A juíza Fabiana Garcia Garibaldi designou uma audiência de conciliação entre antigos associados do Mogi Mirim e o ex-presidente do clube, Rivaldo Ferreira, para buscar uma solução em relação à ação que busca anular a transferência dos Centros de Treinamento (CTs) do Sapo para o nome do craque. A decisão da juíza foi apresentada na quarta-feira.
Pela designação, a audiência será realizada pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc). A data não está definida. Na decisão, a juíza afirma que as partes deverão ser intimadas para a audiência. No encontro, a Justiça deve tentar ajustar as partes para se chegar a um acordo.
Questionado por O POPULAR se acredita na possibilidade de um acordo, o advogado Renato Franco de Campos, representante dos autores da ação, Henrique Peres Stort, Ivan Benedito Bonatti e Alceu Carlos dos Santos, respondeu que será aceita qualquer proposta que garanta um CT para o Mogi nas mesmas condições do existente em Mogi Guaçu.
Neste sentido, explicou não ser necessária exatamente a devolução do Centro de Treinamento da cidade vizinha. Será aceita uma hipótese de doação de um terreno com a construção de um novo CT por Rivaldo. Neste caso, os associados antigos aceitariam que o craque continue com a propriedade do CT de Mogi Guaçu. Apesar de estar em nome de Rivaldo, o Mogi ainda utiliza o CT. Na escritura do imóvel há uma permissão de uso para o clube até setembro. Por outro lado, Campos não quis entrar em detalhes em relação às tratativas no andamento do processo.
Em relação ao que o Mogi ficou devendo a Rivaldo, tanto no que gerou o valor abatido na transferência dos CTs quanto aos valores pendentes, os associados antigos desejam que fique comprovada a dívida. Caso Rivaldo comprove, há o entendimento de que a dívida possa ser sanada de outra maneira. O que não se aceita é que o pagamento seja feito com os CTs, o que foi viabilizado pelo fato de Rivaldo ser então o presidente do clube, podendo assim agir nas duas pontas do negócio. “O que não pode é pagar a dívida com o CT”, frisa Campos.
Os autores da ação querem o esclarecimento em relação à questão revelada pelo ex-vice-presidente Wilson Bonetti. Segundo Bonetti, valores de um contrato do Mogi Mirim com a Zeromax GMBH, do Uzbequistão, que investia no Bunyodkor, eram transferidos para a conta de Rivaldo e não do clube. Porém, Rivaldo garante que nenhum valor do Mogi foi depositado em sua conta. Segundo a defesa do ex-presidente, o craque recebeu da Zeromax valores referentes ao seu contrato de emprego com o Bunyodkor e salários.
Para esclarecer o caso, foi pedida a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Rivaldo, o que a Justiça ainda não decidiu se aceita. O esclarecimento é considerado importante na definição se o Mogi deve ou não ao ex-presidente.
Procurado por O POPULAR, o advogado de Rivaldo, Betelen Dante Ferreira, disse que não se pronunciaria à reportagem.
Sócios
A defesa de Rivaldo questiona não haver provas de que os autores da ação são associados por não haver comprovação da adesão à associação. Diz haver documentos de 1988, mas mesmo que eles tivessem sido sócios, entendem já terem se desligado pela ausência por muitos anos. Já no entendimento dos autores, para deixarem de ser sócios, os associados teriam que ser excluídos do quadro associativo, o que não ocorreu.
Craque havia prometido outro CT, revelou Bonetti
Além de ter revelado um contrato entre o Mogi Mirim e uma empresa do Uzbequistão, até então ocultado da mídia, o ex-presidente do Mogi Mirim, Wilson Bonetti, fez outra revelação bombástica.
Bonetti revelou que Rivaldo levou o Conselho Deliberativo do clube ao erro no processo de aprovação da transferência dos CTs como forma de reduzir as dívidas do Mogi Mirim com o jogador. Segundo o ex-procurador, Rivaldo prometeu ao Conselho Deliberativo adquirir uma área para construir um novo centro de treinamento com recurso próprio em uma assembleia extraordinária de agosto de 2013 em que foi aprovada a transferência dos imóveis para o atleta.
A revelação de Bonetti foi feita em defesa apresentada à Justiça no processo em que associados antigos buscam a anulação da transferência dos CTs. Bonetti é acusado por Rivaldo de ter agido de má fé ao assinar um termo de acordo sem o seu consentimento em que foi assumido o compromisso de arcar com as despesas e preservar o patrimônio do clube.
Visitas
Bonetti contou que Rivaldo chegou a visitar algumas áreas para efetuar a compra, que não se concretizou. Segundo Bonetti, Rivaldo colocou aos conselheiros que seria adquirida uma nova área em troca de transferir aquelas ao craque. O ex-vice-presidente coloca ter sido, assim como os membros do Conselho Deliberativo, levado ao erro por Rivaldo, que não cumpriu o prometido na ocasião. Isso porque foi diante da promessa de uma nova área que foi aprovada a transferência dos imóveis para o ex-presidente.
O ex-procurador garante ainda que o craque tinha total conhecimento sobre o polêmico termo de compromisso.
Rivaldo cobra dívida de Victor com ação na Justiça
O ex-presidente do Mogi Mirim, Rivaldo Vitor Borba Ferreira, entrou com uma ação judicial contra o ex-vice-presidente do clube, o português Victor Manuel Simões, para a cobrança de uma dívida de R$ 500 mil. O valor é referente à parcela com vencimento no dia 10 de junho da dívida assumida por Simões na passagem de gestão de Rivaldo para o grupo do português e do atual presidente Luiz Henrique de Oliveira, que depois romperam a parceria.
Foi assumida uma dívida de R$ 10.900.000,00, com o valor a ser pago em 11 anos, em 22 vezes de R$ R$ 500 mil. A primeira parcela já foi paga, com atraso, em fevereiro. Segundo o presidente do Mogi Mirim, Luiz Oliveira, o pagamento foi feito com recursos do clube.
Na transferência de comando para a gestão Luiz Oliveira, a dívida foi assumida pelo novo grupo, em nome do ex-vice-presidente Victor Simões. Porém, Oliveira e Simões romperam e o português deixou o clube. Oliveira disse que desta forma o Mogi assumiria a dívida. Porém, como o compromisso foi assumido em nome do português, a ação de Rivaldo foi movida contra Simões.
Na ação que busca a devolução dos Centros de Treinamento (CTs) para o Mogi Mirim, os associados antigos pedem que o valor de R$ 500 mil seja depositado em juízo até a questão ser resolvida pela Justiça. A petição também requereu o arresto dos R$ 500 mil já pagos nas contas de Rivaldo, com o bloqueio do valor via judicial. O pedido foi realizado pelo entendimento de que a dívida foi constituída de forma irregular e assim o pagamento teria ocorrido indevidamente.
Até o fechamento desta edição, O POPULAR não havia conseguido contato com Victor Simões.