No último capítulo de suas histórias no Boteco, o volante Chiquinho recorda o dia em que se recusou a ficar no banco de reservas da Itapirense e lembra os tempos de Guaçuano.
Boteco – Depois da Portuguesa Santista, você foi pra onde?
Chiquinho – Fui pro Itapirense. Lá eu lembro de… (risos). Fui cortado três vezes na preleção. Semana inteira eu treinei e três jogos ele (técnico) me cortou. No terceiro, eu falei pros caras: “se amanhã ele me cortar, não vou nem pro jogo”. Os caras: “Não, pô, você vai quebrar o time”.
Boteco – Por que ele te cortava?
Chiquinho – Eu acho que ele não ia muito com a minha cara, foi um diretor que levou eu lá. Um diretor da Itapirense me viu jogando a Taça São Paulo e me levou lá. O técnico era o Paulinho Ceará. Fraco. Aí no terceiro jogo eu tava na lateral. Ele foi falar a escalação, ele já me tirou e colocou outro cara. O time inteiro na preleção olhou pra mim. E eu de boa. Eu treinava de titular a semana inteira, na hora do jogo ele me colocava no banco. A terceira vez, peguei, descemos do ônibus, chamei o preparador físico do lado, que era gente boa. Falei: “professor, me desculpe, mas eu no banco, não vou ficar, não”. Ele: “não, por quê?”. “Porque é sacanagem, três vezes fazer isso? Vai lá, põe outro menino mais novo, da base no meu lugar, que eu tô fora”. Fui lá para arquibancada e não fui mesmo. E os caras ficaram assustados. “O que você tá fazendo?”. Fiquei na arquibancada lá sozinho vendo o jogo. Deu 5, 10 minutos, preparador físico subiu correndo. “Chiquinho, volta, volta, vamos lá trocar, o cara que vai jogar no seu lugar tá com três amarelos, acabou de vir a relação, você vai jogar”. Falei: “não, pode colocar outro pra jogar, eu não jogo mais aqui, não venho mais”. E três vezes treinando bem, eu não estava abaixo. Aí não voltei mais.
Boteco – Você se arrepende de não ter jogado esse jogo?
Chiquinho – Não, não me arrependo de nada, não. Ele foi desumano, sacana.
Boteco – Depois, você foi pra qual time?
Chiquinho – Aí da Itapirense eu queria largar, eu fiquei parado, desanimei. “Não vou jogar mais não”. Aí fiquei oito meses parado. Aí joguei Amador aqui, joguei lá no Igaçaba, no Martim, depois no outro ano joguei a Copa Unimed pro Paulista e fui jogar no Comercial pro Zito. Foi quando o treinador do Guaçuano foi ver um jogo meu e me convidou. Aí eu voltei pro Guaçuano, depois parei mesmo.
Boteco – Lembra de alguma história no Guaçuano?
Chiquinho – Comissão técnica mudou toda a estrutura do Guaçuano para melhor, por um ponto não subimos. Ou por um gol. Era o campeonato da Bezinha (Segunda Divisão do Paulista). Comissão técnica fera, coerente, técnico era o João Batista. P… de um treinador, vê o lado do jogador. Faltou um ponto ou um gol, nos não subimos, foi judiação. Time nosso era eu, Rato Preto, Galinho, Marcus Vinícius, do Guaçu, Carneirinho. Era um time bacana. Goleiro nosso era o Henal, que hoje está no São Bento. O Faísca que depois jogou em Itapira. Nosso time era fera, um grupo bom, aquele time foi uma judiação não ter subido.
Boteco – Valeu, Chiquinho!