Em nova conversa, o volante Chiquinho, do Martim Francisco, recorda quando perdeu dois dentes após tomar uma cabeçada do zagueiro Paulão, hoje no Mogi Mirim, quando ambos defendiam o Rio Branco-SP na Taça São Paulo de Juniores.
Boteco – Lembra de alguma história curiosa de vestiário?
Chiquinho – De vestiário… Vou contar uma pra você. Estava lá no Rio Branco. Aí duas horas antes do jogo, o Paulão, hoje zagueiro do Mogi, veio brincar comigo. Paulão é meu parceiro, gente boa. Jogamos juntos no infantil do Rio Branco, depois eu voltei nos juniores e profissional e jogamos juntos lá. E o filho da mãe veio brincar comigo, a gente estava jogando bilhar: “e aí carequinha, acha que tá forte?”. Ele foi brincar de dar uma cabeçada em mim, caíram dois dentes meus. Antes do jogo. Aí o cara ficou branco: “nossa, Chico, pô Chico”. Eu falei: “pô, Paulão, você tá de sacanagem”. Quando eu estava no infantil do Rio Branco, eu tomei uma cotovelada contra a Ponte Preta de um moleque, caíram os dentes. Depois de cinco anos, de novo no Rio Branco aconteceu isso. Uma jogando, uma antes do jogo. E o Paulão lembrava da primeira vez. Aí levaram eu para o dentista, duas horas antes do jogo. Colocaram meu dente. O dentista falou: “você perdeu os dentes, vai ter que fazer um implante”. Eu falei: “beleza, doutor, tranquilo, faço sim”. Aí cheguei no vestiário, atrasado, todo serião. Preleção, todo mundo trocado, só esperando eu para trocar, pra ver se eu ia poder jogar. Cheguei, o vestiário inteiro em silêncio e sério. “Será que o Chico tá bem e tal?”.
Boteco – Os caras acharam que vocês tinham brigado?
Chiquinho – Não, foi brincadeira, todo mundo viu. Mas estava todo mundo louco para dar risada e ninguém queria dar risada para não deixar eu pra baixo. Cheguei no vestiário, pendurei minha mochila, fui pegar minhas coisas e a hora que eu virei, o primeiro a dar risada foi o treinador. Bicho já cascou, aí o vestiário inteiro pulava de zoeira comigo. Eu era uns dos mais zoeiras do time, eu botava apelido em todo mundo, zoava para caramba, então acontecer de perder os dentes comigo antes do jogo para os caras foi melhor que uma vitória. E o treinador nosso, o Marquinho Sartori, que veio a falecer de infarto na Anhanguera, usou dessa situação como preleção. Virou preleção esse episódio do dente. Ele usou como motivação, sem o dente, eu vim pra preleção e joguei.
Boteco – E jogou bem?
Chiquinho – Jogamos. Foi 1 a 1 contra o Taubaté e ganhamos nos pênaltis. Fomos até as oitavas de final. Tiramos o Palmeiras. Aquele time nosso era fera. O campeão foi o Corinthians, que tinha o Gabriel, do Guaçu, o Fefo, o Betão, o Júlio César goleiro carequinha, o time do Corinthians era muito bom e o time nosso era feroz também.
Boteco – Alguma história com arbitragem?
Chiquinho – Tenho uma na final da Taça Gol Band, nós fomos campeões sub-20, preparação pra Taça, pelo Rio Branco, ganhamos do XV nos pênaltis. E o juiz era maior boleirão, era até conhecido, mas agora não vou lembrar o nome. Começou o jogo, a zaga nossa deu um balão, tum. O time do XV, tum, deu um balão. E eu falava pros caras do meu time: “vamos colocar no chão para jogar”. Aí de novo, os caras, tum, balão. Deu uns cinco, seis balões direto. Aí eu gritei: “pô, gente, vamos colocar no chão”. E o juiz falou: “se eu fosse você, eu pego um helicóptero e fico lá em cima pra jogar. Pega um helicóptero, aí você fica lá em cima, pelo menos você pega e joga” (risos).
Boteco – Chiquinho retorna no último capítulo de suas histórias para recordar a passagem por Guaçuano e Itapirense, com a história de quando se recusou a ficar no banco de reservas na época em que defendia o time de Itapira!