sábado, novembro 23, 2024
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Claudinei Quirino relembra salto alto e prata em Sidney

De volta ao Boteco, o ex-atleta Claudinei Quirino aborda, entre outros assuntos, a conquista da medalha de prata nas Olimpíadas de Sidney, em 2000, e conta como o salto alto quase prejudicou a equipe brasileira.

Boteco – Você tinha talento para outros esportes também? Já tinha jogado futebol, sonhava em ser um esportista?

Claudinei – Não, não sonhava, não. Eu sonhava em ser cantor. Sou rouco, mas eu não levava jeito.

Boteco – Cantor de samba, pagode?

Claudinei – Samba, pagode, sertanejo, gosto de tudo, mais sertanejo. Hoje eu falo para mim que é meio magia. Eu gostava muito de basquete, como gosto até hoje, mas outro tipo de esporte eu não levava jeito. Eu não falava: quando crescer, vou ser corredor. No orfanato onde eu morava, só tinha uma televisão no refeitório e eu nunca tinha conhecido nada de esporte, corrida. Só conhecia futebol, às vezes basquete ou vôlei, mas nada de praticar, e de repente, por vaidade, fui para um esporte que todo mundo falava: “você tem talento”. Aí teve um momento que eu comecei a acreditar. Aí comecei com 100 metros, salto em distância, terminei com 200, corri os 400, 4 x 4, 4 x 100. Fui campeão dos Regionais, brasileiro, sul-americano, ibero-americano, só de Pan-Americano tenho cinco medalhas.

Boteco – O recorde dos 200 tem uma história especial?

Claudinei – Fui correr na final do GP, em Munique, na Alemanha, em 1999. Cheguei na pista, estava todo mundo e o cara que nunca perdeu na vida, o Michael Johnson (norte-americano), corria parecendo um pato, com a bunda para trás. O Michael Johnson estava ali, olhei para ele. “Bom, para esse aqui eu já perdi”. Porque o currículo do Michael Johnson você não vê bronze, prata. Só vê ouro.

Boteco – Você já tinha enfrentado ele?

Claudinei – Já, várias vezes e não ganhei. Aí o Michael Johnson corria 200 e 400, só que nessa prova ele decidiu correr os 400. Aí eu corri os 200 e fui campeão. Se ele tivesse lá eu não teria sido campeão e quem sabe nem teria batido o recorde sul-americano, que pertencia ao Robson Caetano. Fui campeão em cima do Maurice Greene, um norte-americano campeão do mundo que corria e mostrava a língua.

Boteco – E nas Olimpíadas de Sidney, o que teve de marcante na conquista da medalha de prata no revezamento?

Claudinei – Nós chegamos lá em Sidney, a gente não era favorito a nada, só que a gente começou a correr e ver que tava subindo. Pra você ter uma ideia, no segundo tiro depois da qualificação, a gente viu nosso resultado, a gente estava brigando por primeiro, segundo, terceiro. Aí o que aconteceu? A molecada, a gente começou a ficar meio mala, com salto alto, então a gente entrou na semifinal como se já tivesse ganhado as Olimpíadas, aí quase não conseguimos ir para final. Depois o treinador nosso chamou no canto: “vocês estão fazendo o que aqui? Estão vindo aqui para isso e agora estão cheio de mala?”. Sobe na cabeça. Porque o sucesso do atletismo você não ganha pelo nome, se ganha é na corrida mesmo. Aí levamos o esporro, colocamos o pé no chão, quase perdemos a cabeça. No momento de sucesso, você acaba achando que é o cara, fica para trás. Aí conseguimos a medalha de prata.

Boteco – Acha que poderia até ter conquistado o ouro?

Claudinei – Não, a gente era bom no Brasil, Sul-Americano, mas o time americano era muito melhor que nós todos. A gente não ia ganhar deles, até pouco tempo atrás, nós descobrimos que um dos atletas deles correu com doping naquela prova. Mas a gente não ia desconfiar de nada.

Boteco – Valeu, Claudinei!

 

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