque, ele chamava muita atenção.
Boteco – E tinha toda aquela elegância para comandar?
Alexandre – Siiiiim… Quando a gente viu a primeira vez ele, ficou todo mundo de queixo caído, chegou numa beca impecável. E onde ele ia, era muito bem recebido na Europa, a gente parou em Portugal, fez um amistosinho lá, o cara era rei, muita moral.
Boteco – Alguma curiosidade da cultura nesses países?
Alexandre – A gente alojava em escolas. E eram escolas de vários andares e cada andar ficava um país.
Boteco – Como se fosse uma experiência de Olimpíada?
Alexandre – É, impressionante, uma experiência sensacional. Ficamos no 3º andar. Lembro que no andar acima eram os gregos, abaixo, os alemães. E tinha um banheiro grande embaixo que todo mundo se reunia, interagia, do mundo inteiro, uma Copa do Mundo.
Boteco – E até onde vocês chegaram nesses campeonatos?
Alexandre – A gente perdeu nos pênaltis contra um time da Espanha, foi vice na Dana Cup. Saiu na semifinal na Sweden Cup, na Suécia, e na Finlândia, pelo time B, a gente pegou em 3º.
Boteco – E nos passeios, o Falcão ia passear com vocês?
Alexandre – Não, o Falcão montava numa Ferrari com outro cara e sumia (risos).
Boteco – Alexandre volta para recordar o episódio de uma cura inusitada e abordar curiosidades do período em que Zulu foi afastado do futebol após exames no coração.