De volta ao Boteco, o volante Chiquinho, que hoje disputa a Copa Rural de Mogi Mirim pelo Martim Francisco, recorda a época de Portuguesa Santista, com episódios com o técnico Sérgio Guedes e o zagueiro Fábio Paulista.
Boteco – Quem foram seus treinadores na base do Mogi?
Chiquinho – O Flavinho me aprovou, teve o Marola, o Canhoto. Eu fiquei no Mogi de 2001 até 2003. Três anos. Eu saí do Mogi, não me profissionalizei, fui me profissionalizar na Portuguesa Santista com o Sérgio Guedes, p… de um treinador.
Boteco – Lembra de alguma história com ele?
Chiquinho – O Sérgio uma vez reuniu o grupo e comprou um livro, depois da estreia na Série C do Brasileiro. “Vou aqui nomear um cara para ser o leitor do time”. Todo mundo ficou olhando, ninguém entendeu nada. “Pode levantar, Chiquinho, pode vir que vai ser você”. Aí levantei e o time nosso tinha o Fábio Paulista, Fábio Braz, André Guerreiro que depois foi pro Palmeiras, Yamada goleiro. Outro goleiro nosso era o Ricardo Berna. Time nosso era fera. Eu tinha acabado de me profissionalizar, era moleque ainda.
Boteco – Por que o Sérgio te escolheu pra ler?
Chiquinho – Porque eu era o mais novo do elenco, eu tinha idade de júnior, me profissionalizei e fiquei no profissional. Aí o Sérgio me chamou, os caras gritavam: “vai, juvenil”. Os caras pegavam no meu pé e aí eu peguei o livro, li uma passagem e presenteei o melhor jogador em campo no domingo, eu que escolhi e, por coincidência, foi Fábio Paulista. Fizemos uma estreia lá no Rio de Janeiro contra a Portuguesa, do Rio, na Ilha do Governador. 0 a 0.
Boteco – O que falava o livro?
Chiquinho – Uma passagem, um livro de exemplo. Sérgio era fera, p. de um treinador.
Boteco – Foi seu melhor treinador?
Chiquinho – Um dos melhores. Outro era o próprio Flavinho, que me trouxe pro Mogi e depois me indicou pro Sérgio Guedes, que o Flavinho era de Santos, então ele trabalhava também na rádio, no Santos. E o outro chamava Marquinhos Sartori, no Rio Branco. Trabalhei também com Zé Teodoro, o Cruz que veio do Nordeste, bom treinador, também, ele que me subiu pro profissional.
Boteco – E o Fábio Paulista, alguma história dele?
Chiquinho – O Fábio em Mogi eu tive pouco contato com ele. Porque quando eu cheguei depois de um tempinho, ele teve uns problemas e saiu. Depois chegou na Portuguesa, cheguei lá, ele: “pô, você tá aqui, pô”. “E aí Fábio? Tal”. E lá o Fábio foi meu parceiro, ficamos juntos, Fábio ficou de boa. Fez um p. de um campeonato. Aí teve um dia lá, domingão, fizemos um jogo, ganhamos no Brasileiro. Aí chamei: “Fábio, vamos dar uma quebrada aí na praia, no quiosque, procurar um samba. Fiquei sabendo que no Canal 1 vai ter um samba”. Aí o Fábio Paulista falou assim: “ah, não, Chiquinho, não vamos, não, amanhã tem treino”. “Oh, louco, Fábio, você negando uma saída, pro samba ainda? Depois de um jogo, ganhamos, pô, vamos lá curtir, a gente vai ficar aqui mesmo”. Eu não vim pra casa, fiquei lá diretão, chamei pra dar uma quebrada. Aí eu falei: “não, Fábio, tá mudado da bola mesmo, você recusando um rolezinho pro samba, você tá mudado mesmo”. Aí ficamos lá, só eu e ele.
Boteco – Você pegou a fase light dele?
Chiquinho – Nesse ano, ele falou: “eu mudei, Chiquinho, eu preciso mudar. Melhorar”. Eu falei: “então, beleza, mas em plena folga. A gente ia treinar só segunda à tarde, ia dar um rolezinho, depois tinha o dia inteiro pra recuperar”.
Boteco – Chiquinho volta para recordar quando perdeu dois dentes após uma cabeçada de Paulão, hoje no Mogi, duas horas antes de um jogo da Copa São Paulo pelo Rio Branco.