Ex-jogador de clubes como Portuguesa Santista e Rio Branco, o volante Chiquinho, hoje no Martim Francisco, na Copa Rural, lembra um episódio de quando estava nos juniores do Mogi Mirim e treinou contra Paulo Nunes, ex-Palmeiras.
Boteco – Alguma história divertida na base do Mogi?
Chiquinho – Eu lembro uma do Paulo Nunes, eu estava nos juniores e teve um coletivo contra o profissional no sábado de manhã. E foi na época que estava tendo Expoguaçu. E aí saíram na noite o Paulo Nunes, Cléber, aquela galera mais velha do profissional. Mogi Mirim estava na Série B. Chegou no sábado de manhã, os caras vieram tudo embalado, Paulo Nunes aquele olho vermelhão. Foram bater um escanteio. Eu tava no primeiro pau e o Paulo Nunes na área para cabecear, ficou em cima atrapalhando a saída do goleiro nosso, o Carlão. O Paulo Nunes não saía do goleiro, ficava em cima. Goleiro nosso tirava ele, ele nada. E o goleiro pedindo a falta: “pô, professor, a falta aqui”. Aí eu falei: “deixa que eu resolvo isso”. Aí ele olhou assustado. “Soca o dedo no caneco dele, quero ver se ele não sai daí”. Ele olhou para mim e falou: “assim, não carequinha, isso aí é covardia”. Aí ele pegou e saiu. E saiu dando risada. Ele já tava consagrado, um grande jogador, quando veio para Mogi já estava estabilizado e com o bolso cheio de dinheiro.
Boteco – Você fez amizade com ele?
Chiquinho – Fiz pouco, contato nosso era pouco. Mas jogadores assim são humildes, eles olham para base, sabem que passaram por isso também, dão total apoio. Incentivam, são bem legais, bacanas, são parceiros. Bom lidar com eles, jogador consagrado, jogou na Europa, futebol brasileiro, campeão de muitos torneios, era referencia para nós.
Boteco – Você treinou com Adilson e Luiz Carlos Wink?
Chiquinho – Com os dois, Carlos Rossi também.
Boteco – Alguma boa com Adilson Batista?
Chiquinho – Uma vez teve um jogo-treino contra o Independente, de Limeira, e ele passou a escalação e eu estava no juvenil. Aí o João Carlos supervisor chegou: “vai ter um jogo-treino e o Adilson Batista quer você. Ele falou que queria o Juvinha”. Juvinha era eu porque era juvenil. Aí beleza. Aí cheguei no alojamento, almocei, esperei dar o horário do jogo-treino e desci. Só que era para estar no vestiário 3 horas e me passaram o horário 3 e meia. Eu cheguei no vestiário umas 3 e 20. Na hora que eu cheguei, tava todo mundo trocado e eu fui o último. O Adilson na porta. Eu olhei pra ele: “pô, professor, desculpa, falaram pra mim 3 e meia estar aqui”. Ele: “não, você tá de brincadeira, né? Tá de sacanagem”. Meio harmonioso. “O jogo era 3 horas, desse jeito que você quer jogar?”. “Não, desculpa, de boa então”. Aí ele falou: “mas você tá preparado, Juvinha?”. Falei: “tô”. “Tá querendo? Então, pode deixar, que essa aqui vai passar, você vai pro jogo”. Aí foi gente boa e liberou.
Boteco – Foi bem?
Chiquinho – Foi bem, joguei o segundo tempo, ganhamos. Tem uma do Du, goleiro de Martim. Foi jogar em Osasco, chegou lá, abriu a mala de chuteira, foi tirar a chuteira pro jogo, tinha levado dois pés esquerdos pra jogar (risos).
Boteco – E na sua época de solteiro, você aprontava bastante também, fazia igual Paulo Nunes?
Chiquinho – Eu saía sim, mas quando eu jogava, ir direto eu não cheguei a fazer. Eu sempre me poupava, me resguardava para chegar inteiro pro jogo. E na base também eu ficava em casa ou no alojamento, então não quebrava, não.
Boteco – Chiquinho retorna ao Boteco para relembrar momentos na Portuguesa Santista, com o treinador Sérgio Guedes e o zagueiro Fábio Paulista.