De volta ao Boteco, o ex-atacante Catatau recorda curiosidades de Tite na época em que o técnico corintiano era volante do Guarani e relembra um momento desconfortável com o treinador Jair Picerni na Portuguesa.
Boteco – Alguma curiosidade de vestiário?
Catatau – Lembro que no Guarani a gente tinha o Tite hoje que é um dos melhores treinadores. O meio-campo era Tosin, Barbieri e Boiadeiro. O Barbieri machucou, entrou o Tite, o time era muito bom. O Tite é muito determinado. Perde um jogo, quando chega no vestiário sai quebrando porta, dando bico em tudo, ele tem essa pegada, isso é dele, é do jogador, isso transmite uma coisa positiva pra gente, era um jogador que não gostava de perder. E como técnico hoje está demonstrando isso e é muito estudioso.
Boteco – Você notava que ele tinha potencial para técnico?
Catatau – Rapaz, eu nem imaginava, porque ele era meio grossão, gauchão, tipo Luiz Scolari. Não joguei contra o Scolari, mas falavam que era um zagueiro que só dava porrada. O Tite era muito forte, muita pegada, mas era um ser humano de grupo.
Boteco – Alguma curiosidade com os atletas no Guarani?
Catatau – A gente tinha muita história, tipo aniversário de jogador dar bolada, jogar o bolo na cara do outro.
Boteco – Tinha jogador que não gostava?
Catatau – O Tite era um deles, não gostava de jeito nenhum.
Boteco – Mesmo assim a turma dava bolada?
Catatau – Ah, dava. O ovo mesmo eu quebrava, porque eu tinha muita intimidade com ele e tinha liberdade com ele, então eu chegava e quebrava. E eu era rápido e ele, lento, eu corria mais do que ele, então podia fazer isso.
Boteco – Você já viu jogador derrubar treinador?
Catatau – Bastante, tem treinador que é difícil, não encaixa com o grupo.
Boteco – Pode contar um dos casos?
Catatau – Pro jogador, se o jogador está jogando, o treinador é bom. Se não está, ele vai ser ruim. Então eu sempre pensei assim: quem se escala é o próprio jogador. Por exemplo, eu tinha que fazer gols pra me escalar no próximo jogo. Porque aí nem o treinador, nem a torcida, nem a imprensa tira a gente, sempre pensei isso. Então quando eu não fazia gol, eu ficava chateado. Jogava mal, ficava chateado, treinador me tirava. Então aí você começa a brigar com o treinador e o treinador briga com a gente.
Boteco – Teve problema direto com algum técnico?
Catatau – Tive poucos, eu sempre fui equilibrado. Eu tive uma com o Jair Picerni. Na Portuguesa. Lá tinha uma panelinha. Tinha o Jorginho, que é treinador hoje, mais dois jogadores, um tal de Eduardo, zagueiro. E o treinador estava na deles. E os caras não resolviam nada e nunca passaram da Portuguesa. Nunca foram jogadores de destaque. Aí tinha eu, Valdir Peres, Lê do outro lado. Era muito chato. Uma coisa que eu não gostava e falava pros caras que eu não gostava e ia sempre pro lado certo.
Boteco – E você acabou sendo prejudicado pelo Jair?
Catatau – É. Prejudicado porque ele me tirava do time. Eu era ponta-direita, ele me colocava na ponta-esquerda, fora da posição, eu ia pra quebrar galho.
Boteco – O técnico joga o cara fora da posição para prejudicar?
Catatau – Acontece muito isso. Mas é o que eu falei, quem se escala é o jogador. Você vê o Neymar, ele se escala, você vê ele bravo com o treinador, dá bico, é normal.
Boteco – Catatau retorna para lembrar do assédio das mulheres na época de Atlético Mineiro e a estratégia para armar farras na concentração sem o técnico ficar sabendo.