quinta-feira, março 6, 2025
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Cedoch dá aval para tombamento de antiga usina hidrelétrica de Mogi

O Centro de Documentação Histórica “Joaquim Firmino de Araújo Cunha” (Cedoch) deu parecer favorável ao tombamento da estrutura localizada na área da antiga usina velha de Mogi Mirim, conhecida como Fazendinha, na Cachoeira de Cima.

No começo deste ano, o vereador Marcos Gaúcho (PSB) encaminhou ao prefeito Carlos Nelson Bueno (PSDB) estudos para que o local fosse tombado, já que durante muitos anos a usina que gerou toda energia para Mogi Mirim funcionou naquele local.

No relatório expedido pelo presidente do Cedoch, Rogério Manera, com 33 páginas, ele narra tudo o que viu no local e destaca sua importância histórica e se coloca à disposição para colaborar com a transformação do local num “cenário histórico turístico”.

O parecer também se baseou no livro “Estudo de urbanização de Mogi Mirim”, da historiadora Carmem Lúcia Bridi.
“A revitalização do espaço oferecerá condições de visitas monitoradas, tanto de leigos como de estudantes dos ensinos fundamental, médio e superior”, destacou Rogério Manera.

Para Marcos Gaúcho, o fato de o centro de documentação histórica dar aval à sua sugestão é uma vitória e o reconhecimento de um trabalho de resgate da história de Mogi Mirim.

“Tenho certeza que o prefeito Carlos Nelson, sendo um homem de visão, apoiará a iniciativa e Mogi Mirim, mais uma vez, sairá na frente para preservar sua história”, disse.

Abandono
Mogi Mirim é uma das cidades mais pobres em acervos históricos e poucos conhecem a real história da Usina Velha de Mogi Mirim, como era chamada a Hidrelétrica da Cachoeira de Cima, localizada às margens do Rio Mogi Guaçu.

Atualmente, o pouco que ainda resta está em ruínas e a população desconhece como a energia elétrica era gerada nos idos de 1909. No entendimento do parlamentar, a história da antiga hidrelétrica é um atrativo a mais para que o turismo na região da Cachoeira de Cima se torne uma realidade.

O objetivo de tombar o local é buscar a preservação daquilo que ainda resta e, quem sabe, no futuro viabilizar a criação de um museu da história da hidrelétrica e até mesmo um local para encontros escolares que difundam a história do setor na cidade.

Casa de máquinas da antiga usina velha de Mogi Mirim, como é conhecida. Foto: Divulgação

A HISTÓRIA
Em agosto de 1908, a Câmara Municipal de Mogi Mirim contratava o engenheiro Paulo Valensin e o agrimensor Salvador Franco Bueno para a elaboração do projeto e obras de construção de uma usina no rio Mogi Guaçu, sendo os trabalhos iniciados no mês seguinte.

Para análise do projeto e acompanhamento das obras, a municipalidade mogimiriana recorreu aos serviços de um dos grandes pioneiros da eletricidade no Brasil, o engenheiro britânico Richard Gore Brabazón Davids (1854-1952), projetista da Usina Monjolinho, inaugurada em 1893, em São Carlos. Essa hidrelétrica foi a segunda do país e a primeira a ser construída no Estado de São Paulo. Richard Davids aprovou plenamente tanto o projeto quanto as obras sob responsabilidade de Valensin & Bueno. Em 13 de novembro de 1909, em meio a grandes festividades, era inaugurada a hidrelétrica na Cachoeira de Cima.

A casa de máquinas foi projetada para dois geradores, sendo que a usina foi inaugurada com uma máquina e outra instalada em 1912. A turbina, de eixo vertical e com diâmetro de roda de 2,70 metros, desenvolvia 292 cavalos e movimentava um gerador trifásico de 200 kW. A água voltava ao rio por um canal de fuga de 110 metros. Em abril de 1923, a S.A. Central Elétrica Rio Claro, do empresário Eloy Chaves, tornava-se acionista majoritária da empresa de Água e Luz de Mogi Mirim.

A hidrelétrica serviu adequadamente a região de Mogi Mirim até janeiro de 1927, quando uma enchente provocou grandes estragos, interrompendo o funcionamento de uma das duas turbinas. Em julho do mesmo ano, a SACER iniciava a construção de uma nova casa de máquinas, quando em janeiro de 1929 outra enchente atingiu a usina quase pronta. As obras foram retomadas e a nova central elétrica era inaugurada em outubro. Uma turbina horizontal dupla gerava 1.800 Hp cerca de 1.300 kW.

A hidrelétrica atendeu a região de Mogi Mirim como associada da SACERP até janeiro de 1965, quando passou a ser propriedade da CHERF – Cia Hidroelétrica do Rio Pardo. Em 5 de janeiro de 1966, a CHERF era fusionada a outras empresas para a constituição da CESP. Em fevereiro de 1970, novas enchentes determinaram a paralisação da Usina Hidrelétrica da Cachoeira de Cima.

Em 1991, a CESP iniciou a construção, no mesmo lugar, da atual Pequena Central Hidrelétrica Mogi Guaçu. As obras foram interrompidas em 1995 para reprogramação e depois retomadas, até seu funcionamento em outubro de 1997. (Da Redação)

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