Se existem vereadores que fazem questão de expor seus respectivos trabalhos, cobrar melhorias ao Poder Público e fiscalizar todas as ações exercidas pela Administração Municipal, outros parecem apenas cumprir tabela, seguir o protocolo e só marcar presença, dando de ombros para as centenas ou milhares de votos recebidos pela população. Existe até quem não esconde sua insatisfação, transparecendo nos bastidores o descontentamento com as sessões, realizadas todas as segundas-feiras. Contudo, ultimamente, chama a atenção atitudes isoladas e intempestivas presenciadas fora do plenário.
Confunde-se casa do Povo com Casa da Mãe Joana. Vem se tornando prática comum durante as sessões a participação, ou melhor, a interferência, até certo ponto descabida e absurda, de munícipes que acompanham as sessões. Em meio ou ao final da fala dos vereadores. Gritos, berros e cobranças até certo ponto sem nexo começam a incomodar tanto os vereadores como quem trabalha e acompanha as sessões.
Não se pode negar que algumas delas retratam a real situação de problemas vividos na cidade, mas chegam acompanhadas, ao que tudo indica, de um cunho político baixo e raivoso, a famosa politicagem. E não para por aí. Muitos deles, inflamados por sinal, são marcados pela raiva e destempero.
Inclusive, nomes de vereadores são citados nominalmente, sobretudo os da ala oposicionista ao prefeito Carlos Nelson, que embora não seja admitido, ganha cada vez mais corpo.
O Regimento Interno da Câmara é desrespeitado há tempos. A letra P do artigo 18 fala que deve-se manter a ordem no recinto da Câmara, advertir os assistentes, retirá-los do recinto, podendo solicitar a força necessária para esses fins.
É aí que a Mesa Diretora deve interferir e colocar ordem na casa. Passou da hora do vereador Jorge Setoguchi (PSD), presidente da Mesa Diretora, acordar, se impor e coibir ações deste tipo. Falta pulso firme, voz ativa e liderança.
A situação é tão complicada que não é difícil ouvir nos corredores do Legislativo comentários alusivos à falta do ex-vereador e presidente da Mesa João Antônio Pires Gonçalves, o João Carteiro (SD), que, em qualquer caso de desordem, ameaçava ou cumpria o Regimento Interno com a convocação da Guarda Civil Municipal. Ou simplesmente cobrava ordem, menos barulho e respeito ao trabalho dos edis.
Além disso, causam espanto as inúmeras e frequentes participações de cidadãos na Tribuna Livre da Câmara, que muitas vezes colocam a política em primeiro plano, atiram críticas para todos os lados e transformam as sessões em palanque político. É hora de mais ordem e respeito e menos baderna. A Câmara não é terra de ninguém. Pelo contrário.