Se o servidor público e o trabalhador celetista estão preocupados com o seu futuro, tendo em vista que estamos no meio de uma grande crise econômica no país, inclusive com possibilidade de ser agravada por problemas externos, como a “quebra” da Grécia, o autônomo tem mais motivos para se preocupar com o seu futuro financeiro.
A verdade é que o autônomo passa por um problema na questão do equilíbrio financeiro. Explico. Na prática, ele deve ter o dobro de cuidado quando o assunto é dinheiro. Por exemplo, o autônomo não pode ficar doente e faltar no trabalho, caso contrário não vende, não presta o serviço e não recebe. Isso afeta diretamente o seu fluxo de caixa. Por isso, a seguir, dou algumas dicas de como o autônomo poderá administrar as finanças e ter segurança financeira.
1. Não misture as despesas pessoais com as despesas da sua atividade profissional: é muito fácil se confundir quando não há essa divisão. Aí surge o descontrole e começam grandes problemas. Não misture sua vida pessoal com as finanças de seu negócio.
2. Seja cauteloso financeiramente: o autônomo tem condições, em tese, de ganhar muito mais que um empregado. É verdade! É ele o dono do seu próprio negócio, mas por outro lado se encontra financeiramente numa situação diferente do servidor público ou do trabalhador celetista. Ele, mais do que todos, deve ser rigoroso e prudente, quando se trata de zelar pelo seu próprio equilíbrio financeiro. Antes de gastar, pense se aquilo realmente é importante.
3. Tenha uma reserva financeira: nesse sentido, o autônomo, mais do que os outros trabalhadores citados, deve ter uma reserva financeira proporcionalmente maior do que os outros trabalhadores. Além disso, existem despesas conhecidas que surgem de tempos em tempos (IPVA, IPTU, materiais escolares, etc.), e como o autônomo não tem 13º salário, ele tem que ter uma reserva previamente separada para isso. A opção é abrir cadernetas de poupança e depositar mês a mês pequenos valores, que somados em dez a doze meses, resultam, no valor dessas temidas despesas de início de ano.
4. Esteja preparado para crises financeiras: indico que o autônomo tenha uma média de três a seis vezes o valor de suas despesas mensais para momentos de crise. Se ficar desempregado, bater uma crise, acontecer algum acidente ou problema grave de saúde, há uma chance boa de você conseguir se reorganizar com essa reserva separada.
5. Recolha as contribuições para a previdência pública: essa é uma estratégia a longo prazo. É importante ter essa complementação no futuro, por motivos óbvios. Ruim com ela, pior sem ela.
Crises econômicas são cíclicas. Elas virão e depois irão embora. A bonança chegará e, tempos depois, outra crise econômica surgirá. O autônomo, mais do que todos, deve se organizar e nos tempos bons tentar fazer a maior parte de sua reserva financeira, em especial, em aplicações de renda fixa.
Não é fácil montar uma estratégia para economizar, mas se começar a ser construída com um prazo maior, ela pode ser alcançada. Pense sempre na sua estratégia financeira, lembrando que você tem objetivos de curto, médio e longo prazo. Seu futuro agradece!
Lélio Braga Calhau é Promotor de Justiça de defesa do consumidor do Ministério Público de Minas Gerais. Graduado em Psicologia pela UNIVALE, é Mestre em Direito do Estado e Cidadania pela UFG-RJ e Coordenador do site e do Podcast “Educação Financeira para Todos”.